Opinião
- 25 de janeiro de 2008
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O que fizemos com o Natal e o que vamos fazer com o Ano-Novo
Elben M. Lenz César
Passados os festejos de natal e de ano-novo, é bom fazer um pequeno inventário sobre a qualidade e seriedade dessas comemorações.
Para o comércio foi um sucesso enorme. Em grande parte por causa da decoração de natal. Só os 622 centros comercias brasileiros investiram 350 milhões de reais nesse setor.
A ausência cada vez maior do verdadeiro sentido do natal assustou até pessoas cultas sem nenhum compromisso com o cristianismo. Em sua coluna no Jornal do Brasil, o escritor Fausto Wolf disse que sempre quis acreditar na concepção sobrenatural de Jesus Cristo, na remissão dos pecados através de sua morte, na ressurreição da carne e na vida eterna. Porém, se limita apenas a gostar de Jesus porque este era pobre, ofendido e maltratado assim como nós somos. Ele se queixa dos ricos que, desde Adriano, “encheram Jesus de jóias, perfumaram-no, trancaram-no num palácio longe do povo para melhor poderem explorar esse mesmo povo”. Wolf cita o pronunciamento de alguém que faz sérias acusações: “É no período natalício que os veículos de comunicação em geral e a televisão em particular mais torturam este país. Uma aluvião de bestas do apocalipse cai de uma só vez sobre a pobreza ignorante e a classe média abobalhada: ‘Compre, compre’. Sei da força do Verbo, mas odeio o natal. Creio que só um homem o odiaria mais que eu: [o próprio] Jesus Cristo”.
O filósofo Leandro Konder também protestou: “Como descrente que sou -- marxista convicto irrecuperável -- quero apenas registrar minha expectativa de que o festival consumista em torno de Santa Claus não atrapalhe a celebração do aniversário do Justo”. Até o empresário Antônio Ermínio de Moraes, um dos homens mais ricos do país, desejou, dois dias antes do natal em sua coluna na Folha de São Paulo, que os brasileiros tivessem um “santo natal junto às suas famílias” e que reservassem algum tempo para pedir a Deus que "fortaleça entre nós o amor e o respeito pelo próximo”, porque “a felicidade dos seres humanos não se resume ao êxito econômico”.
É possível que um dia, quando nossos olhos forem verdadeiramente abertos, nós enxerguemos a grandeza do natal na perspectiva dos Evangelhos sinóticos e no Evangelho de João, onde se lê que “no princípio [o mais remoto] era o Verbo [Deus, o Filho], e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus (...) e o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio da graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (João 1.1,14). E, então, a profanação do natal seja confessada com muita tristeza, muitas lágrimas e muito arrependimento.
Ainda há tempo para acertarmos o passo na caminhada iniciada a menos de um mês, quando a entrada do novo ano nos aproximou um pouco mais do fim da história. Que Deus seja propício a cada um de nós!
• Elben M. Lenz César é diretor e redator da Revista Ultimato.
Passados os festejos de natal e de ano-novo, é bom fazer um pequeno inventário sobre a qualidade e seriedade dessas comemorações.
Para o comércio foi um sucesso enorme. Em grande parte por causa da decoração de natal. Só os 622 centros comercias brasileiros investiram 350 milhões de reais nesse setor.
A ausência cada vez maior do verdadeiro sentido do natal assustou até pessoas cultas sem nenhum compromisso com o cristianismo. Em sua coluna no Jornal do Brasil, o escritor Fausto Wolf disse que sempre quis acreditar na concepção sobrenatural de Jesus Cristo, na remissão dos pecados através de sua morte, na ressurreição da carne e na vida eterna. Porém, se limita apenas a gostar de Jesus porque este era pobre, ofendido e maltratado assim como nós somos. Ele se queixa dos ricos que, desde Adriano, “encheram Jesus de jóias, perfumaram-no, trancaram-no num palácio longe do povo para melhor poderem explorar esse mesmo povo”. Wolf cita o pronunciamento de alguém que faz sérias acusações: “É no período natalício que os veículos de comunicação em geral e a televisão em particular mais torturam este país. Uma aluvião de bestas do apocalipse cai de uma só vez sobre a pobreza ignorante e a classe média abobalhada: ‘Compre, compre’. Sei da força do Verbo, mas odeio o natal. Creio que só um homem o odiaria mais que eu: [o próprio] Jesus Cristo”.
O filósofo Leandro Konder também protestou: “Como descrente que sou -- marxista convicto irrecuperável -- quero apenas registrar minha expectativa de que o festival consumista em torno de Santa Claus não atrapalhe a celebração do aniversário do Justo”. Até o empresário Antônio Ermínio de Moraes, um dos homens mais ricos do país, desejou, dois dias antes do natal em sua coluna na Folha de São Paulo, que os brasileiros tivessem um “santo natal junto às suas famílias” e que reservassem algum tempo para pedir a Deus que "fortaleça entre nós o amor e o respeito pelo próximo”, porque “a felicidade dos seres humanos não se resume ao êxito econômico”.
É possível que um dia, quando nossos olhos forem verdadeiramente abertos, nós enxerguemos a grandeza do natal na perspectiva dos Evangelhos sinóticos e no Evangelho de João, onde se lê que “no princípio [o mais remoto] era o Verbo [Deus, o Filho], e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus (...) e o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio da graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (João 1.1,14). E, então, a profanação do natal seja confessada com muita tristeza, muitas lágrimas e muito arrependimento.
Ainda há tempo para acertarmos o passo na caminhada iniciada a menos de um mês, quando a entrada do novo ano nos aproximou um pouco mais do fim da história. Que Deus seja propício a cada um de nós!
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