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Opinião

O perigo da hiperespiritualidade e literalismo bíblico

É lamentável o senso inflado de superioridade espiritual 

Por Paulo Ribeiro

C. S. Lewis afirmava a bondade do mundo material, e desencorajava a visão de mundo excessivamente espiritualizada dos antigos gnósticos, que viam a matéria como má e inimiga do progresso espiritual.
 
O conceito de vida eterna como é entendido hoje, no sentido de uma existência contínua após a morte, não é explicitamente mencionado no Antigo Testamento. A Bíblia hebraica, que forma a base do Antigo Testamento, não fornece ensinamentos detalhados sobre a vida após a morte ou uma crença específica na vida eterna. 
 
No Antigo Testamento, o foco principal está na vida presente e no relacionamento entre Deus e a humanidade dentro do reino terreno. Os hebreus acreditavam na importância de viver uma vida justa e seguir os mandamentos de Deus, com a expectativa de serem abençoados e recompensados em sua existência terrena. 
 
No entanto, é importante notar que existem passagens no Antigo Testamento que aludem à ideia de uma vida após a morte e existência futura além da morte, embora sem fornecer detalhes explícitos. Por exemplo, Daniel 12.2-3, menciona uma ressurreição dos mortos, onde alguns despertarão para a vida eterna e outros para vergonha e desprezo eterno. 
 
Foi no Novo Testamento, principalmente na teologia cristã, que o conceito de vida eterna ganhou mais destaque, com ensinamentos sobre a ressurreição e a promessa da vida eterna pela fé em Jesus Cristo. Paulo escreveu “Se a nossa esperança em Cristo só vale para esta vida, nós somos as pessoas mais infelizes deste mundo” (1Co 15.19).
 
Mas Tiago 1.22 não nos deixa apenas viver na esperança futura e aconselha: “Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando vocês mesmos”.
 
O perigo da hiperespiritualidade é a inatividade prática. Quando nos concentramos em experiências espirituais, podemos negligenciar nossas responsabilidades, relacionamentos e envolvimento com o mundo ao nosso redor. É mais fácil dizer que vai orar por alguém do que ir visitar e ver as necessidades do carente. E o WhatsApp se torna o instrumento para mostrar cuidado e afeição virtual.
 
Numa outra carta, Lewis comenta “Sou grato por descender de um agricultor. A esse elo com a terra devo qualquer medida de energia física e estabilidade que eu tenha. Sem isso eu deveria me transformar em um neurótico sem esperança. Mantenha-se afastado da introspecção, da meditação, do espiritualismo excessivo. Continue trabalhando a sanidade e ao ar livre ... Acima de tudo, cuidado com o devaneio, de se ver no centro do drama, de medos...".
 
O uso de versículos bíblicos e a interpretação literal para fins pessoais e não exegética no contexto de redenção é outra prática comum, que pode levar à hiperespiritualidade se não acompanhada de ações.    
 
Na política, a expressão “Deus acima de tudo” para mim às vezes soa como um insulto a Deus, pois é dita por muitos que banalizam e tentam legitimar ações claramente contrárias à Palavra de Deus.
 
O versículo “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8.32) poderia ser mais bem interpretado como: “Conhecereis a mentira e a mentira vos libertará da verdade”.
 
Em seu livro Cristianismo Puro e Simples, Lewis enfatiza a importância dos aspectos espirituais e materiais da existência humana. Ele argumenta que o cristianismo não é uma retirada do mundo físico para um reino puramente espiritual, mas sim a redenção e a transformação de todos os aspectos da vida humana, incluindo o físico. “Não fomos feitos para ser homens cerebrais nem viscerais nem espirituais, mas homens. Não bestas nem anjos, mas homens — ao mesmo tempo racionais, animais e espirituais".
 
Lewis também expressou preocupação com o que chamou de "orgulho espiritual" ou um senso inflado de superioridade espiritual, que poderia levar a uma negligência do reino físico e a um desrespeito pelas necessidades e responsabilidades da vida cotidiana.
 
Paul Marshall, no livro O Céu Não é Meu Lar, diz que não podemos nos sentir em casa no meio do pecado e do mal, mas por outro lado fomos chamados por Deus para nos sentirmos em casa nesse mundo que Ele nos deu. Quando trabalhamos ou jogamos ou assistimos futebol, quando dormimos ou cantamos, quando estudamos,ou fazemos política etc, não estamos tirando tempo de nossa vida cristã. Estamos vivendo a vida cristã real.  Quando vivemos a vida de forma completa com todas as alegrias, perigos e inconsistências, estamos cumprindo a vontade de Deus.  Santo Agostinho definiu bem: “A Glória de Deus é um ser humano verdadeiramente vivo”. 
 
Portanto neste entretempo, enquanto esperamos a vinda do reino, podemos lutar contra o mal, a dor e o sofrimento em todas as áreas da vida. Vamos esperar, trabalhar e orar por aquele dia em que finalmente a Voz dirá: “Eis que estou fazendo tudo novo!” (Ap 21.5).
 
Finalmente, nos salmos, as dimensões física e espiritual se entrelaçam, refletindo a natureza holística da experiência humana e a conexão entre corpo, mente e alma. Os salmos fornecem uma estrutura para o relacionamento com Deus que abrange os aspectos físicos e espirituais da vida, encorajando a expressar as alegrias, tristezas, esperanças e medos de maneira autêntica e sincera.
 
"Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nem um só de seus benefícios” (Sl 103.1-2).

REVISTA ULTIMATO | MAMOM VERSUS DEUS
 
Ao todo, Jesus contou 38 parábolas. Mais de um terço delas trata de assuntos ligados a posses e riquezas. Há cerca de quinhentos versículos sobre oração na Bíblia. Sobre dinheiro e posses são mais de 2.300.
 
As Escrituras se ocupam desse assunto porque ele é crucial para a fé. Trata-se de onde colocamos nossos afetos e a quem seguimos. Jesus adverte: “Onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração” (Mt 6.21).

É disso que trata a matéria de capa da edição 402 da Revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.

Saiba mais:
» Espiritualidade encarnada para um mundo pós-cristão, René Breuel
» Para Que Serve a Espiritualidade?, Harold Segura C.
» A Espiritualidade, o Evangelho e a Igreja, Ricardo Barbosa de Sousa
» A Espiritualidade na Prática, R. Paul Stevens
» Para Que Serve a Teologia?, Alister McGrath
Doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade de Manchester, na Inglaterra, foi Professor em Universidades nos Estados Unidos, Nova Zelândia e Holanda, e Pesquisador em Centros de Pesquisa (EPRI, NASA). Atualmente é Professor Titular Livre na Universidade Federal de Itajubá, MG. É originário do Vale do Pajeú e torcedor do Santa Cruz.
>> http://lattes.cnpq.br/2049448948386214
>> https://scholar.google.com/citations?user=38c88BoAAAAJ&hl=en&oi=ao

Pesquisa publicada recentemente aponta os cientistas destacados entre o “top” 2% dos pesquisadores de maior influência no mundo, nas diversas áreas do conhecimento. Destes, 600 cientistas são de Instituições Brasileiras. O Professor Paulo F. Ribeiro foi incluído nesta lista relacionado a área de Engenharia Elétrica.
  • Textos publicados: 75 [ver]

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