Opinião
- 12 de janeiro de 2021
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Os prazeres das orações escritas
Por René Breuel
Alguns anos atrás, redescobri os salmos. Eu os lia regularmente, mas quando uma fase desafiadora chegou, aquelas antigas orações começaram a me tocar pessoalmente.
De repente, os salmos ficaram tão reais, genuínos e humanos. Davam voz a sentimentos que eu tinha, mas que não achava que podia admitir para mim mesmo e para Deus. Comecei a acordar de manhã, preparar o meu café, me sentar perto da janela, e em vez de ficar com os meus pensamentos grogues e orações centradas em mim mesmo, eu tinha rampas eloquentes para lançar a minha alma em reflexão e devoção à Deus. A minha vida de oração virou mais abundante, profunda, e centrada em Deus.
Recentemente, eu descobri um novo deleite: orações escritas por outras pessoas através dos séculos. Elas não são como as Escrituras, obviamente. Mas muitas vezes me movem às lágrimas e a encontros com Deus.
Dois recursos em particular têm me ajudado. O primeiro é uma linda coleção de poesias devocionais do George Herbert. Escritos no século 17, os seus poemas-orações mostram um conhecimento íntimo do coração humano, do pecado, de um Deus bem grande, e da graça. Me levaram ao arrependimento, ao prazer literário, à adoração e a passos de dança tímidos quando ninguém estava olhando.
Algumas vezes, uma das suas expressões me tocava em modo especial, como quando ele descreveu “Um rosto que não teme a luz.” Outras vezes, eu sublinhava poemas inteiros, como a sua famosa exploração da oração Prayer (I), onde Herbert compara a oração à um “trovão invertido”, “a alma em paráfrase,” e “um homem bem vestido.”
George Herbert descreve o Dia do Senhor assim em um poema chamado Sunday:
Ó Dia mais calmo, mais brilhante,
O fruto desse, botão do novo mundo,
O aval de prazer supremo,
Escrito por um amigo, e com o seu sangue;
O sofá do tempo, bálsamo e porto para as aflições:
A semana seria escura, se não fosse por sua luz:
A sua tocha mostra o caminho.
Não dá vontade de ir salteando à igreja?
O segundo recurso que tenho usado é uma coleção de orações puritanas chamada The Valley of Vision. É menos artística mas mais teológica do que George Herbert; o complementa alimentando a mente com boa doutrina em vez de movendo o coração com imagens tocantes.
A oração de apertura, por exemplo, se dirige a Deus como “Senhor, sublime e santo, manso e humilde” (“Lord, high and holy, meek and lowly”). Em outra, chamada “Deus Desfrutado,” o autor ora:
A Ti chego nas minhas dificuldades, necessidades, aflições;
me possua contigo,
com um espírito de graça e súplica,
com uma disposição de mente de oração,
com acesso ao calor da comunhão,
para que nas preocupações mundanas da vida
os meus pensamentos e desejos subam para ti,
e na minha devoção habitual eu encontre o que possa
aliviar a minhas dores,
santificar os meus sucessos,
me preparar em todos os modos para lidar
com as pessoas ao meu redor.
(Se você estiver interessado nesse volume, ou sugiro comprar a elegante edição com encadernação de couro.)
Existem muitos outros recursos devocionais por aí, além das poesias do John Donne e do Gerard Manley Hopkins. Quais outros recursos você tem achado encorajante?
Que a presença e a graça de Cristo te abençoem hoje.
• René Breuel é um missionário brasileiro, pastor fundador da Igreja Hopera em Roma, e autor de O Paradoxo da Felicidade.
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