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Por Escrito

Qual metáfora melhor representa a igreja?

Por Oséas Heckert
 
Paulo identificou a igreja com um corpo (soma), um organismo com membros interdependentes, embora alguns a vejam como uma organização hierárquica representada por meio de um organograma. Pedro usou a imagem de pedras vivas que compõem uma casa, uma construção; talvez por isso alguns confundam o templo/edifício com a igreja. 
 
Por seu caráter de ensino (didaque), tem sido identificada como uma escola, o que vem a ser reforçado pelo layout de uma escola tradicional onde alunos ouvem o que um mestre fala. Alguns acreditam que a comunhão (koinonia) esvaziou-se, a igreja poderia ser comparada a um clube social, um ponto de encontro para pôr a conversa (ou fofoca) em dia...
 
A partir do movimento gospel, muitas igrejas têm assumido o modelo de “casa de espetáculos”, onde artistas se apresentam e uma plateia assiste. Especialmente nas megaigrejas, há forte investimento na ambientação (palco, equipamentos de som, iluminação, efeitos especiais).
 
Desde o século passado tem sido usada a expressão “comunidade terapêutica”, trazendo à mente a imagem de um hospital, ou mesmo um pronto-socorro, embora alguns exagerem ao vê-la como um manicômio. 
 
Em Cartas à Igreja (Editora Mundo Cristão), Francis Chan repercute uma imagem estarrecedora: um zoológico – animais, outrora selvagens, que foram “passivizados” e estão acostumados a receber comida pronta, de tal forma que não mais saberiam sobreviver na selva. Segundo essa metáfora, a religiosidade dos fiéis se resume a “ir à igreja” para se receber alimento, mas permanecem alienados em relação ao que acontece na “selva urbana”. O lema “entrar para adorar, sair para servir” teria sido invertido para “entrar para se servir, sair para reclamar”.
 
Em 1994, Chan começou se reunir com cerca de 30 pessoas em Simi Valley, California, EUA. Em 2010, quando a Cornerstone Church já havia se tornado uma megaigreja com 5 mil pessoas, Chan deixou o comando da igreja, entendendo que o modelo tinha se tornado muito orientado à “satisfação dos clientes” (ou seria, dos frequentadores), e teria perdido o foco na adoração a Deus e no serviço ao próximo.
 
Depois de um período sabático, quando conheceu de perto igrejas perseguidas na China e na Índia, Chan sentiu-se chamado a voltar para a California, e começar do zero uma igreja domiciliar, denominada “We Are Church”, ou seja, “Nós Somos Igreja”. Neste novo modelo, cada igreja deve manter o número ideal de 20 pessoas, para que haja comunhão e cada membro possa exercer seus dons, sob a liderança de 2 pastores leigos – um dos quais em treinamento (“on the job”), para iniciar uma próxima igreja.
 
Chan propõe um retorno à igreja primitiva conforme descrita em Atos dos Apóstolos. Mas “aí, a notícia carece de exatidão”, como no samba Notícia de Jornal, de Luís Reis e Haroldo Barbosa. Muitos equívocos têm surgido ao ler os livros de história na Bíblia, como Atos, assumindo a narrativa como “mandamento”. 
 
Seria a história da igreja em seus primórdios um “mandamento” para a igreja contemporânea?  Devemos tomar o relato de Atos como descritivo ou prescritivo? Nesse caso, qual seria exatamente o modelo para o crescimento sustentável? O evangelismo “de massa” (3 mil se converteram a partir da pregação de Pedro, em Atos 2), ou individual (p.ex., Filipe e o oficial etíope, em Atos 7)? A venda e doação integral dos bens para distribuição aos necessitados, ou a diaconia míope que só atendia os “domésticos da fé” (judeus, em detrimento de gentios, em Atos 6)? A adoração diária no templo, ou a koinonia nas casas (ambas descritas em Atos 2.46)? 
 
Independentemente destes pontos de atenção, o livro traz provocações muito pertinentes. Chan nos lembra que o apóstolo Paulo era, ao mesmo tempo, centrado em Deus e também sensível às pessoas. Em Gálatas 1, seu radicalismo pela pureza do evangelho poderia parecer “politicamente incorreto”. Entretanto, em 1 Coríntios 9, contextualiza seu comportamento – hábitos alimentares, linguagem, vestuário – “fazendo todo o possível para salvar alguns”. 
 
Ao estudarmos a história da Igreja, vemos situações de conflito e tentativas de conciliação, como em Atos 15, e nos capítulos não escritos (Atos 29 em diante). Qual seria a essência da “ecclesia reformata et semper reformanda est” – igreja reformada, sempre sendo reformada, pelo poder do Espírito?
 
Dois outros livros recém-lançados – A Descida da Pomba, de Charles Williams (Editora Mundo Cristão), e A Missão da Igreja Hoje, de Michael Goheen (Editora Ultimato) –, trazem visões complementares de como a Igreja tem superado suas crises internas e as tensões de cada geração.
 
Somos seguidores de líderes ou discípulos de Jesus? Líderes e liderados, todos fomos chamados e dotados (dons) para servir e, assim “equipados”, sermos sal e luz, 24 horas por dia, 7 dias por semana, manifestando o bom perfume de Cristo onde e como o Espírito de Deus nos conduzir, para que outros vejam nossas boas obras e glorifiquem a Deus. Que nosso indicador de crescimento seja este: “vejam como se parecem com Jesus”.

• Oseas Heckert é consultor de empresas e “aprendiz de poeta, ainda que tarde”. Escreve para www.antropogogia.net.
 

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