Opinião
- 17 de abril de 2019
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O que não dizer às sobreviventes de violência sexual
Por Adrienne Blomberg
Ao conversarmos com mulheres que sofreram abuso, precisamos oferecer-lhes segurança, e não julgá-las. Devemos estar totalmente disponíveis para ouvi-las e apoiá-las. As palavras erradas podem ser como uma facada no coração, fazendo com que as sobreviventes se sintam ainda mais desesperançadas e sozinhas. Essas mulheres precisam saber que verdadeiramente nos importamos com elas.
Aqui estão algumas coisas altamente inúteis que frequentemente são ditas às sobreviventes:
“O que você estava vestindo?”
Esta pergunta é totalmente irrelevante. O que importa o que ela estava vestindo? Há policiais uniformizadas que foram agredidas. O Departamento de Justiça dos EUA confirmou que não há conexão alguma entre a roupa e as agressões sexuais. Perguntas como esta dão a entender que parte da culpa é da sobrevivente, quando, na verdade, o único culpado é quem cometeu o abuso.
“Por que você não fugiu ou gritou?” ou “O que você estava fazendo lá?”
Mais uma vez, esses comentários sugerem que a sobrevivente, de alguma forma, teve culpa. O abuso ocorre em todas as circunstâncias. Muitas vezes, durante uma agressão, a pessoa que está sendo atacada está em estado de choque. Pergunte a si mesmo: A pessoa não teria corrido, gritado ou evitado o local, se fosse possível? É fácil fazer essas coisas quando você está vulnerável? Como é possível evitar um lugar onde você recebe comida ou uma remuneração de que precisa muito?
“Foi realmente tão ruim assim?” ou “Você tem sorte de não ter sido tão ruim quanto o que aconteceu com a fulana de tal!”
Claro que foi ruim. Não precisamos classificar a experiência. Jamais se deve usar a palavra “sorte” quando se trata de abuso. O que aconteceu mudou a vida da pessoa: não devemos fazer comparações com as experiências dos outros.
“Porque você está chorando? Agora já acabou” ou “Acalme-se”
Essas palavras são totalmente inúteis. Chorar mostra que ainda há emoções, o que é um sinal saudável. Deus nos criou com emoções. A dor, a confusão, a raiva e muitos outros sentimentos precisam ser expressos para que a cura ocorra. Talvez as pessoas que falam essas palavras não saibam lidar com a expressão de emoções.
“Você o perdoou?” ou “Você está orando por ele?”
Como cristãos, podemos ser ferozmente legalistas. Embora o perdão seja um elemento importante do processo de cura, ele leva tempo. Nunca force as sobreviventes a orar por seus agressores: ao invés disso, ore pelas sobreviventes e com elas. Permita que elas se sintam zangadas ou até que desejem a morte do agressor. O tempo virá quando será possível perdoar, um passo de cada vez.
“Tudo faz parte do plano de Deus” ou “Deus disciplina aqueles que ele ama”
Esses comentários são muito cruéis nesse contexto. Deus é um Pai amoroso, que só tem bons planos para nós. Observações semelhantes podem ser feitas em contextos budistas, tais como: “Este deve ser o seu karma”. Sempre assegure à mulher que o abuso nunca faz parte do plano de Deus e que ninguém o merece.
Devemos apoiar nossas irmãs que sofrem com a atitude certa, sem julgá-las e nos colocando ao seu dispor. Aprenda com Provérbios 16:24: “As palavras agradáveis são como um favo de mel, são doces para a alma e trazem cura para os ossos”.
• Adrienne Blomberg é uma consultora que trabalha para a Tearfund na Libéria, apoiando sobreviventes da VSG (violência sexual e de gênero).
Nota: Artigo originalmente publicado no site de Tearfund. Reproduzido com permissão.
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