Opinião
- 02 de junho de 2017
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Pentecostes e a Igreja: da clandestinidade para o espaço público
“E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a fragrância do seu conhecimento” (2 Co 2.14)
A festa de Pentecostes está desde sempre na vida da igreja. Nós a herdamos da igreja do Antigo Testamento quando o povo, sob a tutela de Moisés, celebrava o dom da Lei dada por Deus no Sinai e manifestava gratidão pela bênção da abundância e provisão dos alimentos por ocasião das colheitas. O Senhor Jesus Cristo mesmo celebrou anualmente esta festa, quer com a sua família, quer com os seus discípulos.
Cinquenta dias após a páscoa de sua ressurreição e dez dias após as sua ascensão aos céus, Jesus Cristo envia sobre os discípulos reunidos em Jerusalém o dom da promessa do Pai, o Espírito Santo, aplicando assim a obra realizada na cruz na alma dos crentes e finalizando assim os atos redentivos em benefício dos eleitos.
É sempre bom recordar que os discípulos ainda estavam hesitantes, ainda um tanto incrédulos, suas mentes estavam confusas num misto de alegria indescritível, perplexidade e temor. Por isso, enquanto observavam a ordem dada de permanecer em Jerusalém até que a promessa fosse outorgada, mantinham-se reunidos, com as portas fechadas e temendo por suas próprias vidas.
A igreja estava na clandestinidade e sem autoridade para tornar pública a sua mensagem e o seu testemunho. Quando o Espírito repousa sobre os discípulos como línguas de fogo, os Apóstolos são então, empoderados e autorizados a falar no nome de Jesus. Pedro, o primeiro entre os seus iguais no colégio apostólico, quebra o silêncio da Igreja e servindo-se da providência divina que reuniu no dia de Pentecostes homens vindos de todas as partes, representando as nações, anuncia o Evangelho que é poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Homens das mais variadas línguas, por ação sobrenatural do Espírito Santo, são capacitados a ouvir em seu próprio idioma as maravilhas de Deus e suas promessas feitas aos profetas, como Pedro citando Joel, bem diante de seus olhos.
Aqui nasce a Igreja Cristã. A comunidade de Jesus Cristo não é uma religião tribal, étnica, cultural ou linguisticamente peculiar. A Igreja é uma comunidade aberta, enviada, e inserida no mundo. É uma comunidade internacional, multiétnica, transculturada e contextualizada. Sua mensagem deve ser entregue a todos, em todos os lugares, em todas as culturas e na forma de compreensão própria de cada povo, na riqueza e nas debilidades de cada língua.
A Igreja que irrompe de Pentecostes é a comunidade que deve curar o fosso de separação que ocorreu em Babel quando a confusão das línguas separou os povos, os corações e propiciou o “estranhamento” entre as nações. A catolicidade da Igreja não importa em uniformidade e uniformismo. Antes pelo contrário, a mensagem do Evangelho é ‘supra cultural’, isto é, está acima de qualquer cultura e a todas transcende. Nunca deveria destruir as riquezas dos povos, antes enriquecê-las naquilo que é compatível ou moralmente neutro em relação à vontade de Deus.
O Evangelho, a mensagem da igreja, visa corrigir, transformar e abolir, apenas e tão somente aqueles elementos culturais de um povo ou sociedade, quando esses são moralmente incoerentes com a Palavra de Deus, ataquem a dignidade humana e são produtos da depravação e perversidade dos corações caídos e claras sugestões satânicas. Nunca essas verdades foram tão necessárias e tão amplamente consideradas politicamente incorretas como essas supracitadas.
Todavia, a verdade não pode ser detida. Desde Pentecostes, a Igreja é uma Igreja para o mundo e a ele deve dirigir-se fiada exclusivamente na suficiência do Espírito Santo que desde aquele dia vive na Igreja e a impulsiona a cumprir sua tarefa de levar aos povos, nações, raças e línguas a mensagem do Evangelho, fazendo discípulos.
Na manhã de Pentecostes, como resultado da pregação de Pedro, como consequência do ministério inaugural do Espírito Santo, três mil homens foram convertidos e pediram o batismo cristão. Depois desse evento, Lucas nos relata em Atos, que dia a dia o Senhor acrescentava à igreja os que iam sendo salvos. Desde então, perseguições, guerras, epidemias, deserções, dissenções, catástrofes, rondam a igreja. Contudo, o Espírito que dela não pode e não quer afastar-se, a preserva e a empodera em triunfo e assim as Palavra de Jesus se cumprem em sua história bimilenar de presença neste mundo hostil: “...sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18).
Leia mais
Da Páscoa ao Pentecostes
Babel ou Pentecostes — qual o nosso destino?
Quem explica o Pentecostes?
Foto: Jean Ii Restout - óleo sobre tela - 465 x 778 cm - 1732 - (Musée du Louvre (Paris, France).
A festa de Pentecostes está desde sempre na vida da igreja. Nós a herdamos da igreja do Antigo Testamento quando o povo, sob a tutela de Moisés, celebrava o dom da Lei dada por Deus no Sinai e manifestava gratidão pela bênção da abundância e provisão dos alimentos por ocasião das colheitas. O Senhor Jesus Cristo mesmo celebrou anualmente esta festa, quer com a sua família, quer com os seus discípulos.
Cinquenta dias após a páscoa de sua ressurreição e dez dias após as sua ascensão aos céus, Jesus Cristo envia sobre os discípulos reunidos em Jerusalém o dom da promessa do Pai, o Espírito Santo, aplicando assim a obra realizada na cruz na alma dos crentes e finalizando assim os atos redentivos em benefício dos eleitos.
É sempre bom recordar que os discípulos ainda estavam hesitantes, ainda um tanto incrédulos, suas mentes estavam confusas num misto de alegria indescritível, perplexidade e temor. Por isso, enquanto observavam a ordem dada de permanecer em Jerusalém até que a promessa fosse outorgada, mantinham-se reunidos, com as portas fechadas e temendo por suas próprias vidas.
A igreja estava na clandestinidade e sem autoridade para tornar pública a sua mensagem e o seu testemunho. Quando o Espírito repousa sobre os discípulos como línguas de fogo, os Apóstolos são então, empoderados e autorizados a falar no nome de Jesus. Pedro, o primeiro entre os seus iguais no colégio apostólico, quebra o silêncio da Igreja e servindo-se da providência divina que reuniu no dia de Pentecostes homens vindos de todas as partes, representando as nações, anuncia o Evangelho que é poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Homens das mais variadas línguas, por ação sobrenatural do Espírito Santo, são capacitados a ouvir em seu próprio idioma as maravilhas de Deus e suas promessas feitas aos profetas, como Pedro citando Joel, bem diante de seus olhos.
Aqui nasce a Igreja Cristã. A comunidade de Jesus Cristo não é uma religião tribal, étnica, cultural ou linguisticamente peculiar. A Igreja é uma comunidade aberta, enviada, e inserida no mundo. É uma comunidade internacional, multiétnica, transculturada e contextualizada. Sua mensagem deve ser entregue a todos, em todos os lugares, em todas as culturas e na forma de compreensão própria de cada povo, na riqueza e nas debilidades de cada língua.
A Igreja que irrompe de Pentecostes é a comunidade que deve curar o fosso de separação que ocorreu em Babel quando a confusão das línguas separou os povos, os corações e propiciou o “estranhamento” entre as nações. A catolicidade da Igreja não importa em uniformidade e uniformismo. Antes pelo contrário, a mensagem do Evangelho é ‘supra cultural’, isto é, está acima de qualquer cultura e a todas transcende. Nunca deveria destruir as riquezas dos povos, antes enriquecê-las naquilo que é compatível ou moralmente neutro em relação à vontade de Deus.
O Evangelho, a mensagem da igreja, visa corrigir, transformar e abolir, apenas e tão somente aqueles elementos culturais de um povo ou sociedade, quando esses são moralmente incoerentes com a Palavra de Deus, ataquem a dignidade humana e são produtos da depravação e perversidade dos corações caídos e claras sugestões satânicas. Nunca essas verdades foram tão necessárias e tão amplamente consideradas politicamente incorretas como essas supracitadas.
Todavia, a verdade não pode ser detida. Desde Pentecostes, a Igreja é uma Igreja para o mundo e a ele deve dirigir-se fiada exclusivamente na suficiência do Espírito Santo que desde aquele dia vive na Igreja e a impulsiona a cumprir sua tarefa de levar aos povos, nações, raças e línguas a mensagem do Evangelho, fazendo discípulos.
Na manhã de Pentecostes, como resultado da pregação de Pedro, como consequência do ministério inaugural do Espírito Santo, três mil homens foram convertidos e pediram o batismo cristão. Depois desse evento, Lucas nos relata em Atos, que dia a dia o Senhor acrescentava à igreja os que iam sendo salvos. Desde então, perseguições, guerras, epidemias, deserções, dissenções, catástrofes, rondam a igreja. Contudo, o Espírito que dela não pode e não quer afastar-se, a preserva e a empodera em triunfo e assim as Palavra de Jesus se cumprem em sua história bimilenar de presença neste mundo hostil: “...sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18).
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Da Páscoa ao Pentecostes
Babel ou Pentecostes — qual o nosso destino?
Quem explica o Pentecostes?
Foto: Jean Ii Restout - óleo sobre tela - 465 x 778 cm - 1732 - (Musée du Louvre (Paris, France).
Luiz Fernando dos Santos (1970-2022), foi ministro presbiteriano e era casado com Regina, pai da Talita e professor de teologia no Seminário Presbiteriano do Sul e no Seminário Teológico Servo de Cristo.
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