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Opinião

Para fazer o bem

“E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos. Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé.” Essa orientação bíblica foi dada por Paulo em Gl 6.9-10. Mas atenção: não se trata de fazer o bem para colecionar pontos, como se estivéssemos em algum programa de fidelidade. Tiago alerta para a seriedade do assunto: “quem sabe que deve fazer o bem e não o faz, comete pecado.” (Tg 4.17). Pois é, pode-se pecar fazendo nada!
 
Harvey Cox, professor emérito de Harvard, comentou que num entendimento bíblico do que é pecado, a omissão, a apatia e a indiferença tomam o mesmo espaço que atitudes como rebeldia e desobediência a Deus. Fomos criados para viver com e por nosso próximo. Jesus enfatizou isso muitas vezes. Contudo, somos tentados a dar preferência à nossa tranquilidade e comodidade, buscar diversão e deixar de nos envolver em empreitadas em prol do nosso próximo. Sucumbindo ao “efeito rebanhão,” muitas vezes fazemos coisas desastradas, simplesmente porque outros as fazem. Quando mergulhamos na enxurrada de dados da mídia e da internet, nossa desatenção, eventual apatia e o “nadar com a correnteza” nos incapacitam de discernir informações relevantes. A gravidade disso reside no fato de que pessoas mal informadas dão respostas inadequadas aos desafios ao seu redor.  
 
Deus deu a cada um de nós uma pequena parcela de responsabilidade por este mundo, uma parcela que pode tornar a vida interessante e até mesmo emocionante. Mas muitas vezes não cumprimos nossas tarefas; deitamo-nos em nossas redes e abandonamos o barco ao sabor do vento e das ondas. Fizemos coisas que nunca deveríamos ter feito e muitas vezes não fizemos o que deveríamos ter feito.
 
Ao escrever tudo isso, olho para minhas próprias omissões e reconheço novamente que a mim se aplica o diagnóstico bíblico de que “todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Rm 3.23). Dou-lhe graças pelo remédio: “se confessarmos os nossos pecados, ele [Jesus] é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1.9). E sou agradecido também pela solução do meu desafio diário, pois é Ele que “efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade Dele” (Fp 2.13). Só assim posso, em constante aprendizado e crescimento, seguir a orientação copiada no início desse texto.
 
A orientação paulina e o alerta de Tiago não poderiam ser mais oportunos e atuais. Como cristãos, sabemos do remédio para nossa situação pessoal. E nossa fé nos permite declarar com Paulo: “Assim já não sou eu quem vive, mas Cristo é quem vive em mim. E esta vida que vivo agora, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se deu a si mesmo por mim.” (Gl 2.20) Com tal “empoderamento” não nos cansaremos “de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos.” 

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Tem doutorado em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica Federal de Zurique, Suíça. É professor de engenharia em São José dos Campos (SP). É editor do blog Fé e Ciência.

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