Opinião
- 30 de janeiro de 2023
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Quando um mendigo diz a outro mendigo onde encontrar comida
Por Jorge Cruz
Jesus ordenou aos Seus discípulos: “Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; ensinando-lhes a obedecer a todas as coisas que vos ordenei; e eu estou convosco todos os dias, até o final dos tempos” (Mt 28.19-20).
Este mandamento não é opcional. É um mandato para cada cristão, em todos os tempos e lugares. Uma das melhores ilustrações que ouvi até hoje acerca do que significa evangelizar é um mendigo a dizer a outro mendigo onde encontrar comida. Esta ilustração é interessante porque resume em poucas palavras alguns aspetos da nossa missão como cristãos.
Cada um de nós foi salvo pela graça de Deus e não pelos seus méritos ou qualidades pessoais, conforme o apóstolo Paulo sublinhou na sua carta aos Efésios: “Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se orgulhe” (Ef 2.8-9). Nesse sentido, podemos nos considerar mendigos, porque conhecemos as nossas limitações e sabemos que não podemos fazer grande coisa, com impacto para a eternidade, se estivermos separados da Videira que é Cristo (cf. Jo 15.5).
Por outro lado, se Cristo não for o Senhor e Mestre da nossa vida somos pobres, mas a pobreza de espírito é uma condição indispensável para a entrada no Reino de Deus (cf. Mt 5.3). Significa reconhecermos a nossa pobreza e fracasso espiritual perante os elevados padrões de conduta que um Deus santo e perfeito exige (cf. Lc 18.13). Jesus enviou uma advertência severa aos membros da igreja de Laodiceia, que não reconheceram a sua verdadeira condição espiritual: “Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu” (Ap 3.17).
A nossa missão consiste em apontarmos para o Senhor e Salvador Jesus Cristo, o caminho, a verdade e a vida, que nos dá acesso à vida eterna com Deus (Jo 14.6). Jesus é o pão da vida, que pode saciar a nossa fome espiritual e busca de propósito na vida (Jo 6.35). Tal como refere Josh McDowell no seu livro Mais que um carpinteiro, “o Cristianismo não é uma religião, nem um sistema ético, nem um fenômeno psicológico. É uma pessoa, Jesus Cristo, que se dedica a transformar vidas”.
Para podermos cumprir a missão da evangelização do mundo precisamos de ter um amor genuíno para com as outras pessoas, que não é algo inato, mas possível mediante a ação sobrenatural do Espírito Santo na nossa vida, que também nos capacita para realizarmos as obras que Jesus realizou (Jo 14.12). Sem esse amor e compaixão para com os perdidos, e sem a presença e o poder do Espírito Santo na nossa vida (At 1.8), não seremos muito eficazes nesta missão de irmos e fazermos discípulos de todas as nações.
Há muitos fatores que prejudicam este chamado. Falta de intimidade com Deus, pouca dedicação à oração, falta de tempo e disponibilidade são alguns dos mais comuns. Outros podem ser uma baixa autoestima ou considerarmo-nos de alguma forma inferiores à pessoa a quem tencionamos partilhar o evangelho (por ser de um estatuto social mais elevado, mais inteligente ou com mais capacidades do que nós em alguma área); sabermos que não somos perfeitos e acharmos que dessa forma seremos maus representantes da causa do evangelho; pensarmos que não temos conhecimentos bíblicos e teológicos suficientes para respondermos a perguntas que nos possam fazer; ou lidarmos mal com a indiferença, rejeição e até alguma hostilidade, relativamente comuns quando anunciamos a mensagem da salvação em Jesus.
A verdade é que não há nenhuma razão válida para não sermos mais ativos e diligentes no cumprimento desta missão, porque foi Deus quem tomou a decisão de entregar a seres humanos mortais e imperfeitos essa tarefa e não aos Seus anjos. Além disso, o Senhor Jesus promete acompanhar-nos nessa nobre missão, pois disse: “e eu estou convosco todos os dias, até o final dos tempos” (Mt 28.20).
- Jorge Cruz é médico especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular, doutor em Bioética, membro do Comitê de Países de Língua Portuguesa da International Christian Medical & Dental Association (ICMDA), membro honorário da Associação Cristã Evangélica de Profissionais de Saúde (ACEPS-Portugal), membro do Conselho Internacional da PRIME – Partnerships in International Medical Education. Mora em Porto, Portugal.
A BÍBLIA NÃO ERRA. OS LEITORES, NEM TANTO | REVISTA ULTIMATO
O Ano-Novo é sempre uma oportunidade de renovação de votos. E não há voto mais importante e definidor para 2023 do que o propósito de se expor regularmente à Palavra de Deus, por meio da leitura das Escrituras. A Bíblia deve ocupar lugar central em nossa vida e na vida da igreja.
A matéria de capa desta edição não só incentiva o leitor à leitura regular da Bíblia, mas também o encoraja a aceitar o desafio de olhar reverentemente para as Escrituras como “um diário de Deus”, a partir da “chave” do amor.
Saiba mais:
» O Caminho: meditações diárias, Stanley Jones
» A Missão Cristã no Mundo Moderno, John Stott
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