Opinião
- 02 de abril de 2015
- Visualizações: 5436
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
Páscoa: utopia, libertação e esperança
O filme “Exodus: Deuses e Reis” (Ridley Scott, 2014) é a adaptação cinematográfica da história bíblica da libertação dos israelitas da tirania opressora à qual estavam submetidos no Egito, 3.500 anos atrás. O filme atraiu a fúria da crítica secular por haver tratado (acertadamente) como fatos históricos os eventos relativos à vida e a obra de Moisés, buscando aproximações da narrativa do livro bíblico do Êxodo.
Conquanto o filme apresente algumas perspectivas e enquadramentos bastante questionáveis, devido à interpretação surreal de fatos descritos biblicamente de forma diversa, o mesmo teve a virtude de reintroduzir na arena cultural da secularizada sociedade ocidental a discussão da temática teológica (juntamente com o épico “Noé”, de Darren Aronofsky, 2014), suscitando acalorados debates sobre a ação divina e suas inteirações históricas em relação à humanidade.
Do contexto de opressão e chibatadas nas costas nasceu o sonho utópico por libertação política e espiritual, sonho este que se concretizou no êxodo dos israelitas do império egípcio, devido à poderosa intervenção divina. Foi essa a ocasião de libertação providenciada por Deus que deu ensejo à festa da Páscoa.
O nome Páscoa deriva-se especificamente da impactante “passagem” de Deus (ou seu mensageiro) pelo Egito, trazendo ao mesmo tempo juízo sobre os opressores e libertação para os cativos. Esse grande ato salvador, operado graciosamente por Deus, marcou distintivamente a história do povo de Israel, que o recordou muitas e muitas vezes, tanto na sua festa anual como por meio de canções que traziam à memória o que dá esperança.
A festa da Páscoa foi instituída com o objetivo exato de relembrar às gerações futuras os grandes atos de Deus ocorridos quando da passagem dos israelitas da condição de escravidão para o estado de liberdade política e espiritual. Trata-se de um protótipo de liberdade e esperança integrais, que o Deus Redentor quer conceder a todos os povos e nações da Terra.
Afinal, como consta do acordo (aliança, contrato, pacto) estabelecido entre Deus e Abraão, o pai-patriarca dos israelitas, o objetivo da sua escolha e chamamento para aquele povo tinha em vista “abençoar a todas as famílias da Terra”. Deus constituiu um povo que servisse de plataforma para dar-se a conhecer e abençoar a todos os demais povos – inclusive aos egípcios. Assim a libertação dos israelitas da escravidão é o indicativo do estado de liberdade que Deus deseja comunicar a toda humanidade, por meio de Jesus Cristo de Nazaré.
A Páscoa dos israelitas é a utopia que pulou do horizonte para dentro da história – e significa esperança de libertação para todos que se encontram sob toda e qualquer forma de opressão. O Deus que escutou os clamores e lamentos dos oprimidos no passado interveio em favor da justiça com mão forte; o Deus que agiu assim anteriormente, revelou um sentido e um padrão da sua ação em relação ao mundo e à humanidade. Ora, isso enche nosso coração de santas expectativas por novas manifestações libertadoras ansiadas por toda a criação e das quais o futuro está prenhe, prestes a dar à luz.
Num segundo momento, com significado mais profundo, pleno, amplo e definitivo, Jesus de Nazaré, se apresenta como o cordeiro pascal, aquele que traz para o mundo todo a libertação de todo tipo de forças tenebrosas que oprimem a humanidade, estabelecendo o ambiente do reinado de Deus como esfera de graça, amor e benção divina.
Na Páscoa a gente lembra do que Jesus fez por nós e da possibilidade de viver uma nova vida, sob sua regência, livres de todo tipo de tirania, seja espiritual ou política, por meio da fé e confiança nele.
Por causa da passagem (Páscoa) de Deus pelo Egito, que teve duplo efeito, com juízo sobre opressores e Graça aos que confiaram nas instruções divinas, os israelitas passaram à liberdade e depois passaram à terra prometida. Da passagem de Jesus por este mundo, também com julgamento sobre tudo o que escraviza e Graça para os que a Ele aderem, é aberto um novo e vivo caminho para que se viva e adore a Deus em liberdade plena.
Há, portanto, um portal aberto na história para passar do festejo superficial da Páscoa, plastificado pelo mercado, para uma comemoração densa de significado e esperança, por meio da consideração e descoberta da libertação que há em Jesus Cristo, aquele que liberta verdadeiramente e faz dos que libertou gente verdadeiramente livre. É possível escapar de tudo que escraviza e passar à plenitude de vida, pela adesão e seguimento a Jesus, o cordeiro pascal.
• Christian Gillis é casado com Juliana é pai de 3 filhos. Pastor na Igreja Batista da Redenção, em Belo Horizonte (MG), é membro do Conselho Gestor da Aliança Evangélica. Twitter: @prgillis
Leia também
A Canaã dos cristãos (Ultimato 321)
Jesus imatável (Ultimato 305)
Cristianismo básico (John Stott)
Conquanto o filme apresente algumas perspectivas e enquadramentos bastante questionáveis, devido à interpretação surreal de fatos descritos biblicamente de forma diversa, o mesmo teve a virtude de reintroduzir na arena cultural da secularizada sociedade ocidental a discussão da temática teológica (juntamente com o épico “Noé”, de Darren Aronofsky, 2014), suscitando acalorados debates sobre a ação divina e suas inteirações históricas em relação à humanidade.
Do contexto de opressão e chibatadas nas costas nasceu o sonho utópico por libertação política e espiritual, sonho este que se concretizou no êxodo dos israelitas do império egípcio, devido à poderosa intervenção divina. Foi essa a ocasião de libertação providenciada por Deus que deu ensejo à festa da Páscoa.
O nome Páscoa deriva-se especificamente da impactante “passagem” de Deus (ou seu mensageiro) pelo Egito, trazendo ao mesmo tempo juízo sobre os opressores e libertação para os cativos. Esse grande ato salvador, operado graciosamente por Deus, marcou distintivamente a história do povo de Israel, que o recordou muitas e muitas vezes, tanto na sua festa anual como por meio de canções que traziam à memória o que dá esperança.
A festa da Páscoa foi instituída com o objetivo exato de relembrar às gerações futuras os grandes atos de Deus ocorridos quando da passagem dos israelitas da condição de escravidão para o estado de liberdade política e espiritual. Trata-se de um protótipo de liberdade e esperança integrais, que o Deus Redentor quer conceder a todos os povos e nações da Terra.
Afinal, como consta do acordo (aliança, contrato, pacto) estabelecido entre Deus e Abraão, o pai-patriarca dos israelitas, o objetivo da sua escolha e chamamento para aquele povo tinha em vista “abençoar a todas as famílias da Terra”. Deus constituiu um povo que servisse de plataforma para dar-se a conhecer e abençoar a todos os demais povos – inclusive aos egípcios. Assim a libertação dos israelitas da escravidão é o indicativo do estado de liberdade que Deus deseja comunicar a toda humanidade, por meio de Jesus Cristo de Nazaré.
A Páscoa dos israelitas é a utopia que pulou do horizonte para dentro da história – e significa esperança de libertação para todos que se encontram sob toda e qualquer forma de opressão. O Deus que escutou os clamores e lamentos dos oprimidos no passado interveio em favor da justiça com mão forte; o Deus que agiu assim anteriormente, revelou um sentido e um padrão da sua ação em relação ao mundo e à humanidade. Ora, isso enche nosso coração de santas expectativas por novas manifestações libertadoras ansiadas por toda a criação e das quais o futuro está prenhe, prestes a dar à luz.
Num segundo momento, com significado mais profundo, pleno, amplo e definitivo, Jesus de Nazaré, se apresenta como o cordeiro pascal, aquele que traz para o mundo todo a libertação de todo tipo de forças tenebrosas que oprimem a humanidade, estabelecendo o ambiente do reinado de Deus como esfera de graça, amor e benção divina.
Na Páscoa a gente lembra do que Jesus fez por nós e da possibilidade de viver uma nova vida, sob sua regência, livres de todo tipo de tirania, seja espiritual ou política, por meio da fé e confiança nele.
Por causa da passagem (Páscoa) de Deus pelo Egito, que teve duplo efeito, com juízo sobre opressores e Graça aos que confiaram nas instruções divinas, os israelitas passaram à liberdade e depois passaram à terra prometida. Da passagem de Jesus por este mundo, também com julgamento sobre tudo o que escraviza e Graça para os que a Ele aderem, é aberto um novo e vivo caminho para que se viva e adore a Deus em liberdade plena.
Há, portanto, um portal aberto na história para passar do festejo superficial da Páscoa, plastificado pelo mercado, para uma comemoração densa de significado e esperança, por meio da consideração e descoberta da libertação que há em Jesus Cristo, aquele que liberta verdadeiramente e faz dos que libertou gente verdadeiramente livre. É possível escapar de tudo que escraviza e passar à plenitude de vida, pela adesão e seguimento a Jesus, o cordeiro pascal.
• Christian Gillis é casado com Juliana é pai de 3 filhos. Pastor na Igreja Batista da Redenção, em Belo Horizonte (MG), é membro do Conselho Gestor da Aliança Evangélica. Twitter: @prgillis
Leia também
A Canaã dos cristãos (Ultimato 321)
Jesus imatável (Ultimato 305)
Cristianismo básico (John Stott)
- 02 de abril de 2015
- Visualizações: 5436
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Leia mais em Opinião
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em Últimas
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu há...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e História
- Casamento e Família
- Ciência
- Devocionário
- Espiritualidade
- Estudo Bíblico
- Evangelização e Missões
- Ética e Comportamento
- Igreja e Liderança
- Igreja em ação
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Política e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Série Ciência e Fé Cristã
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Cristã
Revista Ultimato
+ lidos
- Em janeiro: CIMA 2025 - Cumpra seu destino
- Corpos doentes [fracos, limitados, mutilados] também adoram
- Cheiro de graça no ar
- Vem aí o Congresso ALEF 2024 – “Além dos muros – Quando a igreja abraça a cidade”
- Todos querem Ser milionários
- A visão bíblica sobre a velhice
- Vem aí o Congresso AME: Celebremos e avancemos no Círculo Asiático
- A colheita da fé – A semente caiu em boa terra, e deu fruto
- IV Encontro do MC 60+ reúne idosos de todo o país – Um espaço preferencial
- A era inconclusa