Opinião
- 01 de setembro de 2016
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O que os Jogos Olímpicos me ensinaram sobre o Evangelho?
Por Jorge Guimarães
Os Jogos Olímpicos do Rio chegaram ao fim. A competição desportiva mais importante do calendário mundial vai deixar muitas saudades. Contrariando as expectativas, que previam um desastre de proporções colossais, a organização conseguiu entregar, ainda que com pequenas falhas, uma competição que obteve dos próprios estrangeiros uma boa avaliação. Sim, o saldo foi positivo. Aqueles que estiveram presentes como eu puderam desfrutar de uma estrutura de grande nível. Não se pode ignorar todo o desmando com dinheiro público e o uso político do evento. Porém é inegável que a cidade experimentou naquelas duas semanas, um sentimento real e verdadeiro do quanto pode se desenvolver e tornar-se uma grande metrópole.
Desde a antiguidade, os jogos olímpicos foram um evento grande e valoroso. Tudo começou no ano de 776 a.C. em Olímpia, na Grécia. Ali, representantes de cidades como Tróia, Esparta, Atenas e Creta enviavam seus atletas para participarem de competições desportivas. Os jogos eram o único momento de trégua nas constantes guerras gregas. Algumas modalidades em disputa como: maratona, arremesso de disco e luta olímpica estão presentes no programa olímpico até hoje. Num período que durava cinco dias os participantes eram julgados de forma imparcial e sem distinção. O respeito ao esforço para superar limites era glorificado com ramos de oliveira, que eram colocados em suas cabeças, e até mesmo perpetuados em esculturas que lembravam os feitos de grandes atletas.
O apóstolo Paulo conhecia bem a tradição dos jogos gregos. Na primeira carta escrita à igreja de Corinto, no capítulo 9, ele incentiva os cristãos locais a buscarem como atletas o melhor desempenho para alcançar a vitória espiritual. Prudentemente, ele foca no aspecto esportivo do encontro. Afinal, na mitologia grega, o evento representava uma devoção a Zeus e às divindades que habitavam o Monte Olimpo. Paulo faz uma descrição detalhada de duas modalidades: A corrida de velocidade no versículo 24. “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos na verdade, correm, mas um só leva o prêmio?”. E no verso 26 fala da luta de pugilato. “..assim combato, não como batendo no ar”. O pugilato era uma das três lutas disputadas nos jogos, e nela o competidor só podia usar os punhos para atingir o adversário. A precisão nos golpes era necessária para não desperdiçar energia e vencer o combate.
Da Grécia antiga até o Parque Olímpico da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, o homem evoluiu exponencialmente. Hoje, os atletas estão saltando mais, chegando mais rápido, atacando com mais força e superando os limites a cada edição dos jogos. O esporte oferece uma oportunidade magnífica para se apreciar as potencialidades do corpo humano. Contudo, seu maior valor ainda reside na virtude do caráter. Nos grandes palcos onde se apresentaram, muitos atletas manifestaram sua fé, com a mesma ousadia que ganharam medalhas. Entre tantos o americano David Boudia, que juntamente com seu parceiro Steele Johnson levou a medalha de prata no salto ornamental em plataforma de 10 metros. Assim ele declarou: “..Quando olho para isso (medalha de prata) não me define. Nós dois sabemos que nossa identidade está em Cristo”.
Boudia e Johnson chegaram à mesma conclusão que Paulo, o apóstolo. Na carta escrita para os gregos de Corinto, ele afirma aos inventores dos jogos:
“E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível” (1 Co 9.25).
• Jorge Ferreira Guimarães é estudante de jornalismo e tem formação técnica em roteiro de cinema e TV pela Academia Internacional de Cinema do Rio de Janeiro (RJ). Jorge faz parte da Missão Base, onde trabalha com comunicação e também integra a diretoria estatutária como 1º secretário.
Legenda da foto: Usain Bolt tricampeão nos 200m. Crédito: Rio2016
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