Prateleira
- 19 de junho de 2008
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O vírus da violência
Todos os dias surge algum incidente que toma o lugar do que até ontem nos aterrorizava e nos fazia a seguinte pergunta: Como o ser humano é capaz disso?
Assistimos, passivos muitas vezes, e vivenciamos tudo o que de pior o homem é capaz de cometer por dinheiro, ira, fama ou qualquer outro motivo. Policiais entregando bandidos a outros bandidos, balas perdidas atingindo inocentes, pais matando filhos (e vice-versa), assaltos a hospitais, seqüestros, agressões racistas e muito outros casos horrendos estão aí para quem quiser ver e saber. Todo cuidado é pouco em nossos dias!
A violência tem se espalhado rapidamente como um vírus mortal. Há 8 anos Ultimato publicou o artigo “O vírus da violência” que Prateleira relembra agora. O texto é de Allinges Lenz César Mafra, autora de Vida e Poesia em Davi e Jó, escritora e estilista literária. Boa leitura!
“O que é a violência, senão a expressão do fracasso? O que é o amor — e a paciência —, senão a tradução da vitória? Quando as ruas, as nações, as casas, os casamentos e a família expressam violência, estão apenas confessando sua ira ou inaceitação contra o próprio fracasso ou o medo de fracassar. Posto que o homem que é vitorioso no coração, auto-suficiente em Deus não tem necessidade de manifestar violência. Ou seja: não tem de violar nada, pular cercas, avançar, esmurrar física ou verbalmente, deitar ao chão, humilhar ou acusar mentirosa e iradamente ninguém. Será que é comum alguém feliz consigo mesmo e com Deus bradar de ira, agredir pessoas com qualquer tipo de violência? Se acaso essa pessoa chega a perder o controle e as estribeiras é que ela subitamente largou a mão de Deus. A reação colérica, o familiar faniquito — ou sempre ou vez ou outra — frente a coisas que molestam, humilham, agridem o bem-estar fisiológico ou emocional de uma pessoa revelam apenas um grande vazio de Deus. É como um arroio que vai fluindo, até que algo lhe interrompe o fluxo: ele salta como que em cascata sobre a coisa que lhe criou empecilho no caminho.
Se a pessoa que se encontra frente a algum obstáculo que a surpreende e assusta é dotada daquela força e dignidade inicialmente transmitida pelos pais e a família, e reabastecida em Deus, ela vai resistir a esse obstáculo sem liberar seu descontentamento em gritos, xingamentos, imprecações e agressões. Tudo isso provoca tumulto e medo, mas ainda que o insulto tenha alguma base, se a pessoa tem meios seguros, como o perdão de Deus, então o temor desaparece, e a paz invade o coração da pessoa agredida.
É a ânsia de domínio, de afirmação, de ter mais e mais, de se expandir sobre o outro, de ultrapassá-lo e até mesmo derrubá-lo, de sempre impor a própria vontade o principal ingrediente da ira ou da cólera provocativas da violência. A pessoa não se contenta com o que é ou o que tem — ou o que não tem — e, inundada dessa carência, da impotência em ultrapassar aquele que inveja, zumbe em gritos de cólera. O mundo está extremamente carente de tudo — alimento, remédio, atendimento hospitalar e médico, educação, emprego, dinheiro, mas principalmente de exemplo saudável e de amor. Se o que se gasta com projetos espaciais e com a confecção de bombas termo-nucleares fosse aplicado com o mesmo rigor e interesse no combate à pobreza, à fome e ao desemprego no Terceiro Mundo a humanidade estaria evoluindo como um todo harmonioso e criativo. Infelizmente todos esses problemas têm como fundamento a mais absoluta ausência de Deus entre os valores considerados pelo homem. Porque os pais nunca se lembram de Deus, eles não educam os filhos no temor do Senhor. Não têm conversa, diálogo, olhar carinhoso, ouvido para ouvir queixas e viagens emocionais, tempo para gastar com quem de repente se sente só e quer ser ouvido... Pois se alguém se nega a ouvir — ainda que seja um emaranhado de elucubrações — pode estar cometendo uma tremenda violência! O lar pode portanto se transformar numa prisão turbulenta ou num frio jazigo de almas solitárias e carentes — futuros violentos. A alma dessas crianças, adolescentes e jovens — a caminho da adultice — vai se locupletando de sentimentos daninhos, para si próprios e para a sociedade. E são esses sentimentos perversos que vão para as ruas, invadem praças e cidades e favelas, onde vomitam seu veneno em forma de violência. A violência nasce em pseudo-lares e floresce em pseudo-casamentos e nas ruas. É um contínuo vaivém de lágrimas e sangue. Tudo porque naquele berço inicial o rosto de Deus não se fazia ver. Tudo porque aquele governo e aquelas autoridades eram corruptas, sem o menor temor de Deus.
É preciso lutar contra a violência, exercitando o amor e a paz de Deus, que fogem a todo entendimento. Pois somente Ele pode transmitir sentimentos de perdão e misericórdia aos seres humanos, tão escravos de seus humores, sua ambição, insatisfação e orgulho. É Ele, somente Ele, mediante Jesus Cristo, que deita água fria sobre a água escaldante; que faz da água vinho novo para que a cada dia a vida num lar, num país ou numa cidade valha a pena, e não se queira desistir."
Leia o que Ultimato publicou sobre o assunto
• Retratos da violência, ed. 267
Leia o livro
• Saúde, Violência e Graça, Vários autores
Assistimos, passivos muitas vezes, e vivenciamos tudo o que de pior o homem é capaz de cometer por dinheiro, ira, fama ou qualquer outro motivo. Policiais entregando bandidos a outros bandidos, balas perdidas atingindo inocentes, pais matando filhos (e vice-versa), assaltos a hospitais, seqüestros, agressões racistas e muito outros casos horrendos estão aí para quem quiser ver e saber. Todo cuidado é pouco em nossos dias!
A violência tem se espalhado rapidamente como um vírus mortal. Há 8 anos Ultimato publicou o artigo “O vírus da violência” que Prateleira relembra agora. O texto é de Allinges Lenz César Mafra, autora de Vida e Poesia em Davi e Jó, escritora e estilista literária. Boa leitura!
“O que é a violência, senão a expressão do fracasso? O que é o amor — e a paciência —, senão a tradução da vitória? Quando as ruas, as nações, as casas, os casamentos e a família expressam violência, estão apenas confessando sua ira ou inaceitação contra o próprio fracasso ou o medo de fracassar. Posto que o homem que é vitorioso no coração, auto-suficiente em Deus não tem necessidade de manifestar violência. Ou seja: não tem de violar nada, pular cercas, avançar, esmurrar física ou verbalmente, deitar ao chão, humilhar ou acusar mentirosa e iradamente ninguém. Será que é comum alguém feliz consigo mesmo e com Deus bradar de ira, agredir pessoas com qualquer tipo de violência? Se acaso essa pessoa chega a perder o controle e as estribeiras é que ela subitamente largou a mão de Deus. A reação colérica, o familiar faniquito — ou sempre ou vez ou outra — frente a coisas que molestam, humilham, agridem o bem-estar fisiológico ou emocional de uma pessoa revelam apenas um grande vazio de Deus. É como um arroio que vai fluindo, até que algo lhe interrompe o fluxo: ele salta como que em cascata sobre a coisa que lhe criou empecilho no caminho.
Se a pessoa que se encontra frente a algum obstáculo que a surpreende e assusta é dotada daquela força e dignidade inicialmente transmitida pelos pais e a família, e reabastecida em Deus, ela vai resistir a esse obstáculo sem liberar seu descontentamento em gritos, xingamentos, imprecações e agressões. Tudo isso provoca tumulto e medo, mas ainda que o insulto tenha alguma base, se a pessoa tem meios seguros, como o perdão de Deus, então o temor desaparece, e a paz invade o coração da pessoa agredida.
É a ânsia de domínio, de afirmação, de ter mais e mais, de se expandir sobre o outro, de ultrapassá-lo e até mesmo derrubá-lo, de sempre impor a própria vontade o principal ingrediente da ira ou da cólera provocativas da violência. A pessoa não se contenta com o que é ou o que tem — ou o que não tem — e, inundada dessa carência, da impotência em ultrapassar aquele que inveja, zumbe em gritos de cólera. O mundo está extremamente carente de tudo — alimento, remédio, atendimento hospitalar e médico, educação, emprego, dinheiro, mas principalmente de exemplo saudável e de amor. Se o que se gasta com projetos espaciais e com a confecção de bombas termo-nucleares fosse aplicado com o mesmo rigor e interesse no combate à pobreza, à fome e ao desemprego no Terceiro Mundo a humanidade estaria evoluindo como um todo harmonioso e criativo. Infelizmente todos esses problemas têm como fundamento a mais absoluta ausência de Deus entre os valores considerados pelo homem. Porque os pais nunca se lembram de Deus, eles não educam os filhos no temor do Senhor. Não têm conversa, diálogo, olhar carinhoso, ouvido para ouvir queixas e viagens emocionais, tempo para gastar com quem de repente se sente só e quer ser ouvido... Pois se alguém se nega a ouvir — ainda que seja um emaranhado de elucubrações — pode estar cometendo uma tremenda violência! O lar pode portanto se transformar numa prisão turbulenta ou num frio jazigo de almas solitárias e carentes — futuros violentos. A alma dessas crianças, adolescentes e jovens — a caminho da adultice — vai se locupletando de sentimentos daninhos, para si próprios e para a sociedade. E são esses sentimentos perversos que vão para as ruas, invadem praças e cidades e favelas, onde vomitam seu veneno em forma de violência. A violência nasce em pseudo-lares e floresce em pseudo-casamentos e nas ruas. É um contínuo vaivém de lágrimas e sangue. Tudo porque naquele berço inicial o rosto de Deus não se fazia ver. Tudo porque aquele governo e aquelas autoridades eram corruptas, sem o menor temor de Deus.
É preciso lutar contra a violência, exercitando o amor e a paz de Deus, que fogem a todo entendimento. Pois somente Ele pode transmitir sentimentos de perdão e misericórdia aos seres humanos, tão escravos de seus humores, sua ambição, insatisfação e orgulho. É Ele, somente Ele, mediante Jesus Cristo, que deita água fria sobre a água escaldante; que faz da água vinho novo para que a cada dia a vida num lar, num país ou numa cidade valha a pena, e não se queira desistir."
Leia o que Ultimato publicou sobre o assunto
• Retratos da violência, ed. 267
Leia o livro
• Saúde, Violência e Graça, Vários autores
É jornalista e assistente editorial da Ultimato.
- Textos publicados: 31 [ver]
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