Opinião
- 15 de maio de 2009
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Por que os heróis sempre fracassam?
Elienai Cabral Júnior
A Bíblia não é boa em contar histórias de heróis. Deus é um péssimo contador de histórias de heróis. Prefiro os mitos gregos. Hércules é muito melhor que Sansão. As histórias de heróis da Bíblia são ruins porque todos os seus heróis fracassam. São ruins e libertadoras de nossa humanidade.
O número 1, Adão, fracassou. Terminou expulso do lugar mais lindo em que alguém já viveu (Gn 3.23). Moisés, o libertador, fracassou. Conduziu uma nação inteira para um lugar em que ele mesmo não pôde viver (Dt 34.4). Davi, o garoto frágil e plebeu que fez tombar o gigante, quando nobre poderoso tombou diante de uma mulher indefesa (2 Sm 11). Elias, o profeta que fez descer fogo do céu também fracassou. Não esperou um dia depois do fogo para fugir deprimido em busca do suicídio (1 Rs 19). Maria, a virgem corajosa que deu à luz o Filho de Deus, comportou-se como uma mãe manipuladora tentando ensinar Jesus a ser o Cristo: “Que temos nós em comum, mulher? A minha hora ainda não chegou” (Jo 2.4) -- replicou Jesus. Pedro, o intrépido decepador de orelhas, fraquejou diante da serva da casa de Caifás, traiu aquele a quem mais amou em toda a sua vida (Jo 18.15-18).
Jesus Cristo, de longe foi o Messias esperado pelo povo. O quadro depressivo que o acometeu no Getsêmani, sua prisão, os julgamentos, a “via crucis”, sua inércia na cruz, seu desamparo por Deus seguido da morte, em nada lembra uma boa história de herói. Quando ressuscita, aparece a poucos. O mundo não viu o Cristo ressurreto, só pôde ver o Filho de Deus morto na cruz.
A história de Sansão no intenso e desajeitado livro dos Juízes (13-16) é marcada por fatos que o tornam um infeliz privilegiado. Sansão foi um milagre desde o nascimento. Sua mãe era estéril até ele ser concebido, sob a promessa de Deus de que seria o libertador de Israel. Tudo isso alardeado por nada mais, nada menos que o Anjo do Senhor, a grande manifestação divina do Antigo Testamento. Tornou-se nazireu por reivindicação divina. Recebeu um dom que todo ‘macho’ um dia já sonhou ter: uma força extraordinária, que o tornava imbatível para os demais.
Então vêm as aventuras de Sansão. Matou um leão apenas com as mãos. Arrancou as portas de uma cidade. Matou mil homens com a queixada tirada da carcaça de um jumento. Capturou trezentas raposas, amarrou-as aos pares pelo rabo, prendeu uma tocha incendiária em cada par de raposas e as soltou pela plantação dos filisteus, devastando tudo o que fora cultivado pelos seus detratores. Tudo isso com ar de sarcasmo. Brigou como quem se divertia. Tem-se a impressão de que distribuía bordoadas às gargalhadas.
Porém a história de Sansão também é marcada pela decadência. O capítulo final é funesto, sombrio e deprimente. Sansão foi derrotado pela fantasia de indestrutibilidade. Dalila insistiu e arrancou-lhe o segredo para tanta força. Traído e preso, teve os olhos perfurados. Foi humilhado e serviu de diversão para os inimigos. Por um lapso vexatório de tempo, tornou os deuses falsos mais verdadeiros que o Deus bíblico.
A Bíblia não é boa em contar histórias de heróis. Deus é um péssimo contador de histórias de heróis. Prefiro os mitos gregos. Hércules é muito melhor que Sansão. As histórias de heróis da Bíblia são ruins porque todos os seus heróis fracassam. São ruins e libertadoras de nossa humanidade.
O número 1, Adão, fracassou. Terminou expulso do lugar mais lindo em que alguém já viveu (Gn 3.23). Moisés, o libertador, fracassou. Conduziu uma nação inteira para um lugar em que ele mesmo não pôde viver (Dt 34.4). Davi, o garoto frágil e plebeu que fez tombar o gigante, quando nobre poderoso tombou diante de uma mulher indefesa (2 Sm 11). Elias, o profeta que fez descer fogo do céu também fracassou. Não esperou um dia depois do fogo para fugir deprimido em busca do suicídio (1 Rs 19). Maria, a virgem corajosa que deu à luz o Filho de Deus, comportou-se como uma mãe manipuladora tentando ensinar Jesus a ser o Cristo: “Que temos nós em comum, mulher? A minha hora ainda não chegou” (Jo 2.4) -- replicou Jesus. Pedro, o intrépido decepador de orelhas, fraquejou diante da serva da casa de Caifás, traiu aquele a quem mais amou em toda a sua vida (Jo 18.15-18).
Jesus Cristo, de longe foi o Messias esperado pelo povo. O quadro depressivo que o acometeu no Getsêmani, sua prisão, os julgamentos, a “via crucis”, sua inércia na cruz, seu desamparo por Deus seguido da morte, em nada lembra uma boa história de herói. Quando ressuscita, aparece a poucos. O mundo não viu o Cristo ressurreto, só pôde ver o Filho de Deus morto na cruz.
A história de Sansão no intenso e desajeitado livro dos Juízes (13-16) é marcada por fatos que o tornam um infeliz privilegiado. Sansão foi um milagre desde o nascimento. Sua mãe era estéril até ele ser concebido, sob a promessa de Deus de que seria o libertador de Israel. Tudo isso alardeado por nada mais, nada menos que o Anjo do Senhor, a grande manifestação divina do Antigo Testamento. Tornou-se nazireu por reivindicação divina. Recebeu um dom que todo ‘macho’ um dia já sonhou ter: uma força extraordinária, que o tornava imbatível para os demais.
Então vêm as aventuras de Sansão. Matou um leão apenas com as mãos. Arrancou as portas de uma cidade. Matou mil homens com a queixada tirada da carcaça de um jumento. Capturou trezentas raposas, amarrou-as aos pares pelo rabo, prendeu uma tocha incendiária em cada par de raposas e as soltou pela plantação dos filisteus, devastando tudo o que fora cultivado pelos seus detratores. Tudo isso com ar de sarcasmo. Brigou como quem se divertia. Tem-se a impressão de que distribuía bordoadas às gargalhadas.
Porém a história de Sansão também é marcada pela decadência. O capítulo final é funesto, sombrio e deprimente. Sansão foi derrotado pela fantasia de indestrutibilidade. Dalila insistiu e arrancou-lhe o segredo para tanta força. Traído e preso, teve os olhos perfurados. Foi humilhado e serviu de diversão para os inimigos. Por um lapso vexatório de tempo, tornou os deuses falsos mais verdadeiros que o Deus bíblico.
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