Opinião
- 15 de julho de 2022
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O resgate do princípio de bem comum
Por Gilberto Gedaías Alves
O resgate do princípio de “bem comum” é imprescindível para a sobrevivência de uma sociedade cada vez mais individualizada e relativizada. Cabe ao estado perseguir as metas para o devido estabelecimento das condições necessárias ao “bem comum”, mas também cabe à sociedade, representada em seus múltiplos órgãos e aos indivíduos como parte desse todo, a fiscalização das ações do estado no sentido de denunciar toda omissão e atos de corrupção.
O interesse particular não é necessariamente mau, mas, por natureza, é “menos belo e menos divino que o interesse comum”, conforme assevera Aristóteles em Ética a Nicômaco. Já em outro trabalho (Política, parte III), o pensador grego entende e identifica interesse comum com interesse mútuo, por estar alicerçado na reciprocidade dos serviços prestados, ou seja, no governo da maioria, os homens agem em prol do interesse comum, e as leis da cidade são justas quando assumem como finalidade o bem comum.
O princípio do bem comum é um dos balizadores do Projeto Fé Cidadã – transparência pelos direitos de crianças e adolescentes, que acontece em sete cidades do nordeste brasileiro (Maceió, Recife, Jaboatão dos Guararapes, Caruaru, Natal, Campina Grande e Fortaleza).
O projeto trabalha na sensibilização de igrejas, organizações da sociedade civil e órgãos públicos no combate à corrupção, pela transparência das ações do estado com foco nos direitos de crianças e adolescentes. A partir de um mobilizador social, capacita voluntários em cada cidade a identificar indícios de corrupção por meio de varredura em Diários Oficiais e Portal da Transparência.
Visando promover uma cultura de transparência com as novas gerações, oferece oficinas para alunos das escolas municipais com o tema do combate a corrupção, utilizando o material “Com transparência a gente ganha” (disponível para download no site fepas.org.br na aba recursos e materiais), que aborda conceitos de justiça, honestidade, prestação de contas, ética, entre outros. Os adolescentes têm como uma das atividades o monitoramento/fiscalização da alimentação escolar oferecida nas escolas por meio de um aplicativo, além de serem incentivados a apoiar as ações de incidência e fiscalização do grupo local de voluntários.
O objetivo é que os direitos de crianças e adolescentes sejam defendidos e garantidos por meio do enfrentamento à corrupção, muitas vezes presente na implementação de políticas públicas que afetam a vida da população infantil nas cidades.
O Projeto Fé Cidadã é fruto da caminhada da FEPAS há mais de 30 anos na defesa de direitos de crianças e adolescentes, assessorando e apoiando 31 projetos sociais, em diferentes regiões do Brasil com foco na proteção à infância, alcançando com suas atividades mais de 4 mil crianças e suas famílias. Com as igrejas, trabalha sensibilizando e capacitando para que, movidas pela compaixão de Jesus, sejam atentas às necessidades das comunidades do seu entorno com um olhar especial para o público infantil sempre mais exposto às vulnerabilidades. Para a elaboração e implementação do Projeto Fé cidadã, fortaleceu a parceria com a CIBI - Convenção das Igrejas Batistas Independentes do Brasil, que reúne mais de 400 igrejas autônomas além das centenas de congregações, espalhadas por todo o território nacional e também em 14 países, tanto na América Latina como na Europa, África e Janela 10/40. Também é parceria a InterAct, uma denominação cristã sueca que agrega 390 igrejas locais e soma em torno de 29.000 membros, com 180 missionários em mais de 40 países e coopera com organizações nacionais e internacionais em todos os continentes fomentando projetos de desenvolvimento social. Como parceiros técnicos na execução do projeto estão o Instituto Solidare e o Coletivo Ame a Verdade.
O Projeto Fé Cidadã mobilizou a CIBI (Convenção da Igrejas Batistas Independentes do Brasil) a junto com a FEPAS, construir e a apropriar-se de uma política interna anticorrupção. A partir de um grupo formado por lideranças da denominação o documento foi elaborado e abrange toda a denominação. (https://www.cibi.org.br/anticorrupcao/)
Por último, mas não menos importante, temos a campanha de oração “Justiça para as crianças” que mobiliza irmãos e irmãs de várias igrejas a orarem pela equipe e mobilizadores de cada cidade e atividades do projeto. Os pedidos são enviados ao grupo de WhatsApp, através de boletins semanais. A campanha está com um grupo no Brasil/CIBI e outro na Suécia/Interact e estão previstas reuniões online unindo ambos os grupos.
“Corra a justiça como um rio inesgotável” Amós. 5.24
- Gilberto Gedaías Alves, Educador Social da FEPAS
OS CRISTÃOS E O BEM COMUM – O QUE FAZ A VIDA SER BOA PARA TODOS? (JR 29.7)
O subtítulo da matéria de capa traz uma pergunta crucial: o que faz a vida ser boa para todos? A pergunta é crucial pelas respostas, mas também – e antes de tudo – por causa daqueles que fazem a pergunta. Quem faz este tipo de pergunta pensa além de si e de sua “tribo”. Quem pensa nos outros e se importa com eles compartilha da natureza de seu Pai misericordioso e justo.
É disso que trata a matéria de capa da edição de julho-agosto da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
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