Opinião
- 19 de abril de 2019
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O Rei ressurgiu!
Por Luiz Fernando dos Santos
“Ele foi entregue à morte por nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação” (Rm 4.25)
“Ele foi entregue à morte por nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação” (Rm 4.25)
O mistério pascal de Cristo Jesus se encontra no centro da fé bíblica. Toda a Sagrada Escritura gira em torno desse eixo e não há narrativa, instrução, mandamento que não aponte para a obra consumada na paixão, morte e ressurreição de Jesus.
Os crentes do Antigo Testamento receberam a ordenança de celebrar a páscoa como um memorial dos grandes feitos de Deus em sua libertação do Egito: “Ao comerem, estejam prontos para sair: cinto no lugar, sandálias nos pés e cajado na mão. Comam apressadamente. Esta é a Páscoa do Senhor. Naquela mesma noite passarei pelo Egito e matarei todos os primogênitos, tanto dos homens como dos animais, e executarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor! O sangue será um sinal para indicar as casas em que vocês estiverem; quando eu vir o sangue, passarei adiante. A praga de destruição não os atingirá quando eu ferir o Egito. Este dia será um memorial que vocês e todos os seus descendentes o comemorarão como festa ao Senhor. Comemorem-no como decreto perpétuo” (Êx 12.11-14).
O Egito representava toda sorte de sofrimento e amargura para a alma. Era um lugar hostil a Deus e infestado das mais grosseiras e bizarras idolatrias. O faraó de certa maneira representava o próprio inimigo dos crentes; não só desfilava a sua odiosa religião como se apresentava como um deus. Em sua baixeza e maldade o faraó escravizava Israel, matando a sua esperança, assassinando os seus filhos e forçando muitas de suas filhas a casamentos mistos. Enfraquecia a sua capacidade física e mental submetendo-os à dureza do trabalho escravo na construção de monumentos que exaltavam a criatura no lugar do criador.
Assim, o Egito era sinônimo de alienação, escravidão e morte. Todavia, Deus não ficou indiferente á sorte do seu povo: “Disse o Senhor: De fato tenho visto a opressão sobre o meu povo no Egito, e também tenho escutado o seu clamor, por causa dos seus feitores, e sei quanto eles estão sofrendo. Por isso desci para livrá-lo das mãos dos egípcios e tirá-los daqui para uma terra boa e vasta, onde manam leite e mel” (Êx 3.7,8). Deus interveio na história do Povo da Antiga Aliança e o libertou dos seus sofrimentos com sinais, prodígios e grandes milagres e ordenou-lhes que se fizesse a cada ano uma festa em celebração à misericórdia recebida pela graça.
Mas, apresar da dura realidade histórica dos eventos do Êxodo de Israel do Egito, ainda sim tudo era apenas figura, uma sombra da realidade que estava por vir. O verdadeiro cativeiro do homem é o pecado; seu faraó é alguém muito mais terrível, Satanás; e seus grilhões infinitamente mais pesados, a morte. Logo, um libertador maior que Moisés se fazia necessário, tanto quanto os milagres a serem realizados. Mas, o mesmo Deus que ‘desceu’ para libertar Israel, ‘desceu’ até nós na pessoa bendita de Jesus. O Pai o enviou a nós como nosso libertador: “Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido" (Lc 19.10) “e Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados" (Mt 2.21); “Esta afirmação é fiel e digna de toda aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores” (1Tm 1.15).
Este é o sentido pleno, real e substancial da celebração litúrgica da Páscoa da Ressurreição: fazermos memória adorante e agradecida da iniciativa divina em resgatar-nos do pecado, da morte e do inferno. É a festa da graça e da misericórdia por excelência, pois não há nada da parte dos homens que justifique tão grandioso gesto de entrega, tamanha demonstração de amor, tão desconcertante empatia divina. Mas, a festa é apenas um marco temporal, um sinal exterior, o mais importante é vivermos como quem já venceu a morte, andarmos todos os dias em novidade de vida, como que antecipando aquela vida glorificada que nos aguarda nos Reino dos Céus, promovendo os sinais da vida indestrutível de Jesus com as marcas do amor ao próximo, do fazimento da justiça que liberta os homens e promove a vida em abundância.
Em todo tempo e em todo o lugar denunciar os projetos humanos caídos que tiranizam, escravizam e alienam os homens e chamar a todos para a festa da reconciliação. Convidar a todos que abandonem os seus ídolos enganosos e se rendam ao Cristo vencedor da morte. E nele daremos o brado da vitória: “A morte foi destruída pela vitória. Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 15.54-57).
Feliz Páscoa da Ressurreição!
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• Rev. Luiz Fernando dos Santos é Ministro na Igreja Presbiteriana Central de Itapira, casado com Regina, pai da Talita. É coordenador do Departamento de Teologia Pastoral do Seminário Presbiteriano do Sul em Campinas e professor. É professor de Teologia Histórica, Filosofia e Teologia no Seminário Teológico Servo de Cristo em São Paulo.
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Luiz Fernando dos Santos (1970-2022), foi ministro presbiteriano e era casado com Regina, pai da Talita e professor de teologia no Seminário Presbiteriano do Sul e no Seminário Teológico Servo de Cristo.
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