Opinião
- 02 de junho de 2009
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Origens, ciência e revelação
Karl Heinz Kienitz
João e Bete moram em um sítio. Sua única parente é uma tia rica, que reside numa cidade próxima. O tio faleceu recentemente. Essa tia não dirige e passou seu carro novo para João, que tinha somente um carro velho (agora aposentado).
João cuidou do carro novo trocando o óleo, calibrando os pneus, entre outras coisas, assim como aprendera a fazer. Não sabia das revisões gratuitas, manutenção preventiva e funcionalidades diferenciadas do novo carro simplesmente porque a tia não lhe tinha dado o manual; nem sabia da existência deste.
Após alguns meses, João e Bete ouviram no rádio uma chamada de “recall” para seu modelo de carro. Entenderam apenas tratar-se de algo importante relacionado ao carro novo e ligaram para o telefone anunciado. Assim vieram a visitar uma oficina autorizada. Lá foram informados sobre o significado do “recall” e também sobre as revisões gratuitas, o plano de manutenção preventiva e uma série de funcionalidades desconhecidas do seu carro.
Mais cedo ou mais tarde João teria descoberto várias funções que desconhecia no seu carro. Experimentos e observação, conjecturas e testes, possivelmente o teriam levado a tal descoberta. Mas o motivo do “recall”, a provisão para as revisões gratuitas e o plano de manutenção preventiva lhe foram revelados. João nunca os teria descoberto, por mais testes e experimentos que fizesse.
Este exemplo explica um princípio da teoria geral de sistemas. Por sistema entende-se uma coleção ou conjunto de partes que existem num todo organizado. Tal definição e os princípios da teoria não se limitam a sistemas tecnológicos. Esta teoria nos ensina que a disposição (especificação) de um sistema jamais poderá ser conhecida completamente com base em observações do funcionamento do sistema que a implementa ou realiza.
O caso de João ilustra este princípio. Ele poderia ter examinado, desmontado e remontado seu carro quantas vezes quisesse; jamais descobriria as provisões para o “recall”, as revisões gratuitas e a manutenção preventiva. Da mesma forma jamais seria capaz de conscientemente reconstruir seu carro na sequência exata na qual este foi montado na fábrica.
Quando pensamos em origens, isto é, como tudo à nossa volta surgiu, somos confrontados com uma situação análoga a de João com seu carro. Podemos experimentar, observar e deduzir muitas coisas importantes sobre nosso mundo. Podemos, com base em evidências, conjecturar e teorizar até mesmo sobre suas origens. Mas, por uma questão de princípio, jamais seremos capazes de descobrir completamente a disposição (especificação) que subjaz às coisas que nos rodeiam, assim como também seremos incapazes de determinar os detalhes do seu surgimento. Somente pela percepção da manifestação do sistema inferimos uma disposição (especificação) subjacente. Seu completo conhecimento nos será possível tão somente se nos for revelado pelo seu criador (se este existir e optar por fazê-lo).
Essas considerações indicam que, como diz Walter Heitler (ganhador da Medalha Max Planck em 1968), “natureza definitivamente não pode ser discutida de modo completo em termos científicos sem incluir também a indagação por Deus". Uma teologia bíblica serve de suporte fundamental a tal discussão, pois a Bíblia trata justamente da revelação do Deus Criador: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho [Jesus]... por quem fez também o mundo; sendo ele o resplendor da sua glória e a expressa imagem do seu ser” (Hb 1.1-3a). Em apoio a esta inusitada “avalanche” de comunicação reveladora, a Bíblia apresenta evidências necessárias para o nosso exame. E como nesta discussão a dimensão científica não é a única pertinente, o autor da carta aos Hebreus deixa bem claro que “é pela fé que entendemos que o universo foi criado pela palavra de Deus e que aquilo que pode ser visto foi feito daquilo que não se vê”.
• Karl Heinz Kienitz é doutor em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica Federal de Zurique, Suíça, em 1990, e professor da Divisão de Engenharia Eletrônica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica. (www.freewebs.com/kienitz)
João e Bete moram em um sítio. Sua única parente é uma tia rica, que reside numa cidade próxima. O tio faleceu recentemente. Essa tia não dirige e passou seu carro novo para João, que tinha somente um carro velho (agora aposentado).
João cuidou do carro novo trocando o óleo, calibrando os pneus, entre outras coisas, assim como aprendera a fazer. Não sabia das revisões gratuitas, manutenção preventiva e funcionalidades diferenciadas do novo carro simplesmente porque a tia não lhe tinha dado o manual; nem sabia da existência deste.
Após alguns meses, João e Bete ouviram no rádio uma chamada de “recall” para seu modelo de carro. Entenderam apenas tratar-se de algo importante relacionado ao carro novo e ligaram para o telefone anunciado. Assim vieram a visitar uma oficina autorizada. Lá foram informados sobre o significado do “recall” e também sobre as revisões gratuitas, o plano de manutenção preventiva e uma série de funcionalidades desconhecidas do seu carro.
Mais cedo ou mais tarde João teria descoberto várias funções que desconhecia no seu carro. Experimentos e observação, conjecturas e testes, possivelmente o teriam levado a tal descoberta. Mas o motivo do “recall”, a provisão para as revisões gratuitas e o plano de manutenção preventiva lhe foram revelados. João nunca os teria descoberto, por mais testes e experimentos que fizesse.
Este exemplo explica um princípio da teoria geral de sistemas. Por sistema entende-se uma coleção ou conjunto de partes que existem num todo organizado. Tal definição e os princípios da teoria não se limitam a sistemas tecnológicos. Esta teoria nos ensina que a disposição (especificação) de um sistema jamais poderá ser conhecida completamente com base em observações do funcionamento do sistema que a implementa ou realiza.
O caso de João ilustra este princípio. Ele poderia ter examinado, desmontado e remontado seu carro quantas vezes quisesse; jamais descobriria as provisões para o “recall”, as revisões gratuitas e a manutenção preventiva. Da mesma forma jamais seria capaz de conscientemente reconstruir seu carro na sequência exata na qual este foi montado na fábrica.
Quando pensamos em origens, isto é, como tudo à nossa volta surgiu, somos confrontados com uma situação análoga a de João com seu carro. Podemos experimentar, observar e deduzir muitas coisas importantes sobre nosso mundo. Podemos, com base em evidências, conjecturar e teorizar até mesmo sobre suas origens. Mas, por uma questão de princípio, jamais seremos capazes de descobrir completamente a disposição (especificação) que subjaz às coisas que nos rodeiam, assim como também seremos incapazes de determinar os detalhes do seu surgimento. Somente pela percepção da manifestação do sistema inferimos uma disposição (especificação) subjacente. Seu completo conhecimento nos será possível tão somente se nos for revelado pelo seu criador (se este existir e optar por fazê-lo).
Essas considerações indicam que, como diz Walter Heitler (ganhador da Medalha Max Planck em 1968), “natureza definitivamente não pode ser discutida de modo completo em termos científicos sem incluir também a indagação por Deus". Uma teologia bíblica serve de suporte fundamental a tal discussão, pois a Bíblia trata justamente da revelação do Deus Criador: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho [Jesus]... por quem fez também o mundo; sendo ele o resplendor da sua glória e a expressa imagem do seu ser” (Hb 1.1-3a). Em apoio a esta inusitada “avalanche” de comunicação reveladora, a Bíblia apresenta evidências necessárias para o nosso exame. E como nesta discussão a dimensão científica não é a única pertinente, o autor da carta aos Hebreus deixa bem claro que “é pela fé que entendemos que o universo foi criado pela palavra de Deus e que aquilo que pode ser visto foi feito daquilo que não se vê”.
• Karl Heinz Kienitz é doutor em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica Federal de Zurique, Suíça, em 1990, e professor da Divisão de Engenharia Eletrônica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica. (www.freewebs.com/kienitz)
Tem doutorado em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica Federal de Zurique, Suíça. É professor de engenharia em São José dos Campos (SP). É editor do blog Fé e Ciência.
- Textos publicados: 32 [ver]
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Site: http://www.freewebs.com/kienitz/
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