Opinião
- 21 de julho de 2009
- Visualizações: 3556
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
Obrigado, Deus, pelos doidos
Marcos Inhauser
Uma característica de muitos deles é que eram pessoas sofridas, solitárias, incompreendidas, doentes.
Acabo de assistir à parte final da cerimônia de despedida de Michael Jackson. Chamou-me a atenção a insistência em chamá-la de “celebração à vida”. Confesso que o estilo de música do Michael Jackson não faz meu estilo. Brinco dizendo que meu gosto musical parou nos Beatles e nem conseguiu chegar aos Rolling Stones. Não gosto de rock, pop ou o que veio depois disto.
Admirava a flexibilidade do corpo nas coreografias de suas danças e nunca entendi como ele podia fazer o “moon walk”. Nunca assisti a um videoclipe dele e sempre o considerei excêntrico, meio doido, meio varrido. Lá nos meus botões eu atribuía isto a uma necessidade de ficar em evidência na mídia e a traumas de infância, denunciados por Michael, sendo seu pai o agressor. Sempre achei a família Jackson disfuncional e o Michael um doido.
Quando o acusaram de pedofilia, estava mais propenso a acreditar que a defender. Certa vez pensei que ele ainda havia escapado da acusação de ser viciado em drogas, e o que se sabe agora é que sim, o era, mas em analgésicos. Hipocondríaco? Talvez. Neurótico? Talvez. Gênio? Com certeza.
Ao ouvir o testemunho da Brook Shields sobre as brincadeiras de criança que ambos tinham mesmo sendo adultos, das gargalhadas que davam, da alegria que sentiam ao estarem juntos, confesso que tive de repensar um monte de coisas.
Comecei a pensar na quantidade de coisas que hoje temos, de descobertas feitas por cientistas totalmente devotados às suas pesquisas, do médico que descobriu a bactéria estomacal e em quem ninguém cria até que ele mesmo se infectou com ela, do Einstein mostrando a língua, do Stephen Hawkins em sua cadeira de rodas pensando o universo e a noção de tempo, do Aleijadinho e sua obra, apesar da enfermidade. Poderia citar muitos outros.
Há algo em comum nesta gente toda: eram meio doidos, meio malucos. Se o mundo fosse depender dos “certinhos”, de gente que é igual a relógio suíço (todo dia fazendo a mesma coisa nas mesmas horas), o mundo não teria avançado como avançou. Nós devemos as descobertas, as invenções, as grandes esculturas, pinturas e arquiteturas às pessoas que ousaram quebrar paradigmas, que se devotaram de corpo e alma ao que se propuseram, que vararam noites e mais noites a perseguir seus ideais.
Outra característica de muitos deles é que eram pessoas sofridas, solitárias, incompreendidas, doentes. Talvez por isto tenham falado tanto à alma humana, esta também cheia de dores e desilusões. E não é por menos que os Salmos da Bíblia, poemas que na sua maioria falam de sofrimento e perseguição, sejam tão lidos.
O mundo precisa dos doidos e sofridos para que haja mais alegria e melhor qualidade de vida. E Michael foi um deles, que trouxe para muitos alegria e exemplo de determinação.
• Marcos Inhauser é pastor, presidente da Igreja da Irmandade e colunista do jornal Correio Popular. www.inhauser.com.br / marcos@inhauser.com.br
Uma característica de muitos deles é que eram pessoas sofridas, solitárias, incompreendidas, doentes.
Acabo de assistir à parte final da cerimônia de despedida de Michael Jackson. Chamou-me a atenção a insistência em chamá-la de “celebração à vida”. Confesso que o estilo de música do Michael Jackson não faz meu estilo. Brinco dizendo que meu gosto musical parou nos Beatles e nem conseguiu chegar aos Rolling Stones. Não gosto de rock, pop ou o que veio depois disto.
Admirava a flexibilidade do corpo nas coreografias de suas danças e nunca entendi como ele podia fazer o “moon walk”. Nunca assisti a um videoclipe dele e sempre o considerei excêntrico, meio doido, meio varrido. Lá nos meus botões eu atribuía isto a uma necessidade de ficar em evidência na mídia e a traumas de infância, denunciados por Michael, sendo seu pai o agressor. Sempre achei a família Jackson disfuncional e o Michael um doido.
Quando o acusaram de pedofilia, estava mais propenso a acreditar que a defender. Certa vez pensei que ele ainda havia escapado da acusação de ser viciado em drogas, e o que se sabe agora é que sim, o era, mas em analgésicos. Hipocondríaco? Talvez. Neurótico? Talvez. Gênio? Com certeza.
Ao ouvir o testemunho da Brook Shields sobre as brincadeiras de criança que ambos tinham mesmo sendo adultos, das gargalhadas que davam, da alegria que sentiam ao estarem juntos, confesso que tive de repensar um monte de coisas.
Comecei a pensar na quantidade de coisas que hoje temos, de descobertas feitas por cientistas totalmente devotados às suas pesquisas, do médico que descobriu a bactéria estomacal e em quem ninguém cria até que ele mesmo se infectou com ela, do Einstein mostrando a língua, do Stephen Hawkins em sua cadeira de rodas pensando o universo e a noção de tempo, do Aleijadinho e sua obra, apesar da enfermidade. Poderia citar muitos outros.
Há algo em comum nesta gente toda: eram meio doidos, meio malucos. Se o mundo fosse depender dos “certinhos”, de gente que é igual a relógio suíço (todo dia fazendo a mesma coisa nas mesmas horas), o mundo não teria avançado como avançou. Nós devemos as descobertas, as invenções, as grandes esculturas, pinturas e arquiteturas às pessoas que ousaram quebrar paradigmas, que se devotaram de corpo e alma ao que se propuseram, que vararam noites e mais noites a perseguir seus ideais.
Outra característica de muitos deles é que eram pessoas sofridas, solitárias, incompreendidas, doentes. Talvez por isto tenham falado tanto à alma humana, esta também cheia de dores e desilusões. E não é por menos que os Salmos da Bíblia, poemas que na sua maioria falam de sofrimento e perseguição, sejam tão lidos.
O mundo precisa dos doidos e sofridos para que haja mais alegria e melhor qualidade de vida. E Michael foi um deles, que trouxe para muitos alegria e exemplo de determinação.
• Marcos Inhauser é pastor, presidente da Igreja da Irmandade e colunista do jornal Correio Popular. www.inhauser.com.br / marcos@inhauser.com.br
- 21 de julho de 2009
- Visualizações: 3556
- comente!
- +A
- -A
- compartilhar
QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI.
Ultimato quer falar com você.
A cada dia, mais de dez mil usuários navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, além do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bíblicos, devocionais diárias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, além de artigos, notícias e serviços que são atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.
Leia mais em Opinião
Opinião do leitor
Para comentar é necessário estar logado no site. Clique aqui para fazer o login ou o seu cadastro.
Ainda não há comentários sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta é necessário estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o login ou seu cadastro.
Ainda não há artigos publicados na seção "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em Últimas
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu há...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e História
- Casamento e Família
- Ciência
- Devocionário
- Espiritualidade
- Estudo Bíblico
- Evangelização e Missões
- Ética e Comportamento
- Igreja e Liderança
- Igreja em ação
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Política e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Série Ciência e Fé Cristã
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Cristã
Revista Ultimato
+ lidos
- Em janeiro: CIMA 2025 - Cumpra seu destino
- Corpos doentes [fracos, limitados, mutilados] também adoram
- Cheiro de graça no ar
- Vem aí o Congresso ALEF 2024 – “Além dos muros – Quando a igreja abraça a cidade”
- Todos querem Ser milionários
- A visão bíblica sobre a velhice
- Vem aí o Congresso AME: Celebremos e avancemos no Círculo Asiático
- A colheita da fé – A semente caiu em boa terra, e deu fruto
- IV Encontro do MC 60+ reúne idosos de todo o país – Um espaço preferencial
- A era inconclusa