Opinião
- 12 de janeiro de 2011
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Reflexões sobre o verdadeiro evangelho
"Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal. Nasceram-lhe sete filhos e três filhas.Possuía sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas; era também mui numeroso o pessoal ao seu serviço, de maneira que este homem era o maior de todos os do Oriente". Jó 1.1-3
Há dois evangelhos populares que concorrem nas igrejas com o evangelho de Cristo: o evangelho da lei e o evangelho da prosperidade.
Paulo era um autêntico herdeiro da mensagem de Jesus e por isso combatia os dois veementemente. Combateu o primeiro especialmente na sua Carta aos Gálatas e na sua Carta aos Romanos, como Jesus o combateu especialmente diante dos fariseus. Combateu o segundo especialmente nas suas cartas aos coríntios, como Jesus o combateu quando desafiou os ricos e a classe sacerdotal. O combate era interno, isto é, dentro do povo de Deus, cada um citando as suas fontes bíblicas, o que faz o combate complicado. A solução também não era simples. Por isto temos as cartas densas que Paulo escreveu detalhadamente. Mas o resumo da solução, a alternativa que Paulo apresentou, pode ser dita em apenas quatro palavras: o evangelho da cruz. Para Paulo, anunciar Cristo significava a adoção do evangelho da cruz. Os outros evangelhos podem ser trabalhados a partir do Antigo Testamento. É fácil fazê-lo e é frequente. Os escritores do Novo Testamento, graças à liderança de Paulo que atribuia isto à revelação de Deus e à inspiração pelo Espírito Santo, entenderam que a leitura do Antigo Testamento que resulta ou no evangelho da lei ou no evangelho da prosperidade, era equivocada. Isto é essecialmente o assunto da Epístola aos Hebreus. Sua mensagem é que à luz de Cristo o evangelho da lei e o evangelho da prosperidade não são propriamente “cristãos” e por isso não podemos voltar para trás.
O Livro de Jó é talvez a maior correção ao evangelho da prosperidade no Antigo Testamento, pois no fim, os advogados deste evangelho, os “amigos” de Jó, são revelados como errados. O evangelho da prosperidade funciona assim: se você for íntegro na sua caminhada com Deus, prosperará. Terá a vitória. O inverso também é verdade: se não prosperar é porque há algum pecado ainda na sua vida. Deve ter deixado uma brecha para o diabo e está sofrendo as consequências. Este é exatamente o “conselho” dos amigos de Jó e eles estavam tragicamente errados.
Os primeiros versos do Livro de Jó preparam este cenário. Os múltiplos de 10 (7 filhos mais 3 filhas = 10; 7.000 ovelhas mais 3.000 camelos = 10.000; 500 pares de bois mais 200 jumentas = 1.000) no mundo antigo indicavam compleição e o superlativo no final apenas confirma este indício: “era o maior de todos os do Oriente”. E mais importante ainda, era homem “’íntegro e reto”. Logo será vitorioso?
Temos que admitir: todos nós (há realmente alguma exceção?) desejamos sucesso. Todos queremos ter vitória. Todos nós desejamos prosperar. O Livro de Jó redefine o conceito de bênção e prosperidade e esclarece qual é o árduo caminho para a “vitória”. Assim aponta na direção do evangelho de Cristo que é o evangelho da cruz. Neste ano queremos ouvir a voz de Deus a respeito disto para seremos verdadeiros discípulos de Cristo e não meramente versões “cristãs” do sucesso e do modelo que a nossa cultura consumista promove.
“Perguntou ainda o SENHOR a Satanás: Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal. Então, respondeu Satanás ao SENHOR: Porventura, Jó debalde teme a Deus? Acaso, não o cercaste com sebe, a ele, a sua casa e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se multiplicaram na terra. Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face”. Jó 1.8-11
A dificuldade maior de tratar tanto da teologia da prosperidade quanto da teologia da lei (que mencionamos na primeira devocional) é que ambas nasceram de Deus! E assim possuem certa razão. Digo “certa” porque uma das características da revelação de Deus nas Escrituras que praticamente todos os teólogos afirmam é a sua natureza progressiva. Ou seja, uma leitura até superficial da Bíblia ilustra que Deus raramente revela tudo duma só vez. Isto seria mecânico demais e dispensaria o bom relacionamento que Deus quer que desenvolvamos com ele. O princípio mais básico da revelação progressiva é que o Novo Testamento interpreta o Velho. Por exemplo, as “bênçãos” que Deus promete para o seu povo no Antigo Testamento para o cristão têm que ser entendidas à luz da cruz e por consequente à luz de passagens como Efésios 1.3-10 e Gálatas 3.28-29.
Na passagem acima, quando Satanás se apresenta diante de Deus, vemos a razão porque a prosperidade absoluta, mesmo oriunda de Deus, poderá não servir os propósitos de Deus e porque é necessário o empobrecimento e o sofrimento na vida dos fiéis: para demonstrar que os retos e íntegros temem a Deus pelo que Deus é e não pelo que têm recebido em abundância de Deus.
O outro lado da moeda, e lição igualmente importante, é que o empobrecimento e o sofrimento não constituem a vontade “perfeita” de Deus para as nossas vidas, e sim, a sua vontade “permissiva”. Deus deseja, sim, nos abençoar mas permite dificuldades para criar em nós caráter e amor genuínos e irrestritos, algo que dificilmente se cria na abundância.
Mas, não nos esqueçamos do alvo de bênção maior que Deus nos dá e que Paulo nos apresenta em Efésios 1.3-10.
Há dois evangelhos populares que concorrem nas igrejas com o evangelho de Cristo: o evangelho da lei e o evangelho da prosperidade.
Paulo era um autêntico herdeiro da mensagem de Jesus e por isso combatia os dois veementemente. Combateu o primeiro especialmente na sua Carta aos Gálatas e na sua Carta aos Romanos, como Jesus o combateu especialmente diante dos fariseus. Combateu o segundo especialmente nas suas cartas aos coríntios, como Jesus o combateu quando desafiou os ricos e a classe sacerdotal. O combate era interno, isto é, dentro do povo de Deus, cada um citando as suas fontes bíblicas, o que faz o combate complicado. A solução também não era simples. Por isto temos as cartas densas que Paulo escreveu detalhadamente. Mas o resumo da solução, a alternativa que Paulo apresentou, pode ser dita em apenas quatro palavras: o evangelho da cruz. Para Paulo, anunciar Cristo significava a adoção do evangelho da cruz. Os outros evangelhos podem ser trabalhados a partir do Antigo Testamento. É fácil fazê-lo e é frequente. Os escritores do Novo Testamento, graças à liderança de Paulo que atribuia isto à revelação de Deus e à inspiração pelo Espírito Santo, entenderam que a leitura do Antigo Testamento que resulta ou no evangelho da lei ou no evangelho da prosperidade, era equivocada. Isto é essecialmente o assunto da Epístola aos Hebreus. Sua mensagem é que à luz de Cristo o evangelho da lei e o evangelho da prosperidade não são propriamente “cristãos” e por isso não podemos voltar para trás.
O Livro de Jó é talvez a maior correção ao evangelho da prosperidade no Antigo Testamento, pois no fim, os advogados deste evangelho, os “amigos” de Jó, são revelados como errados. O evangelho da prosperidade funciona assim: se você for íntegro na sua caminhada com Deus, prosperará. Terá a vitória. O inverso também é verdade: se não prosperar é porque há algum pecado ainda na sua vida. Deve ter deixado uma brecha para o diabo e está sofrendo as consequências. Este é exatamente o “conselho” dos amigos de Jó e eles estavam tragicamente errados.
Os primeiros versos do Livro de Jó preparam este cenário. Os múltiplos de 10 (7 filhos mais 3 filhas = 10; 7.000 ovelhas mais 3.000 camelos = 10.000; 500 pares de bois mais 200 jumentas = 1.000) no mundo antigo indicavam compleição e o superlativo no final apenas confirma este indício: “era o maior de todos os do Oriente”. E mais importante ainda, era homem “’íntegro e reto”. Logo será vitorioso?
Temos que admitir: todos nós (há realmente alguma exceção?) desejamos sucesso. Todos queremos ter vitória. Todos nós desejamos prosperar. O Livro de Jó redefine o conceito de bênção e prosperidade e esclarece qual é o árduo caminho para a “vitória”. Assim aponta na direção do evangelho de Cristo que é o evangelho da cruz. Neste ano queremos ouvir a voz de Deus a respeito disto para seremos verdadeiros discípulos de Cristo e não meramente versões “cristãs” do sucesso e do modelo que a nossa cultura consumista promove.
“Perguntou ainda o SENHOR a Satanás: Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal. Então, respondeu Satanás ao SENHOR: Porventura, Jó debalde teme a Deus? Acaso, não o cercaste com sebe, a ele, a sua casa e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se multiplicaram na terra. Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face”. Jó 1.8-11
A dificuldade maior de tratar tanto da teologia da prosperidade quanto da teologia da lei (que mencionamos na primeira devocional) é que ambas nasceram de Deus! E assim possuem certa razão. Digo “certa” porque uma das características da revelação de Deus nas Escrituras que praticamente todos os teólogos afirmam é a sua natureza progressiva. Ou seja, uma leitura até superficial da Bíblia ilustra que Deus raramente revela tudo duma só vez. Isto seria mecânico demais e dispensaria o bom relacionamento que Deus quer que desenvolvamos com ele. O princípio mais básico da revelação progressiva é que o Novo Testamento interpreta o Velho. Por exemplo, as “bênçãos” que Deus promete para o seu povo no Antigo Testamento para o cristão têm que ser entendidas à luz da cruz e por consequente à luz de passagens como Efésios 1.3-10 e Gálatas 3.28-29.
Na passagem acima, quando Satanás se apresenta diante de Deus, vemos a razão porque a prosperidade absoluta, mesmo oriunda de Deus, poderá não servir os propósitos de Deus e porque é necessário o empobrecimento e o sofrimento na vida dos fiéis: para demonstrar que os retos e íntegros temem a Deus pelo que Deus é e não pelo que têm recebido em abundância de Deus.
O outro lado da moeda, e lição igualmente importante, é que o empobrecimento e o sofrimento não constituem a vontade “perfeita” de Deus para as nossas vidas, e sim, a sua vontade “permissiva”. Deus deseja, sim, nos abençoar mas permite dificuldades para criar em nós caráter e amor genuínos e irrestritos, algo que dificilmente se cria na abundância.
Mas, não nos esqueçamos do alvo de bênção maior que Deus nos dá e que Paulo nos apresenta em Efésios 1.3-10.
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