Opinião
- 06 de novembro de 2014
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O “Príncipe Moderno” e a visão cristã de Estado
No último dia 03 de novembro a comissão executiva do PT (Partido dos Trabalhadores) produziu uma resolução política sobre os rumos do partido a partir das eleições 2014. Observei, nas redes sociais, que ali se desenha uma radicalização da militância “sabendo que pouco tempo lhe resta” (ou muito, sob outro aspecto). Mas a radicalização na verdade é um retorno aos fundamentos, não uma inovação.
Num artigo anterior descrevi o governo atual como servindo a “um projeto hegemônico muito maior, de uma absorção progressiva das forças da sociedade civil para incorporá-las em um processo historicista de revolução social, pilotado pelo partido-estado”. Maior, digo, do que o cuidado com o pobre e o excluído. Ou, em outros termos, que “temos um estado inclinado apossuir a sociedade civil, sendo lentamente possuído por um partido desde sempre possuído por um sonho hegemônico.”
A resolução de anteontem mostra com pureza cristalina que essa é de fato a direção do partido; pilotar um movimento trans e suprapartidário de integração de forças partidárias de esquerda, movimentos da sociedade civil em todos os campos possíveis, das instituições do estado e, na medida do possível, de grandes empresas, em uma potência política central que levará à consumação o socialismo democrático. Nesse processo, realizar-se-á uma “revolução cultural” – confesso-me surpreso com o emprego dessa expressão no texto da resolução – e se dobrarão as forças conservadoras.
Ao lerem minhas críticas a esse movimento “hegemônico”, alguns leitores ficaram impacientes, como se eu estivesse ignorando a hegemonia, por exemplo, do PSDB em São Paulo. Calma gente! “Hegemonia” aqui é um termo técnico para a esquerda democrática, e expressa um projeto de totalismo político que é assimétrico em relação a projetos de poder político de outros partidos, que desejam tão somente atuar na arena política e… ganhar um dinheirinho.
Bem, o que temos aqui é nada menos que o “Príncipe Moderno” de Gramsci; o “partido” como grande movimento de esquerda democrática, e não no sentido de “partido registrado”, é o príncipe que com autoridade supramoral (isso mesmo, ignorando as moralidades tradicionais a atuando com vistas ao poder absoluto) obtém a hegemonia cultural e implementa a reengenharia da sociedade em toda a sua extensão. “Hegemonia”, nesse projeto, é algo muito mais profundo e extensivo do que a longevidade do PSDB no poder; envolve a politização e ocupação (sequestro, eu diria) da sociedade civil como um todo (engajar a educação, movimentos sociais, igrejas, mídia, imprensa, etc).
Seria isso motivo de preocupação, se a nossa sociedade é, afinal, tão injusta, e se já estamos sob a hegemonia do capital? Penso que sim; não vejo porque lutar contra dois gigantes seria mais fácil do que contra um só. A não ser que você considere um deles bom. Não é o meu caso.
(...)
-- Leia o artigo completo no blog do Guilherme de Carvalho.
Num artigo anterior descrevi o governo atual como servindo a “um projeto hegemônico muito maior, de uma absorção progressiva das forças da sociedade civil para incorporá-las em um processo historicista de revolução social, pilotado pelo partido-estado”. Maior, digo, do que o cuidado com o pobre e o excluído. Ou, em outros termos, que “temos um estado inclinado apossuir a sociedade civil, sendo lentamente possuído por um partido desde sempre possuído por um sonho hegemônico.”
A resolução de anteontem mostra com pureza cristalina que essa é de fato a direção do partido; pilotar um movimento trans e suprapartidário de integração de forças partidárias de esquerda, movimentos da sociedade civil em todos os campos possíveis, das instituições do estado e, na medida do possível, de grandes empresas, em uma potência política central que levará à consumação o socialismo democrático. Nesse processo, realizar-se-á uma “revolução cultural” – confesso-me surpreso com o emprego dessa expressão no texto da resolução – e se dobrarão as forças conservadoras.
Ao lerem minhas críticas a esse movimento “hegemônico”, alguns leitores ficaram impacientes, como se eu estivesse ignorando a hegemonia, por exemplo, do PSDB em São Paulo. Calma gente! “Hegemonia” aqui é um termo técnico para a esquerda democrática, e expressa um projeto de totalismo político que é assimétrico em relação a projetos de poder político de outros partidos, que desejam tão somente atuar na arena política e… ganhar um dinheirinho.
Bem, o que temos aqui é nada menos que o “Príncipe Moderno” de Gramsci; o “partido” como grande movimento de esquerda democrática, e não no sentido de “partido registrado”, é o príncipe que com autoridade supramoral (isso mesmo, ignorando as moralidades tradicionais a atuando com vistas ao poder absoluto) obtém a hegemonia cultural e implementa a reengenharia da sociedade em toda a sua extensão. “Hegemonia”, nesse projeto, é algo muito mais profundo e extensivo do que a longevidade do PSDB no poder; envolve a politização e ocupação (sequestro, eu diria) da sociedade civil como um todo (engajar a educação, movimentos sociais, igrejas, mídia, imprensa, etc).
Seria isso motivo de preocupação, se a nossa sociedade é, afinal, tão injusta, e se já estamos sob a hegemonia do capital? Penso que sim; não vejo porque lutar contra dois gigantes seria mais fácil do que contra um só. A não ser que você considere um deles bom. Não é o meu caso.
(...)
-- Leia o artigo completo no blog do Guilherme de Carvalho.
É teólogo, mestre em Ciências da Religião e diretor de L’Abri Fellowship Brasil. Pastor da Igreja Esperança em Belo Horizonte e presidente da Associação Kuyper para Estudos Transdisciplinares, é também organizador e autor de Cosmovisão Cristã e Transformação e membro fundador da Associação Brasileira Cristãos na Ciência (ABC2).
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