Opinião
- 20 de janeiro de 2009
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Que guerra é essa? Árabes contra judeus?
História
Quando os romanos, sob o comando do general Tito, destruíram Jerusalém no ano 70, a maioria dos judeus partiram para o exterior (diáspora), onde já existiam muitas comunidades. Parte dos judeus permaneceu no seu lugar de origem, se convertendo ao cristianismo no primeiro e no segundo séculos e ao islamismo no sétimo século, com a ocupação árabe em 636 A.D. Assim, muitos dos árabes-cristãos e árabes-islâmicos de hoje, na verdade são descendentes de judeus convertidos. Por outro lado, ampla parcela dos judeus que retornaram da diáspora são descendentes de prosélitos ou de uniões mistas (germânica, eslava ou latina).
O Estado de Israel é resultado do Movimento Sionista (Sion = colina da antiga Jerusalém), idealizado por Thodor Herzl, que organizou o seu primeiro congresso em Basiléia, na Suíça, em 1897. Outro líder importante foi Chaim Waisseman. Diante do que aconteceu com a Inquisição e do persistente preconceito anti-semita, os sionistas defendiam a existência de um território judaico, que poderia ser na Argentina, na África ou na Palestina. Os idealizadores do Sionismo não eram judeus religiosos, e eram motivados por uma necessidade de sobrevivência, e não por argumentos religiosos, muito menos escatológicos. Em 1909, como bons socialistas, organizaram o primeiro kibutz (fazenda coletiva) em território palestino, com população então de ampla maioria árabe.
O território palestino esteve sob o domínio do Império Turco-Otomano de 1517 a 1917, quando foi ocupado pelos britânicos, cujo chanceler Arthur Balfour reconheceu a necessidade de estabelecimento de um “lar nacional” para os judeus na região, crescendo, lentamente, a imigração de judeus. O Sionismo ganha maior apoio -- a imigração aumenta -- com a repressão nazista, na segunda parte dos anos 1930 e primeira parte dos anos 1940. Na época cidades como Belém e Nazaré tinham cerca de 90% de suas populações formadas por cristãos nativos.
Durante a ocupação britânica (1920-1948) foi criada a organização para-militar judaica Haganá, cujo braço militar era o Irgun, que defendia a luta armada para expulsar os ingleses, realizando vários atos terroristas, sendo o mais conhecido a explosão do Hotel Rei Davi, em Jerusalém, matando 91 civis, a maioria cidadãos britânicos, mas também árabes e alguns judeus. O falecido ex-missionário batista (UESA/ABUB) no Brasil, Dionísio Pape, foi sargento-paraquedista durante seis meses na Palestina, escapou por pouco de uma bomba terrorista judaica, e presenciou um caminhão da sua unidade ir pelos ares cheio de soldados. Vários desses terroristas se tornaram importantes figuras do Estado de Israel, como o ex-primeiro ministro Menachen Begin.
O não cumprimento por parte dos britânicos de criar um grande Estado árabe nos territórios sob seu mandato, e o fluxo sionista gerou o início das tensões na região. Sem consulta aos árabes-palestinos, a ONU optou pela criação de dois Estados: Israel e Palestina. Os Estados árabes não concordaram, travaram uma guerra contra Israel e perderam (1948-1949). 700 mil palestinos fugiram para Gaza, para a Cisjordânia ou para outros países. Israel confiscou as propriedades dos que fugiram; muitas deles pertencentes às suas famílias por gerações, e as usou para promover o assentamento de novas levas de judeus que faziam a “aliá”: retorno. Gaza ficou incorporada pelo Egito e a Cisjordânia e Jerusalém Oriental pela Jordânia.
Durante toda a sua existência o Estado de Israel recebeu generosas doações da afluente comunidade judaica norte-americana, e foi um aliado automático dos EUA durante o período da “Guerra Fria”.
Com a “Guerra dos Seis Dias” (1967) Israel tomou o controle de Gaza e da Cisjordânia e incorporou Jerusalém Oriental. A população árabe, então, se tornou muito numerosa, somando-se os antigos cidadãos árabe-israelenses e as populações de Gaza e Cisjordânia, sem cidadania, movidas de ressentimento pelas propriedades perdidas, fortemente controladas por Israel, isoladas em uma série de enclaves, com um padrão de vida bem inferior. Daí em diante os surtos de violência são periódicos, com ações e reações, escalada mútua de radicalismo, e muitas mortes inocentes.
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