Opinião
- 10 de fevereiro de 2017
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Querer sempre ter mais
Por Rute Heckert
"O que falta cega pro que já se tem"
Querer sempre mais – hábito entranhado no modo contemporâneo de viver no estilo "black friday". Autorizados pela cultura do consumismo e do individualismo a valorizar nosso querer, facilmente caímos na armadilha da insatisfação constante, restringindo nossos pensamentos a querer o que não temos. "O que falta cega pro que já se tem"*.
Querer ter mais se confunde com ser mais importante, e nos faz incapazes de identificar os motivos de sermos gratos. Imaginamos algo que não temos, ou não somos, como possibilidade futura, perdendo os pés do presente. Não aceitamos o presente tempo, não valorizamos o presente recebido. Amargor e rancor vão sendo semeados em nosso ser. Sermos gratos, porém, areja, ilumina, nos torna graciosos. É ter graça sem ser tolo ou ingênuo, mas sim dotado de sabedoria, dando foco e brilho ao que se vive e se recebe, acolhendo a graça com humildade, sem se dar mais importância do que ao outro. Gratidão anda de mãos dadas com a alegria; sem negar a falta ou a dificuldade, aceitar o que se tem faz a vida leve. Ser grato, contudo, não é estar cego, mas aprender a ver, isto é, a reconhecer o que há de valioso, os presentes presentes. É poder ver o céu espelhado no mar escuro quando este nos dá medo... coisa de quando a alma não é pequena...** O olho que vê poesia pode ver.
Olhar para a própria história e enxergar motivos de gratidão não é tarefa fácil - mágoas e feridas põem-se à frente. Impossível passar a borracha como numa "pseudoamnesia", porém podemos encontrar motivos pelos quais encontramos sentido no viver, o que nos fazem prosseguir. Do contrário, estagnamos. Com gratidão, cultivamos alegria, esperança, movimento... a vida tem graça.
Notas:
*da música “Seja Você”, de Herbert Vianna.
**do poema “Mar Português” de Fernando Pessoa.
• Rute Heckert Viriato é psicóloga e psicoterapeuta, com experiência na área de reabilitação para pessoas com deficiência. Estuda temas como: espiritualidade, luto e morte, dor, deficiências, envelhecimento, relacionamentos e escolha profissional. É editora do blog Contemplação do Ser.
Leia mais
O que te torna grato? [Gabriele Greggersen]
Quem é grato no sofrimento [Paulo Brito]
Teologia da gratidão: a gratidão cura e evita doenças [Elben César]
Para de Conjugar o Verbo Sofrer [Ariovaldo Ramos]
A Oração Nossa de Cada Dia [Carlos P. Queiroz]
Imagem: Stevepb/Pixabay.com.
"O que falta cega pro que já se tem"
Querer sempre mais – hábito entranhado no modo contemporâneo de viver no estilo "black friday". Autorizados pela cultura do consumismo e do individualismo a valorizar nosso querer, facilmente caímos na armadilha da insatisfação constante, restringindo nossos pensamentos a querer o que não temos. "O que falta cega pro que já se tem"*.
Querer ter mais se confunde com ser mais importante, e nos faz incapazes de identificar os motivos de sermos gratos. Imaginamos algo que não temos, ou não somos, como possibilidade futura, perdendo os pés do presente. Não aceitamos o presente tempo, não valorizamos o presente recebido. Amargor e rancor vão sendo semeados em nosso ser. Sermos gratos, porém, areja, ilumina, nos torna graciosos. É ter graça sem ser tolo ou ingênuo, mas sim dotado de sabedoria, dando foco e brilho ao que se vive e se recebe, acolhendo a graça com humildade, sem se dar mais importância do que ao outro. Gratidão anda de mãos dadas com a alegria; sem negar a falta ou a dificuldade, aceitar o que se tem faz a vida leve. Ser grato, contudo, não é estar cego, mas aprender a ver, isto é, a reconhecer o que há de valioso, os presentes presentes. É poder ver o céu espelhado no mar escuro quando este nos dá medo... coisa de quando a alma não é pequena...** O olho que vê poesia pode ver.
Olhar para a própria história e enxergar motivos de gratidão não é tarefa fácil - mágoas e feridas põem-se à frente. Impossível passar a borracha como numa "pseudoamnesia", porém podemos encontrar motivos pelos quais encontramos sentido no viver, o que nos fazem prosseguir. Do contrário, estagnamos. Com gratidão, cultivamos alegria, esperança, movimento... a vida tem graça.
Notas:
*da música “Seja Você”, de Herbert Vianna.
**do poema “Mar Português” de Fernando Pessoa.
• Rute Heckert Viriato é psicóloga e psicoterapeuta, com experiência na área de reabilitação para pessoas com deficiência. Estuda temas como: espiritualidade, luto e morte, dor, deficiências, envelhecimento, relacionamentos e escolha profissional. É editora do blog Contemplação do Ser.
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O que te torna grato? [Gabriele Greggersen]
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Teologia da gratidão: a gratidão cura e evita doenças [Elben César]
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A Oração Nossa de Cada Dia [Carlos P. Queiroz]
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