Opinião
- 15 de fevereiro de 2016
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O Peter Pan que habita em nós
Mais do que integridade, nossa crise desde há muito, é de paternidade. Homens-meninos, adultescentes funcionais (ou disfuncionais!) insaciáveis em suas conquistas de poder, prazer e fama, educados desde a mais tenra idade, por pais-meninos, cuja satisfação imediata e egóica é o grande valor na vida.
Agora, se este é o quadro instalado, visitando homens de alto a baixo em nosso estrato social, o que poderíamos esperar de um pai que inspirasse ares de mudança? Penso que pelo menos três coisas básicas ajudariam: maturidade, coerência e generatividade.
1. MATURIDADE para assumir responsabilidade por seus atos e, além de bancar-se, bancar a família. É “deixar pai e mãe, unir-se a sua mulher e ser com ela uma só carne, gerando, quando possível, filhos dessa intimidade”. E quando eles nascem, não disputar a preferência da mesma mulher, pois diante da maternidade, a simbiose materno-filial fala mais alto! Pelo menos por um tempo (ou muito tempo!).
2. COERÊNCIA. Dela nossos filhos e cônjuges entendem muito bem! “Faço o que eu digo, mas não faça o que eu faço” nunca funcionou nem vai funcionar. Exemplo simples: “filho não beba!” E aberta ou veladamente eu anestesio a vida bebendo, mais cedo ou mais tarde será desmascarado e possivelmente, imitado. Nossos filhos nos denunciam sempre. Para o bem ou para o mal.
3. GENERATIVIDADE. Conceito não muito conhecido, mas de uma importância fundamental. É a preocupação de comunicar às futuras gerações nosso legado. Qual tem sido ele? Quais são nossos verdadeiros valores? O que, de fato, importa? Bens, conhecimento, ambição, sucesso? O que você quer deixar de herança para seus filhos?
Gostaria de incluir mais uma convicção. Não precisamos ir longe para observarmos nossas limitações e mediocridade no exercício da paternidade. Frequentemente somos, como dizia o cantor Renato Russo, tão meninos quanto nossos filhos. Como outro sábio popular afirmou: “a diferença entre homens e meninos são o preço de seus brinquedos”. Ou seja, brincamos de ser gente-grande sem aquele altruísmo característico dos heróis que admiramos. Por que heróis? Porque em geral mostravam uma dose de coragem, sacrifício e amor maior do que a si próprios! Estamos carentes destes homens... Mas vamos a minha outra convicção, e assim concluo.
Se nos faltam os paradigmas, os modelos familiares, políticos e de outras lideranças, de onde pode nos vir a inspiração que propõe o diferente e faça a diferença em nós e nossa sociedade?
Tenho um. Recorro a Ele com frequência. A paternidade divina!
Sim, Deus tanto amou o mundo que, sacrificialmente, deu seu bem mais precioso: seu Filho. Mas aí você pode pensar: isso é sadismo, crueldade, anti-paternidade! Não se entendemos de que o próprio Pai estava no Filho, amando a humanidade e este filho tinha prazer em servir ao seu Pai que dizia ter nele, o filho, todo o prazer: “este é o meu filho em quem tenho muito prazer” (palavras ouvidas do céu no batismo de Jesus!). Esta mútua relação de amor e doação são o verdadeiro paradigma a ser imitado, ainda que limitado por nossas ondas de egoísmo atroz e carência de reciprocidade.
Creio que esta é a relação que todo filho deseja com seu Pai, e no fundo, todo pai deseja com seu filho, mesmo que camadas e camadas de máscaras pegajosas se acumulem em um mundo que valoriza a aparência mais que a essência.
Chega de “adultescência”! Precisamos urgentemente de homens de verdade. Uma nova geração que enxergue para além de seu umbigo e quintal. Homens de coração valente, a semelhança do filme de Mel Gibson, que não abram mão dos valores mais caros de liberdade, fraternidade e fé! A revolução é silenciosa e precisa começar no coração de cada homem.
E as mulheres? Duas coisas: a primeira é de que sacrifício elas entendem muito bem. Estão a anos luz em nossa frente! Além da “maternagem”, elas são educadas cedo a doarem-se. A segunda coisa... outra hora falo delas!
• Erlo Saul Aurich, 50 anos, é formado em teologia e especializou-se em assessoria familiar (EIRENE) e aconselhamento pastoral (Faculdade Luterana). Atualmente, é pastor da Aliança Bíblica e agente de turismo em Gramado (RS). Erlo é leitor assíduo de Ultimato.
Leia também
Pais santos, filhos nem tanto
Abismos nunca mais
Minha família pode ser feliz
Foto: Jason Nelson / Freeimages.com
Agora, se este é o quadro instalado, visitando homens de alto a baixo em nosso estrato social, o que poderíamos esperar de um pai que inspirasse ares de mudança? Penso que pelo menos três coisas básicas ajudariam: maturidade, coerência e generatividade.
1. MATURIDADE para assumir responsabilidade por seus atos e, além de bancar-se, bancar a família. É “deixar pai e mãe, unir-se a sua mulher e ser com ela uma só carne, gerando, quando possível, filhos dessa intimidade”. E quando eles nascem, não disputar a preferência da mesma mulher, pois diante da maternidade, a simbiose materno-filial fala mais alto! Pelo menos por um tempo (ou muito tempo!).
2. COERÊNCIA. Dela nossos filhos e cônjuges entendem muito bem! “Faço o que eu digo, mas não faça o que eu faço” nunca funcionou nem vai funcionar. Exemplo simples: “filho não beba!” E aberta ou veladamente eu anestesio a vida bebendo, mais cedo ou mais tarde será desmascarado e possivelmente, imitado. Nossos filhos nos denunciam sempre. Para o bem ou para o mal.
3. GENERATIVIDADE. Conceito não muito conhecido, mas de uma importância fundamental. É a preocupação de comunicar às futuras gerações nosso legado. Qual tem sido ele? Quais são nossos verdadeiros valores? O que, de fato, importa? Bens, conhecimento, ambição, sucesso? O que você quer deixar de herança para seus filhos?
Gostaria de incluir mais uma convicção. Não precisamos ir longe para observarmos nossas limitações e mediocridade no exercício da paternidade. Frequentemente somos, como dizia o cantor Renato Russo, tão meninos quanto nossos filhos. Como outro sábio popular afirmou: “a diferença entre homens e meninos são o preço de seus brinquedos”. Ou seja, brincamos de ser gente-grande sem aquele altruísmo característico dos heróis que admiramos. Por que heróis? Porque em geral mostravam uma dose de coragem, sacrifício e amor maior do que a si próprios! Estamos carentes destes homens... Mas vamos a minha outra convicção, e assim concluo.
Se nos faltam os paradigmas, os modelos familiares, políticos e de outras lideranças, de onde pode nos vir a inspiração que propõe o diferente e faça a diferença em nós e nossa sociedade?
Tenho um. Recorro a Ele com frequência. A paternidade divina!
Sim, Deus tanto amou o mundo que, sacrificialmente, deu seu bem mais precioso: seu Filho. Mas aí você pode pensar: isso é sadismo, crueldade, anti-paternidade! Não se entendemos de que o próprio Pai estava no Filho, amando a humanidade e este filho tinha prazer em servir ao seu Pai que dizia ter nele, o filho, todo o prazer: “este é o meu filho em quem tenho muito prazer” (palavras ouvidas do céu no batismo de Jesus!). Esta mútua relação de amor e doação são o verdadeiro paradigma a ser imitado, ainda que limitado por nossas ondas de egoísmo atroz e carência de reciprocidade.
Creio que esta é a relação que todo filho deseja com seu Pai, e no fundo, todo pai deseja com seu filho, mesmo que camadas e camadas de máscaras pegajosas se acumulem em um mundo que valoriza a aparência mais que a essência.
Chega de “adultescência”! Precisamos urgentemente de homens de verdade. Uma nova geração que enxergue para além de seu umbigo e quintal. Homens de coração valente, a semelhança do filme de Mel Gibson, que não abram mão dos valores mais caros de liberdade, fraternidade e fé! A revolução é silenciosa e precisa começar no coração de cada homem.
E as mulheres? Duas coisas: a primeira é de que sacrifício elas entendem muito bem. Estão a anos luz em nossa frente! Além da “maternagem”, elas são educadas cedo a doarem-se. A segunda coisa... outra hora falo delas!
• Erlo Saul Aurich, 50 anos, é formado em teologia e especializou-se em assessoria familiar (EIRENE) e aconselhamento pastoral (Faculdade Luterana). Atualmente, é pastor da Aliança Bíblica e agente de turismo em Gramado (RS). Erlo é leitor assíduo de Ultimato.
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