Opinião
- 08 de maio de 2024
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Por que a igreja deve se preparar para responder a desastres?
Se ocorrer um desastre em sua cidade pessoas que você nunca conheceu virão até você e sua igreja em busca de ajuda, pelo simples fato de que desastres fazem surgir muitas perguntas importantes
Por Phelipe Reis
A ação da igreja e de organizações cristãs em situação de desastres é essencial. A igreja local pode responder de forma mais imediata, pois já está presente quando um desastre ocorre ou consegue chegar mais rápido, antes mesmo de agentes de organizações humanitárias ou governamentais. A igreja local dispõe de bens e recursos – os seus edifícios, o seu recinto e os recursos dos seus membros – que pode dispor para socorrer as pessoas, como o próprio recurso humano, que é fundamental e pode ser mobilizado, motivado por amor e compaixão.
Um dos pontos mais fortes da igreja é a importância que dá às relações humanas, o que a torna muito competente para oferecer apoio relacional. A igreja reconhece as dores e os sofrimentos íntimos das pessoas e responde com hospitalidade e cuidados pastorais. Reconhece que as pessoas têm carências espirituais e emocionais e devem ser tratadas com dignidade; infelizmente, as organizações de ajuda humanitária nem sempre fazem isto.
O pastor Victor Cruz, da Redeemer Church na Cidade do México, comentando o assunto, diz que nossa identidade como filhos de Deus é demonstrada por um forte compromisso de servir aqueles que sofrem (Mt 25.44-46). Cruz escreve: “A igreja deve ser generosa o tempo todo, procurando oportunidades para ajudar os outros e usar seus recursos para suprir o que é necessário. Quando uma igreja mobiliza seu povo e seus recursos regularmente em favor dos necessitados, ela estará mais bem preparada para responder quando ocorrer um desastre natural".
Em artigo no The Gospel Coalition, Dave Phillips argumenta que as igrejas locais não são apenas as mais fortemente motivadas a agir, mas também podem responder a necessidades que nenhuma outra organização pode atender. Ele afirma: “A igreja local pode responder à necessidade espiritual e eterna de sua comunidade. A igreja cheia do Espírito pode conduzir as pessoas afetadas num desastre para Jesus. Que os desastres naturais lembrem cada um de nós da graça de nosso Salvador, mobilizem a igreja para servir sacrificialmente e apontem o olhar de muitos para Cristo".
Bons exemplos na história
Desastres deixam um rastro de morte, sofrimento e destruição, mas há também histórias incríveis de igrejas que usaram a oportunidade para demonstrar o amor de Cristo de formas muito práticas.
Após o furacão Katrina, em 2005, igrejas e templos em toda a Louisiana forneceram abrigo por meses, ofereceram serviços técnicos complicados, como tratamentos de diálise, e mobilizaram trabalhadores humanitários – mais de quinhentos mil voluntários de organizações religiosas apareceram de todos os Estados Unidos para reconstruir ou reparar casas destruídas.
Durante o furacão Mitch, em 1998, vastas áreas de diversos países da América Central sofreram danos graves e perda de vidas. Em Honduras, uma pequena comunidade junto ao rio Choluteca ficou isolada pelas águas das cheias durante quase duas semanas. A igreja local decidiu alimentar e tratar de toda a comunidade, mobilizando um grupo de mulheres para preparar e cozinhar os alimentos e motivando os jovens da igreja para os levarem às pessoas idosas e àqueles que não podiam sair de casa. O líder da igreja organizou grupos de homens para reparar as casas e recolher lenha e comida. Após 14 dias, chegou a equipa de uma ONG, de barco, com mantimentos: ficaram espantados ao ver como a comunidade e a igreja se tinham organizado tão bem. Quando a equipe se encontrou com o pastor, ele disse-lhes: “Estávamos aqui antes do desastre, estivemos aqui durante o desastre e estaremos aqui depois. As agências como a vocês vêm e vão, mas a igreja estará sempre aqui.”
Após o maremoto de 2011 no Japão, a costa de Tohoku ficou muito destruída e se inundou de voluntários locais e de outros países. No entanto, alguns meses depois — quando os centros de evacuação começaram a fechar, a distribuição de água e alimentos se tornou desnecessária e a tarefa de remoção de lama das habitações praticamente terminou — a maioria dos voluntários e organizações de ajuda foi embora. Mas os voluntários cristãos não. Eles trabalharam através das igrejas locais e continuaram prestando apoio às pessoas afetadas pela tragédia, mesmo depois que estas saíram dos abrigos para um alojamento temporário. Os cristãos estavam cientes de que as pessoas que estavam sofrendo tinham de lidar com necessidades não somente físicas, como roupa, comida e habitação, mas também espirituais, à medida que processavam a perda de entes queridos e de tudo o que haviam possuído.
A resposta da igreja em situações de desastres
Nos Estados Unidos, o Wheaton College criou o Instituto Humanitário de Desastres (HDI), o primeiro centro acadêmico de pesquisa de desastres baseado na fé, cuja missão é ajudar a igreja a se preparar e equipar líderes para ajudar populações vulneráveis afetadas por desastres e crises humanitárias. O instituto realiza conferências, workshops e treinamentos, com participação de especialistas, para capacitar as igrejas propondo melhores práticas, estabelecendo colaboração para inovação e parcerias. E se igrejas ou organizações evangélicas no Brasil tivessem uma iniciativa semelhante?
Jamie D. Aten é psicólogo de desastres e fundador e diretor executivo do Instituto Humanitário de Desastres (HDI). Em artigo no Christianity Today, ele diz que muitos líderes assimilaram algumas ideias equivocadas sobre a ocorrência de desastres e isso acaba colocando pessoas em perigo, compromete nosso testemunho cristão e ameaça nossa capacidade de agir como mãos e pés de Cristo. Aten comenta que uma ideia equivocada muito recorrente é que as pessoas imaginam que não há chance, ou são muito pequenas as possibilidades, de um evento catastrófico afetar sua igreja ou comunidade. Mas a verdade é que esses fenômenos estão cada vez mais frequentes, como já citamos na introdução deste artigo.
Diante de tudo isso, a primeira postura que a igreja deve assumir é que, independente de acreditarmos ou não no que dizem os especialistas, catástrofes serão cada vez mais frequentes, inclusive no Brasil. Em segundo lugar, as igrejas e organizações cristãs precisam avaliar, aprimorar e ampliar suas ações de socorro emergencial, para otimizar recursos, tempo e mão de obra. Em terceiro lugar, é primordial pensar em medidas preventivas e efetivação de políticas públicas, para fortalecer e preparar comunidades que estão em áreas de risco, ameaçadas pelo desmatamento, queimadas, enchentes, seca, desmoronamentos, garimpo ilegal, barragens, etc. E, claro, as ações de longo prazo são fundamentais para ajudar as pessoas no processo de reconstrução.
Para finalizar nossa reflexão, voltamos às palavras do psicólogo Jamie D. Aten, fundador do HDI. Ele afirma que se ocorrer um desastre em sua cidade, bairro ou comunidade, pessoas que você nunca conheceu virão até você e sua igreja em busca de ajuda, pelo simples fato de que os desastres fazem com que as pessoas façam muitas perguntas importantes sobre Deus e a igreja é o lugar onde os sobreviventes podem encontrar a verdadeira esperança, significado e cuidado espiritual de longo prazo. Aten conclui:
“O ministério de desastres revela o amor, a misericórdia e a graça de Deus. Deus chamou seu povo para cuidar dos necessitados, e onde há desastres, há uma necessidade imediata e urgente. Seu mandamento de trazer boas novas e cura aos que sofrem é claro. Como cristãos, fomos criados à imagem de um Deus amoroso, misericordioso e gracioso, cujo Filho nos ensinou a abrir nossos corações e usar nossos talentos a serviço do reino. Se começarmos a pensar sobre desastres de forma diferente, isso pode ajudar você e sua igreja a reduzir de forma mais eficaz os danos durante um desastre, salvar vidas e estender seu ministério àqueles que mais precisam de ajuda.”
Recursos
» Cursos on-line: Os desastres e a igreja local
» Como as crenças impactam nossa resposta aos desastres
» Igrejas unidas contra os desastres locais
» Avaliações de necessidades em situações de emergência
Artigo publicado originalmente no site do movimento Renovar Nosso Mundo. Leia na íntegra aqui.
REVISTA ULTIMATO | OS DESAFIOS ÉTICOS DAS NOVAS TECNOLOGIAS
O avanço da tecnologia nas últimas décadas é maior do que em qualquer outra época da história. Tal aumento se dá em muitas frentes e, mais significativo, confere um caráter tecnológico à vida contemporânea.
Quais são os desafios trazidos por esse avanço? A ética cristã é suficiente para responder aos aspectos relacionados às novas tecnologias? Como a igreja pode atuar nesse cenário tão desafiador?
É disso que trata a matéria de capa da edição 407 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais
» Live “Mudanças climáticas e as tragédias: qual o papel da igreja?”, de Diálogos de Esperança
» Desastres naturais: como a igreja pode se preparar?, por Vanessa Oliveira
» A resposta da igreja frente aos refugiados climáticos, por Erick Perez e Karen Pereira
» A Igreja – Uma missão a ser cumprida, John Stott e Tim Chester
» Jesus e a Terra – A ética ambiental nos evangelhos, James Jones
Por Phelipe Reis
A ação da igreja e de organizações cristãs em situação de desastres é essencial. A igreja local pode responder de forma mais imediata, pois já está presente quando um desastre ocorre ou consegue chegar mais rápido, antes mesmo de agentes de organizações humanitárias ou governamentais. A igreja local dispõe de bens e recursos – os seus edifícios, o seu recinto e os recursos dos seus membros – que pode dispor para socorrer as pessoas, como o próprio recurso humano, que é fundamental e pode ser mobilizado, motivado por amor e compaixão.
Um dos pontos mais fortes da igreja é a importância que dá às relações humanas, o que a torna muito competente para oferecer apoio relacional. A igreja reconhece as dores e os sofrimentos íntimos das pessoas e responde com hospitalidade e cuidados pastorais. Reconhece que as pessoas têm carências espirituais e emocionais e devem ser tratadas com dignidade; infelizmente, as organizações de ajuda humanitária nem sempre fazem isto.
O pastor Victor Cruz, da Redeemer Church na Cidade do México, comentando o assunto, diz que nossa identidade como filhos de Deus é demonstrada por um forte compromisso de servir aqueles que sofrem (Mt 25.44-46). Cruz escreve: “A igreja deve ser generosa o tempo todo, procurando oportunidades para ajudar os outros e usar seus recursos para suprir o que é necessário. Quando uma igreja mobiliza seu povo e seus recursos regularmente em favor dos necessitados, ela estará mais bem preparada para responder quando ocorrer um desastre natural".
Em artigo no The Gospel Coalition, Dave Phillips argumenta que as igrejas locais não são apenas as mais fortemente motivadas a agir, mas também podem responder a necessidades que nenhuma outra organização pode atender. Ele afirma: “A igreja local pode responder à necessidade espiritual e eterna de sua comunidade. A igreja cheia do Espírito pode conduzir as pessoas afetadas num desastre para Jesus. Que os desastres naturais lembrem cada um de nós da graça de nosso Salvador, mobilizem a igreja para servir sacrificialmente e apontem o olhar de muitos para Cristo".
Bons exemplos na história
Desastres deixam um rastro de morte, sofrimento e destruição, mas há também histórias incríveis de igrejas que usaram a oportunidade para demonstrar o amor de Cristo de formas muito práticas.
Após o furacão Katrina, em 2005, igrejas e templos em toda a Louisiana forneceram abrigo por meses, ofereceram serviços técnicos complicados, como tratamentos de diálise, e mobilizaram trabalhadores humanitários – mais de quinhentos mil voluntários de organizações religiosas apareceram de todos os Estados Unidos para reconstruir ou reparar casas destruídas.
Durante o furacão Mitch, em 1998, vastas áreas de diversos países da América Central sofreram danos graves e perda de vidas. Em Honduras, uma pequena comunidade junto ao rio Choluteca ficou isolada pelas águas das cheias durante quase duas semanas. A igreja local decidiu alimentar e tratar de toda a comunidade, mobilizando um grupo de mulheres para preparar e cozinhar os alimentos e motivando os jovens da igreja para os levarem às pessoas idosas e àqueles que não podiam sair de casa. O líder da igreja organizou grupos de homens para reparar as casas e recolher lenha e comida. Após 14 dias, chegou a equipa de uma ONG, de barco, com mantimentos: ficaram espantados ao ver como a comunidade e a igreja se tinham organizado tão bem. Quando a equipe se encontrou com o pastor, ele disse-lhes: “Estávamos aqui antes do desastre, estivemos aqui durante o desastre e estaremos aqui depois. As agências como a vocês vêm e vão, mas a igreja estará sempre aqui.”
Após o maremoto de 2011 no Japão, a costa de Tohoku ficou muito destruída e se inundou de voluntários locais e de outros países. No entanto, alguns meses depois — quando os centros de evacuação começaram a fechar, a distribuição de água e alimentos se tornou desnecessária e a tarefa de remoção de lama das habitações praticamente terminou — a maioria dos voluntários e organizações de ajuda foi embora. Mas os voluntários cristãos não. Eles trabalharam através das igrejas locais e continuaram prestando apoio às pessoas afetadas pela tragédia, mesmo depois que estas saíram dos abrigos para um alojamento temporário. Os cristãos estavam cientes de que as pessoas que estavam sofrendo tinham de lidar com necessidades não somente físicas, como roupa, comida e habitação, mas também espirituais, à medida que processavam a perda de entes queridos e de tudo o que haviam possuído.
A resposta da igreja em situações de desastres
Nos Estados Unidos, o Wheaton College criou o Instituto Humanitário de Desastres (HDI), o primeiro centro acadêmico de pesquisa de desastres baseado na fé, cuja missão é ajudar a igreja a se preparar e equipar líderes para ajudar populações vulneráveis afetadas por desastres e crises humanitárias. O instituto realiza conferências, workshops e treinamentos, com participação de especialistas, para capacitar as igrejas propondo melhores práticas, estabelecendo colaboração para inovação e parcerias. E se igrejas ou organizações evangélicas no Brasil tivessem uma iniciativa semelhante?
Jamie D. Aten é psicólogo de desastres e fundador e diretor executivo do Instituto Humanitário de Desastres (HDI). Em artigo no Christianity Today, ele diz que muitos líderes assimilaram algumas ideias equivocadas sobre a ocorrência de desastres e isso acaba colocando pessoas em perigo, compromete nosso testemunho cristão e ameaça nossa capacidade de agir como mãos e pés de Cristo. Aten comenta que uma ideia equivocada muito recorrente é que as pessoas imaginam que não há chance, ou são muito pequenas as possibilidades, de um evento catastrófico afetar sua igreja ou comunidade. Mas a verdade é que esses fenômenos estão cada vez mais frequentes, como já citamos na introdução deste artigo.
Diante de tudo isso, a primeira postura que a igreja deve assumir é que, independente de acreditarmos ou não no que dizem os especialistas, catástrofes serão cada vez mais frequentes, inclusive no Brasil. Em segundo lugar, as igrejas e organizações cristãs precisam avaliar, aprimorar e ampliar suas ações de socorro emergencial, para otimizar recursos, tempo e mão de obra. Em terceiro lugar, é primordial pensar em medidas preventivas e efetivação de políticas públicas, para fortalecer e preparar comunidades que estão em áreas de risco, ameaçadas pelo desmatamento, queimadas, enchentes, seca, desmoronamentos, garimpo ilegal, barragens, etc. E, claro, as ações de longo prazo são fundamentais para ajudar as pessoas no processo de reconstrução.
Para finalizar nossa reflexão, voltamos às palavras do psicólogo Jamie D. Aten, fundador do HDI. Ele afirma que se ocorrer um desastre em sua cidade, bairro ou comunidade, pessoas que você nunca conheceu virão até você e sua igreja em busca de ajuda, pelo simples fato de que os desastres fazem com que as pessoas façam muitas perguntas importantes sobre Deus e a igreja é o lugar onde os sobreviventes podem encontrar a verdadeira esperança, significado e cuidado espiritual de longo prazo. Aten conclui:
“O ministério de desastres revela o amor, a misericórdia e a graça de Deus. Deus chamou seu povo para cuidar dos necessitados, e onde há desastres, há uma necessidade imediata e urgente. Seu mandamento de trazer boas novas e cura aos que sofrem é claro. Como cristãos, fomos criados à imagem de um Deus amoroso, misericordioso e gracioso, cujo Filho nos ensinou a abrir nossos corações e usar nossos talentos a serviço do reino. Se começarmos a pensar sobre desastres de forma diferente, isso pode ajudar você e sua igreja a reduzir de forma mais eficaz os danos durante um desastre, salvar vidas e estender seu ministério àqueles que mais precisam de ajuda.”
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Artigo publicado originalmente no site do movimento Renovar Nosso Mundo. Leia na íntegra aqui.
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O avanço da tecnologia nas últimas décadas é maior do que em qualquer outra época da história. Tal aumento se dá em muitas frentes e, mais significativo, confere um caráter tecnológico à vida contemporânea.
Quais são os desafios trazidos por esse avanço? A ética cristã é suficiente para responder aos aspectos relacionados às novas tecnologias? Como a igreja pode atuar nesse cenário tão desafiador?
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» Desastres naturais: como a igreja pode se preparar?, por Vanessa Oliveira
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É natural do Amazonas, casado com Luíze e pai da Elis e do Joaquim. Graduado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e mestre em Missiologia no Centro Evangélico de Missões (CEM). É missionário e colaborador do Portal Ultimato.
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