Opinião
- 20 de janeiro de 2009
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Que guerra é essa? Árabes contra judeus?
Atualidade
Em 1993 foi criada a Autoridade Nacional Palestina, com autonomia relativa sobre Gaza e a Cisjordânia (com capital provisória na cidade de Ramallah), mas não como um Estado independente, mantida sobre eles a soberania do Estado de Israel. Na verdade uma constelação de municípios descontínuos, com um Presidente, uma bandeira, um time de futebol, e um Parlamento com escassos poderes, sendo o partido secular Fatah (que antes cometera atos terroristas) a força política dominante. Em 2005, Israel se retirou de Gaza, fechando suas colônias. Colônias judaicas continuam a existir na zona rural da Cisjordânia, entre cidades palestinas muradas, cujas entradas e saídas são controladas pelo exército de Israel. Verdadeiros “condomínios fechados”, de fora para dentro... e involuntariamente. Chocante ironia, para mim, no ano passado, foi estar em Jericó com nova muralha... construída pelo Estado de Israel.
Enquanto isso, as guerras, e a falta de oportunidades, têm levado ao êxodo dos cristãos da Palestina e do Oriente Médio para o Ocidente, reduzindo drasticamente a sua presença na região de onde são originários, e onde mantiveram a sua fé por dois mil anos.
Se durante a “Guerra Fria” contra a União Soviética, os EUA e aliados armaram Sadam Hussein contra os aiatollahs do Irã, e os mujahedim (como a Al-Qaeda) contra o regime comunista do Afeganistão, grupos religiosos como o Hamas foram estimulados por Israel, visando enfraquecer as forças seculares então majoritárias.
Somando-se os habitantes de Gaza e da Cisjordânia com os cidadãos não-judeus do Estado de Israel, se está diante de uma bomba-relógio biológica. A imigração e a taxa de natalidade dos judeus em Israel vêm perdendo percentagem para as famílias mais numerosas dos cidadãos não-judeus, que poderá ultrapassá-los em poucas décadas.
A paz mundial depende de uma maioria de países caracterizados como Estados Democráticos de Direito, laicos e plurais, com direitos e deveres iguais para todos os cidadãos. Se hoje dois Estados um Judeu e um Palestino -- ambos independentes e com um tratado de paz -- é a solução mais desejável e menos mal, o grande erro da ocupação britânica e da ONU foi a partição e não a construção de um Estado Laico unificado.
Se os mais religiosos dentre os judeus -- os ortodoxos -- se mantém contrários à existência do Estado de Israel, e esse nasceu de um ideal secular, humanista e socialista, outra ironia é que foi entre setores do protestantismo norte-americano: dispensacionalistas, pré-milenistas e pré-tribulacionistas, que se foi construir uma teoria de legitimação para aquele Estado. Seria uma “vitória” dos derrotados no Concílio de Jerusalém (Atos 15)? Um retorno dos judaizantes em uma igreja fragmentada e em crise de autocompreensão e identidade, rompida com sua própria história?
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