Opinião
- 08 de março de 2019
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Primeiros passos para uma igreja garantir um ambiente acolhedor e seguro para todos
Por Elsie Cunha Gilbert e Alexandre Gonçalves
É imperativo para toda igreja evangélica responder esta pergunta com urgência, cautela e sabedoria. É também obrigação ética e civil que toda instituição exija de seus líderes e membros comportamento respeitoso da dignidade sexual de cada um. Assédio sexual, em todas as suas manifestações, é crime. Ignorar o problema não exime uma instituição da responsabilidade sobre as práticas presentes em seus bastidores.
Aqui estão alguns passos iniciais para pastores e líderes. A jornada da prevenção é longa, mas é também o melhor caminho.
1. Encarar o problema. Violência sexual em todas as suas dimensões está presente entre nós. Os dados e a nossa experiência ministerial não nos permitem continuar presos à ilusão de que este é um problema lá de fora.
2. Levar a sério as queixas de mulheres envolvidas em relacionamentos conflituosos no espaço intra-familiar. Esta tarefa é difícil e precisa ser realizada por pessoas qualificadas e bem equipadas para tal.
3. Combater do púlpito a crença de que o homem é superior à mulher e que tem privilégios sobre ela, crença tão presente em nossa cultura, dentro e fora da igreja. Masculinidade e feminilidade são temas importantes e muito polêmicos. Não vamos concordar sempre e em tudo. Mas devem ser tratados sempre muita sensibilidade para que não venham a servir de apoio às tendências violentas presentes na nossa cultura.
4. Dar mais valor à ovelha ferida do que à imagem pública da instituição. As tentativas de silenciar a mulher, ou constrangê-la a manter o assunto entre portas fechadas encoraja o agressor sexual que busca espaços seguros para si mesmo! A opção de manter sigilo ou buscar a exposição de um agressor deve partir da mulher e não de líderes que desejam proteger a imagem da igreja. Neste sentido, a imagem pública da igreja precisa ser resguardada a partir da prática da prevenção – um esforço constante de se estabelecer boas práticas que resguardam as pessoas mais vulneráveis no seio da igreja. Em todas as gerações desde a igreja primitiva, é necessário descobrir os desequilíbrios nas relações e trabalhar para saná-los. Só assim é possível para um rebanho imitar os princípios de amor ao próximo do Bom Pastor.
5. Buscar, em situações de violência, informar ou dialogar com as autoridades competentes. Tentar disciplinar o agressor pelo “lado de dentro” protegendo-o da lei gera consequências sérias como temos visto nos escândalos que têm causado tanta dor à Igreja Católica.
6. Escrever, de forma coletiva, uma carta de intenções ou uma política de proteção que oriente com clareza o comportamento esperado dos membros e da equipe pastoral em relação à manutenção das normas de respeito à dignidade sexual de todos, incluindo com especial atenção a proteção das crianças e adolescentes.
7. Caminhar com uma mulher, vítima de violência, de forma a restabelecer seus vínculos de confiança e amizade. Isto significa PARAR terminantemente de buscar as razões na sua conduta que a levaram àquela situação. Isto nada mais é do que fazê-la vítima do nosso próprio julgamento.
Recursos disponíveis para este fim:
Livro: Até Quando, publicado pela Editora Ultimato, este livro aborda a violência contra a mulher do ponto de vista pastoral. É um excelente recurso para pastores que desejam compreensão sobre o tema.
Cartilha: Superando a Violência Familiar contra a Mulher, produzida pela Diaconia, organização social cristã com sede em Recife. Trata-se de um roteiro de oficinas para igrejas criado pela equipe técnica do PAADI, Programa de Apoio à Ação Diaconal como o objetivo de sensibilizar homens e mulheres comprometidos com suas comunidades locais e com os desafios da realidade onde vivem. A cartilha foi publicada em 2008 e está disponível na internet aqui.
Programa Igreja Segura: recentemente criado pela Visão Mundial, este programa se propõe a fortalecer o papel das igrejas e organizações de fé para a proteção das crianças e adolescentes, especialmente focado na prevenção das violências. O programa prevê uma capacitação que orienta as igrejas. O objetivo é sensibilizar e capacitar a comunidade de fé a pensar em uma política de proteção que fomente medidas de prevenção e proteção como práticas institucionais diárias. Entre em contato com vmb_atendimento@wvi.org para obter mais informações.
Claves Brasil: Há um grupo de pessoas muito bem preparadas para dar capacitações para igrejas no tocante à prevenção e proteção contra a violência sexual de crianças e adolescentes. Para estabelecer contato com este grupo você pode acessar o site www.clavesbrasil.org; enviar um e-mail para contato@clavesbrasil.org, ou acessar a página do Claves Brasil no Facebook.
Consultores dispostos a ajudar com o assunto do assédio sexual entre adultos na igreja: escreva para a Rede Mãos Dadas no e-mail: cartas@maosdadas.org e receba uma pequena lista de contatos.
• Elsie Cunha Gilbert é missionária, jornalista por formação e coordenadora da Rede Mãos Dadas.
• Alexandre Gonçalves é pastor da Igreja da Irmandade, formado em Ciência Religiosas pela PUC Campinas, mestrando em Divinity com ênfase em Estudos da Paz pelo Bethany Theological Seminary, Estados Unidos e capacitador do CLAVES Brasil.
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