Opinião
- 07 de março de 2016
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O tempo e o vento
Tenho pensado sobre o tempo. Talvez seja a idade cinquentenária, não sei, rica em reflexões para um corpo feminino. Faço uma crônica, então, sobre isso. E crônicas são narrativas do tempo presente, cotidiano, da ordem do Cronos e de sua fúria de dominar a história. Dominando-a, pode-se talvez compreendê-la.
A verdade é que a temática do tempo está presente no nosso dia a dia, nas conversas mais corriqueiras, mesmo quando mencionamos as mudanças climáticas cotidianas, na falta de outros assuntos.
O tempo é também um dos temas permanentes das artes em geral, ao lado do amor e da morte. Uma tríade que se entrelaça o tempo todo (olha o tempo) em sons, poemas, imagens, narrativas que, ao fim, dizem respeito à vida.
Lembrei do romance do mestre Veríssimo, à moda das regiões do sul. Ele é um grande construtor de imagens: O tempo e o Vento. Faz muito tempo (olha o tempo aí outra vez) que li a trilogia épica com histórias do Rio Grande. Não me recordo dos detalhes da obra, mas sei que tudo na narrativa remete à passagem da vida, que é dramática, fugaz, e não se tem controle sobre ela.
Falar do tempo é falar do vento, que tudo leva com o tempo. Recolho da lembrança ainda o também clássico cinematográfico “E o vento levou...”, imagens de tanto tempo (puxa) atrás.
Pensar o tempo é, principalmente, visitar seus estados. O tempo se matiza no corpo, por exemplo, no ato de fecundar, gestar, nascer, crescer, amadurecer, envelhecer e morrer. E se presentifica na mudança de segundos, minutos, horas, dias, noites, semanas, meses, estações, anos, décadas, séculos, milênios. O tempo é um grande novelo, enredando ciclicamente a vida.
Mas viver o tempo é cogitar que só temos o presente nas mãos, presente curto, veloz, já quase ausente, pois nos escapa. Mas ainda presente, provisoriamente presente. Não podemos conter o passado, a não ser na memória; não detemos o futuro, apenas na imaginação. Mas o presente, minúsculo presente, cabe nas mãos.
Ah, é preciso ser sensível ao tempo e ao vento, mesmo quando não sabemos de onde vem o vento, nem para onde vai, com clareza. Não importa. Melhor é deixar-se mover junto às rotas do vento, porque ele se move no tempo e na história.
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Livres da Tirania da Urgência
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De Hoje em Diante
Imagem: Mario Alberto Magallanes Trejo/ Freeimages.com
A verdade é que a temática do tempo está presente no nosso dia a dia, nas conversas mais corriqueiras, mesmo quando mencionamos as mudanças climáticas cotidianas, na falta de outros assuntos.
O tempo é também um dos temas permanentes das artes em geral, ao lado do amor e da morte. Uma tríade que se entrelaça o tempo todo (olha o tempo) em sons, poemas, imagens, narrativas que, ao fim, dizem respeito à vida.
Lembrei do romance do mestre Veríssimo, à moda das regiões do sul. Ele é um grande construtor de imagens: O tempo e o Vento. Faz muito tempo (olha o tempo aí outra vez) que li a trilogia épica com histórias do Rio Grande. Não me recordo dos detalhes da obra, mas sei que tudo na narrativa remete à passagem da vida, que é dramática, fugaz, e não se tem controle sobre ela.
Falar do tempo é falar do vento, que tudo leva com o tempo. Recolho da lembrança ainda o também clássico cinematográfico “E o vento levou...”, imagens de tanto tempo (puxa) atrás.
Pensar o tempo é, principalmente, visitar seus estados. O tempo se matiza no corpo, por exemplo, no ato de fecundar, gestar, nascer, crescer, amadurecer, envelhecer e morrer. E se presentifica na mudança de segundos, minutos, horas, dias, noites, semanas, meses, estações, anos, décadas, séculos, milênios. O tempo é um grande novelo, enredando ciclicamente a vida.
Mas viver o tempo é cogitar que só temos o presente nas mãos, presente curto, veloz, já quase ausente, pois nos escapa. Mas ainda presente, provisoriamente presente. Não podemos conter o passado, a não ser na memória; não detemos o futuro, apenas na imaginação. Mas o presente, minúsculo presente, cabe nas mãos.
Ah, é preciso ser sensível ao tempo e ao vento, mesmo quando não sabemos de onde vem o vento, nem para onde vai, com clareza. Não importa. Melhor é deixar-se mover junto às rotas do vento, porque ele se move no tempo e na história.
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Imagem: Mario Alberto Magallanes Trejo/ Freeimages.com
Silvana Pinheiro é educadora e escritora. Autora do único livro infantil que a Editora Ultimato já publicou (De Bichos Pequenos e Grandes), e que está esgotado há alguns anos. Escreveu também o livro de poemas "Femear", com foco no retrato feminino.
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