Opinião
- 16 de maio de 2022
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Paz – uma união que traz libertação
Por Taís Machado
"E a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a mente de vocês, pois vocês estão unidos com Cristo Jesus" (Filipenses 4.7, NTLH)
Em tempos de guerra, a paz se torna ainda mais necessária. E estamos numa sequência de variadas guerras, sendo que algumas a gente até deixa de lado, achando que se não falarmos nela acabaremos menos afetados. Será?
Nos últimos meses, se deram tantas mudanças na vida de todo mundo, não é mesmo? O contexto pandêmico alterou muito nosso estilo de vida, promoveu novos arranjos e desarranjos, doses de caos, momentos de desorientação, ao ponto da esperança de alguns estremecer e, para boa parte, a paz foi difícil de ser encontrada. As mentes e corações foram ocupados por muitas informações novas que precisavam ser averiguadas, refletidas e usadas na tomada de decisões e revisões de planejamento. Em pouco tempo, a mente foi bombardeada por novos cenários que exigiam rápidas adaptações e o coração foi preenchido por dúvidas inquietantes ou dominado pela insegurança. Onde prevaleceu a paz?
O barulho das guerras ensurdeceu alguns corações. Surgiram também valas ao redor das avenidas de pensamentos em alta velocidade, nelas enterramos rotinas, disciplinas e permitimos que a desordem reinasse. Quem desfrutou de paz?
Ter paz nestes tempos de tanta dor e miséria seria ignorar a pele do outro e alienar-se do grito de tantos?
Quem reconheceu a paz na própria fraqueza? Quem, neste lugar de choro, conheceu a paz de Deus que consola e, com o tempo, pode conduzir nosso coração ao silêncio até que nossa interioridade experencie a serenidade?
A paz de Deus vai além do que nossos pensamentos alcançam, é superior aos conceitos que criamos. Ela é uma experiência no ser. Quem a vive vê as trevas se dissipando. É um processo, mas, quanto mais espaço ela tem em nós, mais frutos de discernimento e serenidade são colhidos e saboreados. Trata-se de uma paz que não ilude e, sim, revela. Revela mais da nossa íntima realidade e o faz não pela via da acusação, mas da graça, então, apesar das dores, sobressai compaixão, acolhimento, vivificação, inclusive, recebe-se, por vezes, a visita da alegria.
A paz de Deus pode nos libertar da necessidade de explicações, da tendência ao apego e dependências perigosas, nos livra das condições que o medo nos faz impor e nos debater. Quando, na relação com Deus, minha mente e coração entram em sintonia com ele, tensões são diluídas, a consciência é trabalhada e, por fim, um sossego amoroso chega, num sopro de apaziguamento através da misericórdia.
A paz pode não ser também traduzida em palavras e ideias, mas, transmitida como a arte de ser. E aos que se sabem filhos amados de Deus, trazem o potencial de, em se apropriando dessa filiação, celebrar uma paz tão grande dentro, que ela transborda e fora reflete essa relação, firmada na identidade. Portanto, viver essa paz não seria uma maneira de tornar Deus visível e testemunhá-lo nesta geração?
Estar em Cristo - Príncipe da Paz, o ser unido a ele, muda as perspectivas, nos ajuda a ver em outras direções, a perceber mais amplamente e fazer novas considerações no viver cotidiano. Até quando não vemos, ainda cremos, porque é mais, é além, é muito superior, é oceânico.
- Tais Machado é psicoterapeuta e pastora em São Paulo.
Leia mais:
» A alegria na dor
» Serenidade como resposta
» Coaching, autoajuda ou exercício de respiração não é o mesmo que fruto do espírito
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