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- 27 de abril de 2021
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Pesquisas apontam os desafios pastorais e as tendências da igreja na pós-pandemia
Por Phelipe Reis
É indiscutível que a pandemia alterou muitos aspectos da sociedade. Olhando para a igreja, as mudanças e os impactos são diversos e reverberam em diferentes níveis. Um diagnóstico mais exato ainda não é possível, tendo em vista que o Brasil oscila nos números, patina nas medidas sanitárias, não consegue acelerar o programa de vacinação e, assim, vai empurrando para mais longe um cenário estável.
Mesmo diante disso, é importante avaliar as circunstâncias, observar as mudanças e investigar as tendências para o futuro. É neste sentido que duas pesquisas foram feitas com pastores, líderes e membros de igrejas evangélicas no Brasil. A primeira teve como foco pastores e líderes e foi coordenada pela Envisionar, uma organização que atua nas áreas de capacitação de líderes, formação de novos líderes e potencialização de líderes cristãos para transformar a sociedade. A segunda pesquisa teve os resultados publicados no O Jornal Batista e entrevistou tanto líderes como membros de igrejas. Foi coordenada por Lourenço Stelio Rega, bacharel e mestre em teologia, doutor em Ciências da Religião, diretor e professor na Faculdade Teológica Batista de São Paulo.
Entre os assuntos abordados nas pesquisas, há tópicos como a relação da igreja com a tecnologia, os desafios encarados pela liderança, saúde emocional, treinamento de novos líderes, formatos e estratégias para capacitação e ensino, retorno às atividades presenciais, temas indicados para pregações, etc.
Os resultados da pesquisa realizada pela Envisionar são distribuídos em cinco blocos: estresse e demandas pastorais na pandemia; a igreja e a tecnologia na pandemia; os maiores desafios dos pastores e líderes para 2021; o desafio de desenvolver líderes para o futuro; e, as soluções para ajudar pastores e líderes. Entre o público entrevistado havia representantes das cinco regiões do país de denominações de diferentes vertentes – históricas (50%), pentecostais (28%) e independentes ou comunidades (22%).
O perfil da liderança das igrejas
A maior parte dos pastores e líderes entrevistados estão na faixa etária entre 30 e 60 anos e lideram igrejas com até 250 membros. O levantamento indica que, para cada 2 pastores ou líderes entre 40 a 60 anos de idade, há apenas um pastor ou líder abaixo de 40 anos de idade para substituí-los. Fato que pode gerar momentos de crise e rupturas na igreja por falta de liderança.
De acordo com os resultados da pesquisa feita pela Envisionar, 49% dos pastores e líderes entrevistados se dizem estressados ou muito estressados por causa da pandemia. Há vários motivos para isso. Além de terem que lidar com o novo e o desconhecido, eles precisam dar conta de uma crescente demanda pastoral e com a falta de uma equipe ou de outros líderes com quem possam compartilhar as demandas. O relatório da pesquisa descreve: “Como eles já estavam cansados antes da pandemia, muitos deles não suportaram a demanda da pandemia e simplesmente abandonaram suas posições de liderança. Alguns até foram para outras igrejas pela necessidade de se abastecerem. Isto fez com que muitos pastores ficassem ainda mais sobrecarregados”.
Para aliviar as dores e tensões do ministério, os resultados indicam que a solução que mais pode ajudar, para 44,1% dos pastores e líderes, é capacitar outros líderes. Outros caminhos também são apontados, tais como mentoria (30,3%), aconselhamento (29,1%), terapia (26,1%), consultoria (14,7%) e coaching cristão (11,7%). Considerando que era possível marcar mais de uma resposta, os resultados indicam que um terço dos pastores e líderes precisam de algum tipo de ajuda de outras pessoas e quase metade precisa começar a capacitar líderes.
Os maiores desafios para pastores e líderes
Quando perguntados sobre quais temas mais têm causado pressão na pandemia, os entrevistados citam os seguintes temas, em ordem de maior pressão: decisões financeiras, formação de líderes, engajamento de voluntários e ensino e discipulado.
O relatório da pesquisa da Envisionar explica que a falta de voluntários é consequência da falta de desenvolvimento de líderes e a falta de novos líderes é causada pela ausência de um processo de discipulado na igreja local. O texto do relatório afirma: “Discipular e formar líderes é um desafio permanente e não se resolve instantaneamente. Sem estes dois fatores a longevidade da igreja está comprometida. Não adianta resolver as finanças sem olhar para o longo prazo”.
A igreja na pós-pandemia
Um dos tópicos abordados na pesquisa coordenada por Lourenço Stelio Rega, que contou com mais de 3 mil participantes de diferentes denominações, foi quanto ao tempo que as pessoas passam conectadas à internet. Neste aspecto, o tempo médio diário fica entre 1 e 4 horas, o que indica, segundo Rega, que a volta para o presencial não poderá desconsiderar o hábito do acesso ao digital e que, portanto, as atividades híbridas (presenciais e virtuais) poderão ser tornar cada vez mais frequentes no atendimento aos membros das igrejas.
As pessoas entrevistadas apontaram a ocorrência frequente de sentimentos negativos durante a pandemia, tais como insegurança e incerteza, especialmente quanto ao estado atual da vida e com o futuro. Diante disso, Stelio Rega argumenta que os temas de estudos e sermões precisam levar em conta tal cenário, de modo a que as pessoas possam receber suporte e ensino bíblico. Rega acrescenta que o cuidado pastoral precisa atender a esses sentimentos, com o apoio de profissionais da área de saúde mental e emocional.
Os resultados da pesquisa também apontam para o fato de que o isolamento provocado pela pandemia promoveu distanciamento entre as pessoas e a solidão potencializou sentimentos disfuncionais. Stelio Rega sintetiza este tópico afirmando que “será necessário o replanejamento do atendimento às pessoas que estiverem voltando da quarentena de modo que a visão de uma igreja mais voltada a estruturas, programas, eventos como um ‘ponto de encontro de final de semana’, centralizado no templo possa dar lugar à busca pelo atendimento das pessoas como gente, como ser humano, mais do que sujeitos produtivos religiosos”.
Como será a volta?
Quando os membros das igrejas foram perguntados sobre o retorno às atividades presenciais na igreja, a maior parte (75,4%) diz que deseja voltar ao convívio da igreja sem restrições e têm boa expectativa de encontrar acolhida entre os irmãos. Sobre qual a expectativa de vida dos entrevistados após o isolamento, os principais resultados apontam para os seguintes resultados: redefinir o projeto de vida (30,1%), ampliar o círculo de amizade (34,4%), iniciar ou incentivar mais o culto doméstico (36,9%), cuidar mais da saúde (55,9%), visitar e/ou procurar mais as pessoas (61,1%).
Sobre a pregação, Stelio Rega diz que, em geral, a cultura de pregadores aponta para a duração de um sermão entre trinta a sessenta minutos. Avaliando os resultados da pesquisa, os maiores índices apontam que os membros preferem uma pregação que dure entre 25 a 45 minutos. Rega argumenta acrescentando que a formação teológica precisará se reinventar e que o tipo do sermão (temático ou expositivo) não é importante para os participantes da pesquisa, mas é fundamental que tenham a Bíblia como ponto de partida.
Para acessar a pesquisa da Envisionar com Pastores e Líderes, clique aqui.
Os artigos com os resultados da pesquisa feita por Lourenço Stelio Rega estão publicados em edições do O Jornal Batista.
Leia mais
» 7 desafios para a igreja e os pastores na pandemia
É indiscutível que a pandemia alterou muitos aspectos da sociedade. Olhando para a igreja, as mudanças e os impactos são diversos e reverberam em diferentes níveis. Um diagnóstico mais exato ainda não é possível, tendo em vista que o Brasil oscila nos números, patina nas medidas sanitárias, não consegue acelerar o programa de vacinação e, assim, vai empurrando para mais longe um cenário estável.
Mesmo diante disso, é importante avaliar as circunstâncias, observar as mudanças e investigar as tendências para o futuro. É neste sentido que duas pesquisas foram feitas com pastores, líderes e membros de igrejas evangélicas no Brasil. A primeira teve como foco pastores e líderes e foi coordenada pela Envisionar, uma organização que atua nas áreas de capacitação de líderes, formação de novos líderes e potencialização de líderes cristãos para transformar a sociedade. A segunda pesquisa teve os resultados publicados no O Jornal Batista e entrevistou tanto líderes como membros de igrejas. Foi coordenada por Lourenço Stelio Rega, bacharel e mestre em teologia, doutor em Ciências da Religião, diretor e professor na Faculdade Teológica Batista de São Paulo.
Entre os assuntos abordados nas pesquisas, há tópicos como a relação da igreja com a tecnologia, os desafios encarados pela liderança, saúde emocional, treinamento de novos líderes, formatos e estratégias para capacitação e ensino, retorno às atividades presenciais, temas indicados para pregações, etc.
Os resultados da pesquisa realizada pela Envisionar são distribuídos em cinco blocos: estresse e demandas pastorais na pandemia; a igreja e a tecnologia na pandemia; os maiores desafios dos pastores e líderes para 2021; o desafio de desenvolver líderes para o futuro; e, as soluções para ajudar pastores e líderes. Entre o público entrevistado havia representantes das cinco regiões do país de denominações de diferentes vertentes – históricas (50%), pentecostais (28%) e independentes ou comunidades (22%).
O perfil da liderança das igrejas
A maior parte dos pastores e líderes entrevistados estão na faixa etária entre 30 e 60 anos e lideram igrejas com até 250 membros. O levantamento indica que, para cada 2 pastores ou líderes entre 40 a 60 anos de idade, há apenas um pastor ou líder abaixo de 40 anos de idade para substituí-los. Fato que pode gerar momentos de crise e rupturas na igreja por falta de liderança.
De acordo com os resultados da pesquisa feita pela Envisionar, 49% dos pastores e líderes entrevistados se dizem estressados ou muito estressados por causa da pandemia. Há vários motivos para isso. Além de terem que lidar com o novo e o desconhecido, eles precisam dar conta de uma crescente demanda pastoral e com a falta de uma equipe ou de outros líderes com quem possam compartilhar as demandas. O relatório da pesquisa descreve: “Como eles já estavam cansados antes da pandemia, muitos deles não suportaram a demanda da pandemia e simplesmente abandonaram suas posições de liderança. Alguns até foram para outras igrejas pela necessidade de se abastecerem. Isto fez com que muitos pastores ficassem ainda mais sobrecarregados”.
Para aliviar as dores e tensões do ministério, os resultados indicam que a solução que mais pode ajudar, para 44,1% dos pastores e líderes, é capacitar outros líderes. Outros caminhos também são apontados, tais como mentoria (30,3%), aconselhamento (29,1%), terapia (26,1%), consultoria (14,7%) e coaching cristão (11,7%). Considerando que era possível marcar mais de uma resposta, os resultados indicam que um terço dos pastores e líderes precisam de algum tipo de ajuda de outras pessoas e quase metade precisa começar a capacitar líderes.
Os maiores desafios para pastores e líderes
Quando perguntados sobre quais temas mais têm causado pressão na pandemia, os entrevistados citam os seguintes temas, em ordem de maior pressão: decisões financeiras, formação de líderes, engajamento de voluntários e ensino e discipulado.
O relatório da pesquisa da Envisionar explica que a falta de voluntários é consequência da falta de desenvolvimento de líderes e a falta de novos líderes é causada pela ausência de um processo de discipulado na igreja local. O texto do relatório afirma: “Discipular e formar líderes é um desafio permanente e não se resolve instantaneamente. Sem estes dois fatores a longevidade da igreja está comprometida. Não adianta resolver as finanças sem olhar para o longo prazo”.
A igreja na pós-pandemia
Um dos tópicos abordados na pesquisa coordenada por Lourenço Stelio Rega, que contou com mais de 3 mil participantes de diferentes denominações, foi quanto ao tempo que as pessoas passam conectadas à internet. Neste aspecto, o tempo médio diário fica entre 1 e 4 horas, o que indica, segundo Rega, que a volta para o presencial não poderá desconsiderar o hábito do acesso ao digital e que, portanto, as atividades híbridas (presenciais e virtuais) poderão ser tornar cada vez mais frequentes no atendimento aos membros das igrejas.
As pessoas entrevistadas apontaram a ocorrência frequente de sentimentos negativos durante a pandemia, tais como insegurança e incerteza, especialmente quanto ao estado atual da vida e com o futuro. Diante disso, Stelio Rega argumenta que os temas de estudos e sermões precisam levar em conta tal cenário, de modo a que as pessoas possam receber suporte e ensino bíblico. Rega acrescenta que o cuidado pastoral precisa atender a esses sentimentos, com o apoio de profissionais da área de saúde mental e emocional.
Os resultados da pesquisa também apontam para o fato de que o isolamento provocado pela pandemia promoveu distanciamento entre as pessoas e a solidão potencializou sentimentos disfuncionais. Stelio Rega sintetiza este tópico afirmando que “será necessário o replanejamento do atendimento às pessoas que estiverem voltando da quarentena de modo que a visão de uma igreja mais voltada a estruturas, programas, eventos como um ‘ponto de encontro de final de semana’, centralizado no templo possa dar lugar à busca pelo atendimento das pessoas como gente, como ser humano, mais do que sujeitos produtivos religiosos”.
Como será a volta?
Quando os membros das igrejas foram perguntados sobre o retorno às atividades presenciais na igreja, a maior parte (75,4%) diz que deseja voltar ao convívio da igreja sem restrições e têm boa expectativa de encontrar acolhida entre os irmãos. Sobre qual a expectativa de vida dos entrevistados após o isolamento, os principais resultados apontam para os seguintes resultados: redefinir o projeto de vida (30,1%), ampliar o círculo de amizade (34,4%), iniciar ou incentivar mais o culto doméstico (36,9%), cuidar mais da saúde (55,9%), visitar e/ou procurar mais as pessoas (61,1%).
Sobre a pregação, Stelio Rega diz que, em geral, a cultura de pregadores aponta para a duração de um sermão entre trinta a sessenta minutos. Avaliando os resultados da pesquisa, os maiores índices apontam que os membros preferem uma pregação que dure entre 25 a 45 minutos. Rega argumenta acrescentando que a formação teológica precisará se reinventar e que o tipo do sermão (temático ou expositivo) não é importante para os participantes da pesquisa, mas é fundamental que tenham a Bíblia como ponto de partida.
Para acessar a pesquisa da Envisionar com Pastores e Líderes, clique aqui.
Os artigos com os resultados da pesquisa feita por Lourenço Stelio Rega estão publicados em edições do O Jornal Batista.
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» 7 desafios para a igreja e os pastores na pandemia
É natural do Amazonas, casado com Luíze e pai da Elis e do Joaquim. Graduado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e mestre em Missiologia no Centro Evangélico de Missões (CEM). É missionário e colaborador do Portal Ultimato.
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