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Opinião

Por que conversar sobre meio ambiente e desafios ambientais com os jovens cristãos?

Conversar sobre a criação é um convite a uma vida mais plena e consciente, alinhada com os valores do reino de Deus

Por Carlos Henrique


Talvez a melhor pergunta fosse: "Por que não conversar sobre meio ambiente e desafios ambientais para jovens cristãos?". Estamos vivendo o que a ciência chama de decênio decisivo, ou seja, os 10 anos decisivos para o futuro do planeta no que tange às questões climáticas. Nossa realidade é marcada por grandes desafios ambientais como a mudança climática, a destruição de ecossistemas e a perda de biodiversidade. 2024 foi o ano mais quente registrado no mundo, vimos e sofremos com as chuvas no Rio Grande do Sul, durante vários dias a fumaça originada pelas queimadas e desmatamento das nossas florestas cobriram Rio Branco, AC, e diversas outras cidades do Brasil.

A crise climática já condena uma geração inteira a nascer e viver sob condições climáticas sem precedentes. Diante desse cenário climático, as novas gerações têm sofrido com um sentimento coletivo gerado pela sensação de impotência diante do futuro do planeta. Esse fenômeno recebeu até um nome específico: ecoansiedade.

Diante de tudo isso, é urgente conversar com as novas gerações sobre a importância do cuidado com a criação porque eles já estão conversando sobre isso! É preciso resgatar a esperança em Cristo e demonstrar que a igreja não é antagônica à ciência. Precisamos lembrá-los que, no Éden, não apenas nossa relação com Deus, com o próximo e conosco mesmos foi quebrada, mas também a nossa relação com a Criação. O pecado não atingiu apenas a humanidade e suas relações, mas também nossa relação com o meio ambiente. Precisamos lembrá-los que cuidar da criação não se trata de uma questão isolada proposta por uma agenda ambiental oposta ao cristianismo, ao contrário, está completamente alinhada com nossa prática de fé.

O cuidado com a criação é uma preocupação que atravessa toda a Bíblia. Desde o início de Gênesis, Deus nos revela a sua intenção de criar um mundo bom, onde as criaturas vivessem em harmonia umas com as outras e com o Criador. Ele designou ao ser humano a responsabilidade de cuidar (desenvolver) e guardar (proteger) a Terra (Gn 2.15). Os dois (cuidar e guardar) deviam e devem acontecer ao mesmo tempo, e o contrário disso era, e é, pecar contra o Deus criador – que, aliás, é Aquele que no dia do juízo final destruirá os que destroem a Terra (Ap 11.18).

Ao ensinar sobre cuidados com a criação, resgatamos a relação quebrada. Não se trata apenas de uma questão ética ou ecológica, mas da vocação cristã para restaurar o que foi quebrado. O ensino sobre a criação deve ser entendido dentro da cosmovisão cristã, que a reconhece como boa e que, ao cuidar dela, estamos cumprindo um dos propósitos divinos para a humanidade. Ensinar nossos jovens sobre isso é despertar neles um senso de responsabilidade diante de Deus. A Bíblia nos ensina que, como seres criados à imagem e semelhança de Deus, temos a responsabilidade de administrar e cuidar da Terra. Isso implica em cuidar dos recursos naturais, respeitar os ecossistemas e adotar práticas que minimizem os impactos ambientais negativos. Esse compromisso não é apenas uma questão de ética ambiental, mas de obediência a Deus, que nos chamou para ser seus mordomos na Terra.

Quando conversamos sobre cuidar da criação, estamos também falando sobre a dignidade do ser humano, sobre a justiça e a solidariedade. Ao cuidarmos da criação estamos falando de práticas que evitam que pessoas morram em desastres naturais, que asseguram o acesso a água potável e alimentação a todos. Estamos falando sobre ser pró-vida. Ensinar aos jovens que a criação é um dom de Deus e que devemos tratá-la com respeito e cuidado é, na verdade, um convite a uma vida mais plena e consciente, alinhada com os valores de seu reino.

Além disso, todos que atuam em ministérios com a juventude conhecem o seu poder quando ela se engaja com causas sociais e ambientais. Esses jovens se mostram dispostos a mudarem as realidades que se envolvem. A Igreja, portanto, tem uma grande oportunidade de não apenas educar os jovens sobre o que Deus pensa acerca da criação, mas também de envolvê-los em ações concretas de cuidado ambiental. A juventude pode e deve ser vista como agente de mudança, que traz energia, inovação e compromisso em favor da criação.

A juventude evangélica busca uma visão de mundo que seja mais integradora, que resgate o equilíbrio entre o ser humano e a natureza, em consonância com o ensino bíblico de que Deus criou todas as coisas e as chamou de boas. Ensinar-lhes sobre a criação é uma forma de ajudá-los a alinhar-se com a missão de Deus no mundo, onde o ser humano, como mordomo da criação, é chamado a cultivar e guardar, desenvolver e preservar, o que Deus confiou a ele.

A juventude atual está mais consciente do estado do planeta. Pesquisas e diversos teólogos concluem que a maneira como a igreja aborda questões ambientais pode impactar diretamente a permanência dos jovens na fé, bem como seu senso de pertencimento à comunidade local. O aumento das discussões sobre mudanças climáticas, degradação ambiental, a poluição e a escassez de recursos, têm atraído a atenção dos jovens, que, em sua maioria, se preocupam profundamente com o futuro do meio ambiente. Essa geração está ávida por respostas e por soluções que possam fazer a diferença. Cuidado com a criação não é um assunto distante ou secundário para a juventude. Quem irá dar as respostas bíblicas sobre esse assunto a eles?

Enfim, falar sobre cuidados com a Criação é ensinar sobre a integridade do evangelho. É ensinar a juventude a se conectar com Deus, com os outros e com o planeta de uma forma que reflete o caráter de um Deus que ama e cuida de toda a sua Criação. Ao promover esse diálogo, estamos dando aos jovens as ferramentas necessárias para viver em harmonia com o mundo e para se tornarem agentes de transformação na sociedade, até que Ele venha! Ensinar sobre o cuidado com a Criação é, portanto, mais do que um simples dever ambiental; é um chamado para restaurar a nossa relação com Deus e com o mundo.

  • Carlos Henrique é engenheiro florestal, especialista em educação e gestão ambiental e mestrando em conservação e desenvolvimento sustentável. Congrega na Igreja Presbiteriana e atua como coordenador de mobilização na Iniciativa Inter-Religiosa pelas Florestas Tropicais no Brasil (IRI Brasil). @carloshenrique.ss.
Imagem: Pixabay.


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» Jesus e a Terra – A ética ambiental nos evangelhos, James Jones
» Assim na Terra como no Céu – Experiências socioambientais na igreja local, Gínia César Bontempo (org.)
» Meio ambiente e esperança: vivendo a fé cristã em meio à crise climática, por Carlos Henrique

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