Opinião
- 20 de janeiro de 2009
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Que guerra é essa? Árabes contra judeus?
O que afirmamos nós, a maioria dos protestantes que não concorda com esse “cristianismo sionista”, que vai se tornando cada vez mais judaizante, chegando alguns a advogar que há hoje dois caminhos para a salvação: a Graça mediante a fé em Cristo para todo o mundo, e a Lei para os judeus? Para nós, que não aceitamos nem o gueto de Varsóvia, nem o gueto de Gaza?
Novo Povo de Deus
Deus -- na economia da salvação -- chamou Abraão, deu a seus descendentes um espaço geográfico, onde deveriam ser o povo da aliança: monoteísta, portador da Lei e dos estatutos, modelo de ética individual e social, com um sacerdócio estabelecido ao redor de um Templo, com uma revelação que também se fazia pelos profetas, e cujo objetivo último seria a chegada do Messias na plenitude dos tempos.
O povo de Israel teve sua trajetória marcada pela instabilidade e pela desobediência do bezerro de ouro e das murmurações no deserto, ao culto idolátrico, politeísta e imoral a deuses estrangeiros, com uma sucessão de maus dirigentes. Os profetas procuraram exortar, corrigir e advertir. Deus, como corretivo, permitiu Israel ser invadido por outros povos e sofrer dois exílios. Por dois séculos antes do Messias, houve silêncio na revelação. O reino do norte (Israel) já havia desaparecido, e o que restara do reino do sul (Judá), era uma província periférica e enfraquecida do Império Romano, dirigida, política e religiosamente, por usurpadores.
A Primeira Aliança chega ao fim com o nascimento, a obra e a ressurreição do (rejeitado) Messias, e quando o véu do templo se rasga. Com a destruição do Templo, no ano 70 A.D, cessam os sacrifícios, porque o Cordeiro já fora imolado; cessam os profetas. Uma obra estava acabada, a descendência de Abraão e Davi seria uma bênção para as nações na pessoa de Cristo. A partir daí fica apenas o Judaísmo, como uma religião monoteísta presa à narrativa do passado. Só há um caminho de salvação: Cristo, e os judeus, para serem salvos, deverão se enxertados na árvore da Nova Aliança.
Com o Pentecostes se inicia a nova e eterna aliança, o último e definitivo pacto: a Igreja, o novo e atual Israel, povo de Deus de todos os povos e para todos os povos. A nova aliança herda e completa a antiga. Escreve o apóstolo Pedro: “Mas vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz” (1 Pe 2:9). Essa tem sido -- por dois mil anos -- a visão dos pais apostólicos, dos pais da Igreja e dos reformadores.
Integramos o Antigo Testamento (mais o Novo Testamento) no Cânon das escrituras cristãs. A despeito de nos sentirmos afetivamente vinculados às terras dos episódios bíblicos e por onde o nosso Senhor andou, não podemos -- nem devemos -- identificar o atual Estado de Israel com o Israel antigo da Bíblia. O nosso compromisso no Oriente Médio -- e em todo o mundo -- é com nossos irmãos e irmãs da Igreja, e não com os judeus, os islâmicos, ou qualquer outro. Em respeito às Sagradas Escrituras e ao consenso dos fiéis de vinte séculos, não nos cabe elaborar teorias para apoiar agendas geopolíticas do presente.
A paz é fruto da justiça!
Pela paz em Jerusalém, e para todos os povos!
• Dom Robinson Cavalcanti é bispo anglicano da Diocese do Recife e autor de, entre outros, Cristianismo e Política -- teoria bíblica e prática histórica e A Igreja, o País e o Mundo -- desafios a uma fé engajada.
www.dar.org.br
Novo Povo de Deus
Deus -- na economia da salvação -- chamou Abraão, deu a seus descendentes um espaço geográfico, onde deveriam ser o povo da aliança: monoteísta, portador da Lei e dos estatutos, modelo de ética individual e social, com um sacerdócio estabelecido ao redor de um Templo, com uma revelação que também se fazia pelos profetas, e cujo objetivo último seria a chegada do Messias na plenitude dos tempos.
O povo de Israel teve sua trajetória marcada pela instabilidade e pela desobediência do bezerro de ouro e das murmurações no deserto, ao culto idolátrico, politeísta e imoral a deuses estrangeiros, com uma sucessão de maus dirigentes. Os profetas procuraram exortar, corrigir e advertir. Deus, como corretivo, permitiu Israel ser invadido por outros povos e sofrer dois exílios. Por dois séculos antes do Messias, houve silêncio na revelação. O reino do norte (Israel) já havia desaparecido, e o que restara do reino do sul (Judá), era uma província periférica e enfraquecida do Império Romano, dirigida, política e religiosamente, por usurpadores.
A Primeira Aliança chega ao fim com o nascimento, a obra e a ressurreição do (rejeitado) Messias, e quando o véu do templo se rasga. Com a destruição do Templo, no ano 70 A.D, cessam os sacrifícios, porque o Cordeiro já fora imolado; cessam os profetas. Uma obra estava acabada, a descendência de Abraão e Davi seria uma bênção para as nações na pessoa de Cristo. A partir daí fica apenas o Judaísmo, como uma religião monoteísta presa à narrativa do passado. Só há um caminho de salvação: Cristo, e os judeus, para serem salvos, deverão se enxertados na árvore da Nova Aliança.
Com o Pentecostes se inicia a nova e eterna aliança, o último e definitivo pacto: a Igreja, o novo e atual Israel, povo de Deus de todos os povos e para todos os povos. A nova aliança herda e completa a antiga. Escreve o apóstolo Pedro: “Mas vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz” (1 Pe 2:9). Essa tem sido -- por dois mil anos -- a visão dos pais apostólicos, dos pais da Igreja e dos reformadores.
Integramos o Antigo Testamento (mais o Novo Testamento) no Cânon das escrituras cristãs. A despeito de nos sentirmos afetivamente vinculados às terras dos episódios bíblicos e por onde o nosso Senhor andou, não podemos -- nem devemos -- identificar o atual Estado de Israel com o Israel antigo da Bíblia. O nosso compromisso no Oriente Médio -- e em todo o mundo -- é com nossos irmãos e irmãs da Igreja, e não com os judeus, os islâmicos, ou qualquer outro. Em respeito às Sagradas Escrituras e ao consenso dos fiéis de vinte séculos, não nos cabe elaborar teorias para apoiar agendas geopolíticas do presente.
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• Dom Robinson Cavalcanti é bispo anglicano da Diocese do Recife e autor de, entre outros, Cristianismo e Política -- teoria bíblica e prática histórica e A Igreja, o País e o Mundo -- desafios a uma fé engajada.
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