Opinião
- 27 de julho de 2007
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Quando Deus dá novo ânimo
Ronaldo Lidório
A vida humana é marcada pela inconstância do coração. Há dias em que somos tomados pela esperança e outros em que somos marcados pela melancolia. Há dias de encorajamento e dias de inquietante desmotivação. Há dias de paz e dias de angústia. Dias de alegria e dias de amargura. Dias bons e dias maus.
Diante dessa inconstância da vida, somos confrontados com um Deus estável, firme e inabalável. A Bíblia apresenta Deus como o sol do meio-dia, as grandes montanhas de Sião, o forte cedro do Líbano e as altas muralhas de Jerusalém. C.S. Lewis nos lembra que o Senhor não se abala, e esta é a base da certeza de que seremos salvos.
Davi é um exemplo de inconstância humana como talvez nenhum outro personagem bíblico. Por um lado, foi guerreiro implacável e na força de Deus derrotou o gigante filisteu. Por outro, adulterou com Bate-Seba e traiu Urias, um de seus leais soldados. Reconstruiu Jerusalém, que passou a ser chamada cidade de Davi; mas também magoou seus filhos e foi um desastre como pai. Era temente ao Senhor e foi chamado homem segundo o coração de Deus; entretanto, em sua família houve incesto, assassinato, mentiras e traição.
Talvez um dos momentos de maior melancolia e desespero na história de Davi tenha sido quando, voltando exausto de uma batalha, encontrou Ziclague, cidade onde morava, saqueada e destruída (as mulheres e crianças haviam sido levadas cativas). Amargurados, seus homens falaram em apedrejá-lo. Ali estava Davi, caído, sem consolo nem esperança. Mas algo inesperado aconteceu: “E Davi se reanimou no Senhor seu Deus” (1 Sm 30.6).
Esta frase arrebatadora revela-nos uma das mais poderosas obras de Deus na vida de seus filhos — levantar-nos quando tudo parece perdido. Ele abre o caminho quando não sabemos para onde ir. Faz romper o sol quando estamos presos na neblina da vida. Dá-nos perseverança quando nossa vontade é parar.
O mais intrigante é que este novo ânimo veio absolutamente do Senhor, pois não havia ali sinais de esperança. Ele caiu destruído, e levantou reanimado.
Tenho pensado e orado para que Deus nos reanime especialmente em três áreas: casamento, ministério e emoções.
Casamento. O hedonismo é talvez o maior elemento da nossa atualidade que contribui para a inconstância conjugal. Ele nos ensina que nascemos para nós mesmos, não para Deus, não para o outro, não para o cônjuge. Assim, quando me torno o centro inquestionável de minha relação com aquele que está ao meu lado, essa relação só durará enquanto eu estiver feliz e auto-realizado. Não durará muito nem suportará o dia mau.
Ministério. Diante das tribulações, angústias, questionamentos e críticas, o que nos alimenta em nosso ministério não é nossa capacidade humana nem o companheirismo daquele que está ao lado, mas Deus. A maior certeza que um ministro tem em seu ministério é que ele precisa desesperadamente de Deus. Se um dia esta certeza faltar ele perderá o rumo e o ânimo. Estará caído sem haver quem o levante. A auto-suficiência ministerial precede a queda.
Emoções. A ansiedade é um dos elementos mais corrosivos da alma. Há pessoas que, tomadas pela ansiedade crônica, pela insatisfação constante do coração, tornaram-se secas, perderam a brandura e não sorriem mais. Vivem sempre à espera de que amanhã seja melhor, que algo novo aconteça. A ansiedade crônica tem ceifado vidas, ministérios e a felicidade.
Naquele dia Davi estava acabado: sem família, sem cidade, sem liderança, sem a lealdade de seus amigos, sem futuro. Mas a reação dele indica uma atitude necessária a cada um de nós: obediência ao encorajamento de Deus. Ele se levantou!
Davi se reanimou em Deus. Levantou-se e, com alguns de seus homens, perseguiu os amalequitas. Tomou de volta as mulheres e crianças, e o despojo. Reconstruiu a cidade e habitou nela. Recuperou o respeito de seus homens com o brilho de quem um dia iria reinar sobre todo o Israel.
• Ronaldo Lidório é doutor em antropologia pela Royal London University e organizador de Indígenas do Brasil (Editora Ultimato). Atuou durante 9 anos no norte de Gana, na África, como plantador de igrejas, tradutor bíblico e coordenador de programas sociais nas áreas de saúde e educação.
A vida humana é marcada pela inconstância do coração. Há dias em que somos tomados pela esperança e outros em que somos marcados pela melancolia. Há dias de encorajamento e dias de inquietante desmotivação. Há dias de paz e dias de angústia. Dias de alegria e dias de amargura. Dias bons e dias maus.
Diante dessa inconstância da vida, somos confrontados com um Deus estável, firme e inabalável. A Bíblia apresenta Deus como o sol do meio-dia, as grandes montanhas de Sião, o forte cedro do Líbano e as altas muralhas de Jerusalém. C.S. Lewis nos lembra que o Senhor não se abala, e esta é a base da certeza de que seremos salvos.
Davi é um exemplo de inconstância humana como talvez nenhum outro personagem bíblico. Por um lado, foi guerreiro implacável e na força de Deus derrotou o gigante filisteu. Por outro, adulterou com Bate-Seba e traiu Urias, um de seus leais soldados. Reconstruiu Jerusalém, que passou a ser chamada cidade de Davi; mas também magoou seus filhos e foi um desastre como pai. Era temente ao Senhor e foi chamado homem segundo o coração de Deus; entretanto, em sua família houve incesto, assassinato, mentiras e traição.
Talvez um dos momentos de maior melancolia e desespero na história de Davi tenha sido quando, voltando exausto de uma batalha, encontrou Ziclague, cidade onde morava, saqueada e destruída (as mulheres e crianças haviam sido levadas cativas). Amargurados, seus homens falaram em apedrejá-lo. Ali estava Davi, caído, sem consolo nem esperança. Mas algo inesperado aconteceu: “E Davi se reanimou no Senhor seu Deus” (1 Sm 30.6).
Esta frase arrebatadora revela-nos uma das mais poderosas obras de Deus na vida de seus filhos — levantar-nos quando tudo parece perdido. Ele abre o caminho quando não sabemos para onde ir. Faz romper o sol quando estamos presos na neblina da vida. Dá-nos perseverança quando nossa vontade é parar.
O mais intrigante é que este novo ânimo veio absolutamente do Senhor, pois não havia ali sinais de esperança. Ele caiu destruído, e levantou reanimado.
Tenho pensado e orado para que Deus nos reanime especialmente em três áreas: casamento, ministério e emoções.
Casamento. O hedonismo é talvez o maior elemento da nossa atualidade que contribui para a inconstância conjugal. Ele nos ensina que nascemos para nós mesmos, não para Deus, não para o outro, não para o cônjuge. Assim, quando me torno o centro inquestionável de minha relação com aquele que está ao meu lado, essa relação só durará enquanto eu estiver feliz e auto-realizado. Não durará muito nem suportará o dia mau.
Ministério. Diante das tribulações, angústias, questionamentos e críticas, o que nos alimenta em nosso ministério não é nossa capacidade humana nem o companheirismo daquele que está ao lado, mas Deus. A maior certeza que um ministro tem em seu ministério é que ele precisa desesperadamente de Deus. Se um dia esta certeza faltar ele perderá o rumo e o ânimo. Estará caído sem haver quem o levante. A auto-suficiência ministerial precede a queda.
Emoções. A ansiedade é um dos elementos mais corrosivos da alma. Há pessoas que, tomadas pela ansiedade crônica, pela insatisfação constante do coração, tornaram-se secas, perderam a brandura e não sorriem mais. Vivem sempre à espera de que amanhã seja melhor, que algo novo aconteça. A ansiedade crônica tem ceifado vidas, ministérios e a felicidade.
Naquele dia Davi estava acabado: sem família, sem cidade, sem liderança, sem a lealdade de seus amigos, sem futuro. Mas a reação dele indica uma atitude necessária a cada um de nós: obediência ao encorajamento de Deus. Ele se levantou!
Davi se reanimou em Deus. Levantou-se e, com alguns de seus homens, perseguiu os amalequitas. Tomou de volta as mulheres e crianças, e o despojo. Reconstruiu a cidade e habitou nela. Recuperou o respeito de seus homens com o brilho de quem um dia iria reinar sobre todo o Israel.
• Ronaldo Lidório é doutor em antropologia pela Royal London University e organizador de Indígenas do Brasil (Editora Ultimato). Atuou durante 9 anos no norte de Gana, na África, como plantador de igrejas, tradutor bíblico e coordenador de programas sociais nas áreas de saúde e educação.
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