Opinião
- 12 de maio de 2009
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Quero ser criança sempre
Marcos Inhauser
Já tive a oportunidade de contar minhas peripécias com meus netos e como aprendi com a história o “real robot”. Mas, talvez, a parte mais significativa tenha sido uma não diretamente relacionada ao robô. Estávamos em Shanghai em um dia chuvoso e sem muita opção de passeio. Fomos a um shopping com muitos brinquedos para crianças, porém coisas eletrônicas, onde a participação é mínima: você passa a ser o objeto da ação e não senhor dela.
Minha filha viu um cartaz de um show de acrobatas chineses e nos perguntou se queríamos ver. Os netos perguntaram o que era isto e ela explicou. Eles se animaram. Ao me perguntar, devolvi a pergunta: vamos poder aplaudir com entusiasmo? Ela respondeu afirmativamente.
Lá fomos nós. Sentamos na quarta fila e meus netos, um de cada lado. Começado o espetáculo coloquei o menor no meu colo para que pudesse ver melhor (sentou um “cabeção” à sua frente) e comecei a comentar que era difícil fazer o que o acrobata estava fazendo, que por trás da exibição havia muitas horas de treino. Ao final daquela apresentação, aplauadimos com entusiasmo. Em seguida, o neto mais velho também pulou para o meu colo. Comecei a dizer "uau" e eles "awesome" a cada coisa mais atrevida ou difícil. A certa altura estávamos todos de tal forma envolvidos e participando do show, que gritávamos "unbelievable", "incredible" e os netos aplaudiam em pé. Era uma festa, como se estivéssemos no palco juntos, fazendo com eles as coisas.
Minha filha e minha esposa estavam desconfortáveis com nossa euforia. Olhando para trás, acho que foram dois shows: o dos acrobatas no palco e o nosso na plateia. Saímos em êxtase, como se tivéssemos visto o indizível. Meus netos chegaram ao hotel e contaram ao pai tudo o que haviam visto e não o deixaram dormir até bem tarde da noite, tentando reproduzir os saltos e contorcionismo que viram.
Voltando para casa, eles montaram um circo no porão e começaram a praticar saltos, a melhorar a performance. E eu com eles: incentivando e vivendo a criança com eles. No dia do aniversário da avó fizemos uma apresentação de acrobacia (se é que não ofendo os acrobatas chamando assim o que fizemos).
O reino de Deus é assim: ele nos entusiasma, nos convida a subir ao palco e brincar como crianças. Quando dele participamos, queremos contar aos outros a nossa delícia da experiência e evangelizamos pelo entusiasmo e pelo convite a ser crianças como nós. E sendo criança sempre, nos apropriamos da plenitude do reino.
• Marcos Inhauser é pastor, presidente da Igreja da Irmandade e colunista do jornal Correio Popular. www.inhauser.com.br / marcos@inhauser.com.br
Já tive a oportunidade de contar minhas peripécias com meus netos e como aprendi com a história o “real robot”. Mas, talvez, a parte mais significativa tenha sido uma não diretamente relacionada ao robô. Estávamos em Shanghai em um dia chuvoso e sem muita opção de passeio. Fomos a um shopping com muitos brinquedos para crianças, porém coisas eletrônicas, onde a participação é mínima: você passa a ser o objeto da ação e não senhor dela.
Minha filha viu um cartaz de um show de acrobatas chineses e nos perguntou se queríamos ver. Os netos perguntaram o que era isto e ela explicou. Eles se animaram. Ao me perguntar, devolvi a pergunta: vamos poder aplaudir com entusiasmo? Ela respondeu afirmativamente.
Lá fomos nós. Sentamos na quarta fila e meus netos, um de cada lado. Começado o espetáculo coloquei o menor no meu colo para que pudesse ver melhor (sentou um “cabeção” à sua frente) e comecei a comentar que era difícil fazer o que o acrobata estava fazendo, que por trás da exibição havia muitas horas de treino. Ao final daquela apresentação, aplauadimos com entusiasmo. Em seguida, o neto mais velho também pulou para o meu colo. Comecei a dizer "uau" e eles "awesome" a cada coisa mais atrevida ou difícil. A certa altura estávamos todos de tal forma envolvidos e participando do show, que gritávamos "unbelievable", "incredible" e os netos aplaudiam em pé. Era uma festa, como se estivéssemos no palco juntos, fazendo com eles as coisas.
Minha filha e minha esposa estavam desconfortáveis com nossa euforia. Olhando para trás, acho que foram dois shows: o dos acrobatas no palco e o nosso na plateia. Saímos em êxtase, como se tivéssemos visto o indizível. Meus netos chegaram ao hotel e contaram ao pai tudo o que haviam visto e não o deixaram dormir até bem tarde da noite, tentando reproduzir os saltos e contorcionismo que viram.
Voltando para casa, eles montaram um circo no porão e começaram a praticar saltos, a melhorar a performance. E eu com eles: incentivando e vivendo a criança com eles. No dia do aniversário da avó fizemos uma apresentação de acrobacia (se é que não ofendo os acrobatas chamando assim o que fizemos).
O reino de Deus é assim: ele nos entusiasma, nos convida a subir ao palco e brincar como crianças. Quando dele participamos, queremos contar aos outros a nossa delícia da experiência e evangelizamos pelo entusiasmo e pelo convite a ser crianças como nós. E sendo criança sempre, nos apropriamos da plenitude do reino.
• Marcos Inhauser é pastor, presidente da Igreja da Irmandade e colunista do jornal Correio Popular. www.inhauser.com.br / marcos@inhauser.com.br
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