Opinião
- 18 de dezembro de 2019
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Presépio ou papai-noel? Por que e como celebrar o Natal
Por Quézia Alcântara
No início do mês de dezembro, encontrei uma colega de serviço deprimida porque é órfã de pai e mãe, não tem irmãos, e sofre com intensidade na época de Natal. Vários colegas tentaram animá-la com palavras de consolo, entre eles, uma se destacou porque igualmente é órfã e contou que passa a noite de 24 para 25 de dezembro chorando abraçada ao seu animal de estimação. Porém decidiu que este ano iria se juntar aos amigos que sempre a convidam para a ceia e fazer “uma farra boa” regada a muita cerveja.
Bebida, comida farta, troca de presentes tem sido a forma como nossa sociedade comemora essa data. Para muitos, Natal é sinônimo de confraternização – com a família, vizinhos e colegas de trabalho. Alguns se dedicam a fazer uma decoração especial, montando árvore natalina e guirlanda repletas de enfeites, pisca-piscas e o boneco do Papai Noel, que muitos elegem como o dono da festa.
Falando nisso, me reporto novamente ao meu local de trabalho, onde este ano os gestores promoveram um concurso da mais bonita decoração de Natal. Na campanha eleitoral, visitando os setores participantes, elegi o único que tinha um presépio entre seus diversos enfeites. E declarei meu voto por esse motivo.
Sim, porque o presépio é um memorial do nascimento de Cristo, a razão principal das comemorações do dia 25 de dezembro. No entanto, temos deslocado o significado desta data para uma celebração em família ou amigos.
Por isso, precisamos ressignificar o Natal em nossas vidas, casas, trabalhos. Enfim, em toda a sociedade, mesmo a brasileira que se nomeia cristã. Esta foi minha resposta para a colega com depressão: enquanto esta data for expressão somente de festas em família ou amigos, haverá tristeza, haverá choro por perdas, ocorrerão contendas, como as famosas “lavações de roupa suja” quando os parentes se reúnem e as rixas afloram.
Desde que o homem passou a ser o centro do universo e Deus foi colocado de lado, a fé no Eterno foi tida como obsoleta ou como prática contrária à ciência e ao desenvolvimento tecnológico, sendo por isso desconsiderada, ignorada e abandonada.
Desde quando o Humanismo se tornou a filosofia a reger nosso pensamento e cultura, o Cristo que nasceu numa estrebaria em Belém da Judeia, em Israel, foi substituído pelas festas onde o homem e a exaltação ao ego passaram a ser requisito para a felicidade.
As festas de Natal retratam isso: agitação, correria, luzes, sons, comilança, bebedeira, vaidades e um vazio na alma. Mesmo para os que se dedicam a “fazer o Natal” de crianças pobres, idosos em asilos ou moradores de rua, programação louvável e necessária. O apóstolo Paulo nos alerta quanto a isso em 1 Coríntios 13.3: “ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres, se não tiver amor, isso de nada me adiantará”.
Ainda que eu tenha uma grande família que se reúne no dia de Natal e cumpra todos os rituais com uma ceia completa, troca de presentes, brincadeiras de amigo-secreto, se não tiver amor, o Amor em sua plenitude – Cristo Senhor e Rei –, minha celebração será efêmera como as luzes que duram apenas um mês nos pinheiros ou nas ruas da cidade.
E mais: ainda que eu esteja festejando o advento de Cristo numa igreja, participando da mais bela cantata, do mais primoroso teatro, de uma simples encenação, um coral de hinos sacros, e “ainda que fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine” (1Co 13.1), ou seja, estarei apenas fazendo barulho, uma onda sonora que logo se esvai.
Somente após ressignificarmos essa data em seu real sentido – Cristo em nós, que nos fez nascer de novo e nos tornou nova criatura – é que viveremos o verdadeiro Natal, “porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu. O governo está sobre seus ombros e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.6).
• Quézia Alcantara é jornalista, mestre em Comunicação, Cultura e Cidadania pela UFG. Membro da Primeira Igreja Batista em Goiânia.
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