Opinião
- 31 de outubro de 2006
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Protestantismo em crise
Robinson Cavalcanti
Vivemos na atualidade - segundo os analistas - um "Choque de Civilizações". Estas, como conjunto de Culturas com uma base comum, em termos de Cosmovisão, incluem a escolaridade e a família, a mídia e as artes, mas o seu substrato principal é a Religião. Pode-se, assim, se falar em uma Civilização Islâmica, uma Civilização Bramânica ou uma Civilização Budista.
Todas vivenciando um período de fortalecimento e avanço, interno e externo. Em seu conjunto a Cristandade seria sinônimo de uma Civilização Cristã, com suas diversas vertentes: no Oriente, Bizantina, Pré-Calcedônia e Nestoriana; no Ocidente, Católico-Romana e Protestante (com suas subdivisões: Luterana, Anglicana, Reformada, Anabatista). A Cristandade Oriental foi debilitada por longos séculos de opressão sob outras Civilizações, ou sob Estados materialistas; a ristandade Ocidental foi debilitada pelo Secularismo, que atingiu mais fortemente o rotestantismo. A proposta de Constituição da União Européia excluiu qualquer referência à contribuição histórica e cultural do Cristianismo, a fé, desvalorizada ou enredada no misticismo, foi jogada para a irrelevância do "foro íntimo", e os símbolos cristãos começam a ser proibidos.
Enquanto a Igreja de Roma e as Igrejas Orientais conseguem ainda manter mais estável suas crenças e governo, o Protestantismo, fragmentado, foi atingido no coração pelo Iluminismo, pela Crítica Bíblica e pelo Liberalismo, quando a sua única autoridade eram as Sagradas Escrituras. A resposta emocional e subjetivista do Pentecostalismo e a resposta rígida e anti-intelectual do Fundamentalismo se evidenciaram como inadequadas. Sofregamente, vai-se vendo surgir e ir embora sucessivas "ondas" de novidades doutrinárias ou metodológicas. Se no Primeiro Mundo, protestantes se tornam ortodoxos orientais ou católicos romanos por serem, em suas regiões, os únicos espaços ortodoxos, malgrado seus dogmas não-bíblicos, pesquisas na América Central dão conta do aumento progressivo do número de netos e bisnetos de protestantes que estão regressando para a Igreja Romana, cansados de moralismo e de legalismo, famintos por História e Estética. Esse quadro pode se alastrar, em um futuro não muito distante, por toda a América Latina.
As massas do Ocidente vivem um quadro esquizofrênico entre a privatização da religião e a adoção, de fato, para tudo o mais, de uma Cosmovisão Secularista, individualista, consumista.
O óbvio nem sempre é aceito: as Escrituras, a Graça e a Fé. A necessidade de uma integridade, pela adoção mental de uma só Cosmovisão, não é compreendida. O estilo "despojado", "informal" de religiosidade, que despreza a contemplação, a solenidade e a arte sacra, se torna em um aliado do Secularismo, por fazer desaparecer a visibilidade dos símbolos da nossa Civilização Cristã.
No meio dessa Crise da Civilização Ocidental, e, particularmente, do Protestantismo, é que o Anglicanismo, como ramo histórico, católico e reformado, teria um papel aglutinador e revitalizador. Mas o mesmo sofre, igualmente, como as demais denominações, da influência do Secularismo, do Liberalismo, do Fundamentalismo, do "Despojamento Iconoclasta". Sofre, igualmente, de uma crise de Identidade, com dúvidas e rejeições ao seu legado, suas características e seus princípios.
Há uma unanimidade entre os analistas ao apontarem para a principal fragilidade do Protestantismo que foi sua Eclesiologia, pouco trabalhada e fragmentada. As eclesiologias congregacionalista e presbiterial foram filhas do pensamento democrático burguês moderno, e já demonstraram a sua fragilidade diante da Pós-Modernidade, muito mais do que o Episcopado monárquico romano e ortodoxo oriental. O Anglicanismo, com seu Episcopado e uma vez histórico e participativo seria a melhor resposta, se fosse crido, vivido e ensinado por seus membros, para a vivência interna e como colaboração externa para fazer frente à Crise da Cristandade.
Sem nenhuma dúvida esse é um dos piores momentos na história do Protestantismo. Batalhas espirituais, prosperidade, ´pulinhos, gritos histéricos, mantras superficiais, ativismo, tribalismo, culto à personalidade, estrelismo, showcultos e outras "terapias alternativas" não nos levarão muito longe, e o futuro não se afigura dos mais animadores.
A busca das fontes da Primeira Reforma, a embasar, motivar, animar e construir a atualidade é - estou convencido - o que ainda nos resta. A História deve ser aprendida, a mente iluminada, discernida, e a coragem de ser e resistir construída.
Um abençoado Dia da Reforma para todos!
Para saber mais acesse e leia: especial sobre a Reforma
Vivemos na atualidade - segundo os analistas - um "Choque de Civilizações". Estas, como conjunto de Culturas com uma base comum, em termos de Cosmovisão, incluem a escolaridade e a família, a mídia e as artes, mas o seu substrato principal é a Religião. Pode-se, assim, se falar em uma Civilização Islâmica, uma Civilização Bramânica ou uma Civilização Budista.
Todas vivenciando um período de fortalecimento e avanço, interno e externo. Em seu conjunto a Cristandade seria sinônimo de uma Civilização Cristã, com suas diversas vertentes: no Oriente, Bizantina, Pré-Calcedônia e Nestoriana; no Ocidente, Católico-Romana e Protestante (com suas subdivisões: Luterana, Anglicana, Reformada, Anabatista). A Cristandade Oriental foi debilitada por longos séculos de opressão sob outras Civilizações, ou sob Estados materialistas; a ristandade Ocidental foi debilitada pelo Secularismo, que atingiu mais fortemente o rotestantismo. A proposta de Constituição da União Européia excluiu qualquer referência à contribuição histórica e cultural do Cristianismo, a fé, desvalorizada ou enredada no misticismo, foi jogada para a irrelevância do "foro íntimo", e os símbolos cristãos começam a ser proibidos.
Enquanto a Igreja de Roma e as Igrejas Orientais conseguem ainda manter mais estável suas crenças e governo, o Protestantismo, fragmentado, foi atingido no coração pelo Iluminismo, pela Crítica Bíblica e pelo Liberalismo, quando a sua única autoridade eram as Sagradas Escrituras. A resposta emocional e subjetivista do Pentecostalismo e a resposta rígida e anti-intelectual do Fundamentalismo se evidenciaram como inadequadas. Sofregamente, vai-se vendo surgir e ir embora sucessivas "ondas" de novidades doutrinárias ou metodológicas. Se no Primeiro Mundo, protestantes se tornam ortodoxos orientais ou católicos romanos por serem, em suas regiões, os únicos espaços ortodoxos, malgrado seus dogmas não-bíblicos, pesquisas na América Central dão conta do aumento progressivo do número de netos e bisnetos de protestantes que estão regressando para a Igreja Romana, cansados de moralismo e de legalismo, famintos por História e Estética. Esse quadro pode se alastrar, em um futuro não muito distante, por toda a América Latina.
As massas do Ocidente vivem um quadro esquizofrênico entre a privatização da religião e a adoção, de fato, para tudo o mais, de uma Cosmovisão Secularista, individualista, consumista.
O óbvio nem sempre é aceito: as Escrituras, a Graça e a Fé. A necessidade de uma integridade, pela adoção mental de uma só Cosmovisão, não é compreendida. O estilo "despojado", "informal" de religiosidade, que despreza a contemplação, a solenidade e a arte sacra, se torna em um aliado do Secularismo, por fazer desaparecer a visibilidade dos símbolos da nossa Civilização Cristã.
No meio dessa Crise da Civilização Ocidental, e, particularmente, do Protestantismo, é que o Anglicanismo, como ramo histórico, católico e reformado, teria um papel aglutinador e revitalizador. Mas o mesmo sofre, igualmente, como as demais denominações, da influência do Secularismo, do Liberalismo, do Fundamentalismo, do "Despojamento Iconoclasta". Sofre, igualmente, de uma crise de Identidade, com dúvidas e rejeições ao seu legado, suas características e seus princípios.
Há uma unanimidade entre os analistas ao apontarem para a principal fragilidade do Protestantismo que foi sua Eclesiologia, pouco trabalhada e fragmentada. As eclesiologias congregacionalista e presbiterial foram filhas do pensamento democrático burguês moderno, e já demonstraram a sua fragilidade diante da Pós-Modernidade, muito mais do que o Episcopado monárquico romano e ortodoxo oriental. O Anglicanismo, com seu Episcopado e uma vez histórico e participativo seria a melhor resposta, se fosse crido, vivido e ensinado por seus membros, para a vivência interna e como colaboração externa para fazer frente à Crise da Cristandade.
Sem nenhuma dúvida esse é um dos piores momentos na história do Protestantismo. Batalhas espirituais, prosperidade, ´pulinhos, gritos histéricos, mantras superficiais, ativismo, tribalismo, culto à personalidade, estrelismo, showcultos e outras "terapias alternativas" não nos levarão muito longe, e o futuro não se afigura dos mais animadores.
A busca das fontes da Primeira Reforma, a embasar, motivar, animar e construir a atualidade é - estou convencido - o que ainda nos resta. A História deve ser aprendida, a mente iluminada, discernida, e a coragem de ser e resistir construída.
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