Opinião
- 13 de abril de 2018
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Que presente se dá para quem já tem tudo?
Por Marília de Camargo César
Que presente se dá para quem já tem tudo?
Pense num amigo muito rico. Ele o convida para um aniversário ou para seu casamento. O que levar? Ele tem de tudo!
A melhor resposta é: se você realmente deseja agradá-lo, dê-lhe algo que, para você, tenha um significado especial e que tenha exigido algum tipo de renúncia.
Conheço histórias de pessoas que quiseram dar um presente para Deus. Alguns ele recebeu. Outros, não.
São diversos os motivos que nos levam a querer oferecer algo a Deus. E parece que Ele leva muito em consideração essas razões na hora de aceitá-lo ou não.
Como um pai que conhece bem o coração de seus filhos, ele sabe quando a lembrança não passa de uma tentativa de manipulação; quando envolve uma chantagem emocional; uma barganha; quando se trata de uma bajulação descarada; de um ato de vaidade; ou de mera obrigação. Ele também distingue o que lhe é dado com amor desinteressado. Com pureza de intenções. Quando é dádiva que envolve sacrifício, confiança e entrega de alma. Deus é amor, mas não é bobo.
Histórias como a de Ana, mãe do profeta Samuel, de Caim, de uma viúva pobre que foi elogiada por Jesus e a de um pobre menino indiano ilustram tipos de entrega. As três primeiras narrativas estão na Bíblia. A quarta eu ouvi de um pregador, quando era bem jovem.
Caim, primogênito do primeiro casal, era agricultor e separou uma parte de sua colheita para ofertar a Deus. Mas as escrituras dizem, sem explicar a razão, que Deus não aceitou a oferenda.
Seu irmão Abel, por outro lado, também levou a Deus uma oferta, e esta Ele apreciou. O que havia de diferente nela?
O livro de Hebreus, no Novo Testamento, nos informa: pela fé, Abel apresentou a Deus um sacrifício superior ao de Caim. Com isso, mostrou que era um homem justo. Abel ofertou “as primícias”, ou seja, as primeiras crias de seu rebanho. É como se dissesse: “Eu te dou o melhor do meu rebanho, porque sei que Tu és Deus que merece o melhor e que nos oferece sempre o que tens de melhor.”
Lavando a alma
O maior desejo de Ana, mulher estéril, era ter um filho. Ela vai até o templo e “derrama seu coração diante de Deus”. Chora, lamenta, e decide fazer um voto.
– Senhor, se me deres um filho, eu o devolverei ao Ti. Quando for desmamado, eu o trarei para o templo e ele será teu sacerdote.
Ela promete entregar a Deus aquilo que traria significado a sua vida. Que faria dela uma mulher plena, num período da história em que ser estéril era ser uma pessoa sem nenhum valor. Deus vê no voto a fé e o sacrifício, aceita sua oferta, e a abençoa não somente um, mas com seis filhos! Ele recebe o presente e retribui generosamente.
Presentes que envolvem sacrifício e muita confiança parecem agradar muito a Deus. Não porque Ele precise deles. Mas porque se alegra em ver seus filhos amadurecerem e experimentarem os frutos da sua bondade e generosidade.
Mas note – são verdadeiras renúncias, feitas com fé, a coisas que para nós têm muito valor. Coisas ou pessoas que podem ser nossa razão de viver. Um filho, um trabalho, um amor. Aquilo que nos traz um sentimento de realização e que preenchem nossos vazios existenciais. Pode até ser uma droga, uma bebida, um trago. Que nos sacia, ao menos por um tempo.
Em um cenário no qual as pessoas levavam suas posses e se exibiam ao entregá-las publicamente, a viúva pobre entrega duas moedas. Duas moedas que representavam “todo o seu sustento”, a sua segurança material. É como se dissesse: entrego tudo que tenho, pois confio que de nada terei falta. Meu pai, que me ama e cuida de mim, é Iahweh, o dono de todas as coisas. Confiança.
O menino pobre da Índia ouve o missionário anunciar o amor de um Deus que entregou seu filho, seu maior tesouro. Ele evangeliza a aldeia e em seguida passa uma grande cesta, pedindo uma oferta aos ouvintes. Explica que as doações serão usadas para o trabalho que Deus quer fazer naquele lugar. A cesta vai passando e as pessoas vão jogando moedas. Angustiado por não ter nada para dar, o menino pula dentro da cesta. Ele mesmo é a oferta, a única dádiva que tem para oferecer. Oferta com significado. Deus olha para o garoto e abre um largo sorriso.
Nota: Texto publicado originalmente na página pessoal da autora no Facebook, sob o título “Provas de amor”.
Imagem ilustrativa: Designed by Freepik
Que presente se dá para quem já tem tudo?
Pense num amigo muito rico. Ele o convida para um aniversário ou para seu casamento. O que levar? Ele tem de tudo!
A melhor resposta é: se você realmente deseja agradá-lo, dê-lhe algo que, para você, tenha um significado especial e que tenha exigido algum tipo de renúncia.
Conheço histórias de pessoas que quiseram dar um presente para Deus. Alguns ele recebeu. Outros, não.
São diversos os motivos que nos levam a querer oferecer algo a Deus. E parece que Ele leva muito em consideração essas razões na hora de aceitá-lo ou não.
Como um pai que conhece bem o coração de seus filhos, ele sabe quando a lembrança não passa de uma tentativa de manipulação; quando envolve uma chantagem emocional; uma barganha; quando se trata de uma bajulação descarada; de um ato de vaidade; ou de mera obrigação. Ele também distingue o que lhe é dado com amor desinteressado. Com pureza de intenções. Quando é dádiva que envolve sacrifício, confiança e entrega de alma. Deus é amor, mas não é bobo.
Histórias como a de Ana, mãe do profeta Samuel, de Caim, de uma viúva pobre que foi elogiada por Jesus e a de um pobre menino indiano ilustram tipos de entrega. As três primeiras narrativas estão na Bíblia. A quarta eu ouvi de um pregador, quando era bem jovem.
Caim, primogênito do primeiro casal, era agricultor e separou uma parte de sua colheita para ofertar a Deus. Mas as escrituras dizem, sem explicar a razão, que Deus não aceitou a oferenda.
Seu irmão Abel, por outro lado, também levou a Deus uma oferta, e esta Ele apreciou. O que havia de diferente nela?
O livro de Hebreus, no Novo Testamento, nos informa: pela fé, Abel apresentou a Deus um sacrifício superior ao de Caim. Com isso, mostrou que era um homem justo. Abel ofertou “as primícias”, ou seja, as primeiras crias de seu rebanho. É como se dissesse: “Eu te dou o melhor do meu rebanho, porque sei que Tu és Deus que merece o melhor e que nos oferece sempre o que tens de melhor.”
Lavando a alma
O maior desejo de Ana, mulher estéril, era ter um filho. Ela vai até o templo e “derrama seu coração diante de Deus”. Chora, lamenta, e decide fazer um voto.
– Senhor, se me deres um filho, eu o devolverei ao Ti. Quando for desmamado, eu o trarei para o templo e ele será teu sacerdote.
Ela promete entregar a Deus aquilo que traria significado a sua vida. Que faria dela uma mulher plena, num período da história em que ser estéril era ser uma pessoa sem nenhum valor. Deus vê no voto a fé e o sacrifício, aceita sua oferta, e a abençoa não somente um, mas com seis filhos! Ele recebe o presente e retribui generosamente.
Presentes que envolvem sacrifício e muita confiança parecem agradar muito a Deus. Não porque Ele precise deles. Mas porque se alegra em ver seus filhos amadurecerem e experimentarem os frutos da sua bondade e generosidade.
Mas note – são verdadeiras renúncias, feitas com fé, a coisas que para nós têm muito valor. Coisas ou pessoas que podem ser nossa razão de viver. Um filho, um trabalho, um amor. Aquilo que nos traz um sentimento de realização e que preenchem nossos vazios existenciais. Pode até ser uma droga, uma bebida, um trago. Que nos sacia, ao menos por um tempo.
Em um cenário no qual as pessoas levavam suas posses e se exibiam ao entregá-las publicamente, a viúva pobre entrega duas moedas. Duas moedas que representavam “todo o seu sustento”, a sua segurança material. É como se dissesse: entrego tudo que tenho, pois confio que de nada terei falta. Meu pai, que me ama e cuida de mim, é Iahweh, o dono de todas as coisas. Confiança.
O menino pobre da Índia ouve o missionário anunciar o amor de um Deus que entregou seu filho, seu maior tesouro. Ele evangeliza a aldeia e em seguida passa uma grande cesta, pedindo uma oferta aos ouvintes. Explica que as doações serão usadas para o trabalho que Deus quer fazer naquele lugar. A cesta vai passando e as pessoas vão jogando moedas. Angustiado por não ter nada para dar, o menino pula dentro da cesta. Ele mesmo é a oferta, a única dádiva que tem para oferecer. Oferta com significado. Deus olha para o garoto e abre um largo sorriso.
Nota: Texto publicado originalmente na página pessoal da autora no Facebook, sob o título “Provas de amor”.
Imagem ilustrativa: Designed by Freepik
• Marilia de Camargo Cesar é jornalista e escritora. Trabalha no Valor Econômico como editora-assistente.
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