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- 29 de julho de 2020
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O Peregrino de C. S. Lewis encontra o seu caminho: o primeiro livro escrito por Lewis após a sua conversão
Por Igor Gaspar | Resenha
"Embora a história de Lewis revele sinais de que esta era sua primeira obra de ficção em prosa, o texto é bastante encantador e muitos gostam de relê-lo".
– Colin Duriez
Numa resenha para a Time and Tide em 1954, C. S. Lewis escreveu que o livro O Senhor dos Anéis, do professor Tolkien, era "a conquista de um novo território". De forma semelhante, O Regresso do Peregrino, de C. S. Lewis, é, também, a conquista de um território: um território antigo, porém conquistado de uma nova forma.
Para o leitor de Cristianismo Puro e Simples e das Crônicas de Nárnia, talvez, prima facie, o estilo literário de Lewis neste livro lhe pareça distinto. Isso pode se dever ao fato de Lewis haver escolhido escrevê-lo seguindo o estilo de John Bunyan em sua maravilhosa alegoria The Pilgrim"s Progress [O Progresso do Peregrino].
Fazendo jus ao título, o livro de John Bunyan conta a história do progresso do personagem Cristão, que parte da Cidade da Destruição até alcançar a Cidade Celestial. De forma semelhante, Lewis conta a história de um garoto que parte de sua terra, porém, regressa a ela. E como o caminho para o Céu é um caminho de volta para Casa – seja avançando ou regredindo – os dois livros estão num paralelo semelhante. O jornal americano Chicago Tribune observou que as inferências inteligentes do livro "seu suspense, sua caracterização e seu humor grotesco, está numa comparação favorável com seu grande modelo – O Peregrino, de John Bunyan".
A jornada que Lewis traça em O Regresso do Peregrino é uma jornada de volta, mas, também, de partida. Saindo de sua cidade natal, Puritânia, caminhando por estradas dificultosas, caminhos tortuosos e becos sem saída, e em meio a enganos, ilusões e luxúria, o pequeno John busca encontrar uma ilha que lhe despertou um desejo cativante, nostálgico, forte, intenso, doce e doloroso. A jornada de John é movida por esse bendito desejo que lhe capturou todo o ser desde à infância. Ele parte para terras distantes e, após toda desventura, descobre que o que despertava o desejo estava perto, assim, ele regressa e descobre que há algo maior que a ilha para ser buscado: a Fonte de onde toda beleza veio.
Em seu livro Atormentados, o biógrafo Colin Duriez, antes de aprofundar sua análise sobre O Regresso do Peregrino, traça um breve panorama da obra, observando que: "Em sua história [...] C. S. Lewis imaginou ataques do inferno à alma humana num mapa brilhante do mundo do pensamento dos anos 1920 e do início dos anos 1930, [mas] apesar de descrever o período após a Primeira Guerra Mundial, muito do que é retratado no texto aborda ideias da nossa própria época".
Para aqueles de nós cuja asa da imaginação é mais longa, é possível ver em cenas o que Lewis escreveu em palavras.
O Regresso do Peregrino é precioso tanto do ponto de vista fictício, enquanto história em si e por ser o primeiro livro que Lewis escreveu após a sua conversão, quanto não fictício, pelo prefácio à terceira edição que Lewis escreveu em 1943, onde ele discorre de forma teórica sobre o doce desejo que no livro aparece em forma de fantasia. Os editores da Ultimato bem observaram que o livro "mostra por meio da fantasia o que de outra forma exigiria um tratado de filosofia da religião".
Sendo o desejo, ou a alegria, um dos temas centrais do livro – que também é composto de filosofia, teologia e poesia – fui abençoadamente atingido, enquanto lia, pela bendita flecha disparada do terceiro céu que fez despertar em mim o doce e dolorido desejo. Um pouco distraído, pensei que o desejo poderia ser satisfeito pela chegada de livros que eu esperava, ou pela plenitude do amor romântico, mas descobri, junto com Lewis e John, que se “eu encontro em mim mesmo desejos os quais nada neste mundo pode satisfazer. A única explicação lógica é que eu fui feito para outro mundo”.
O biógrafo Alister McGrath observou que, em língua inglesa, O Regresso do Peregrino “é uma das menos lidas obras de Lewis”. Que não seja em língua portuguesa! Pois como o The New York Times escreveu: "Para muitos, [O Regresso do Peregrino] parecerá um vento fresco soprando em regiões áridas".
• Igor Gaspar é bacharelando em psicologia pela Faculdade Maurício de Nassau, autor do livro "O Grupo Literário de C. S. Lewis: Os Inklings", e membro da Igreja CCA em Caruaru/PE.
>> Conheça também os livros de C. S. Lewis no catálogo da Editora Ultimato
Leia mais:
» Os artigos sobre C. S. Lewis e suas ideias
» C. S. Lewis: ficção, alegorias e mitos podem fortalecer a fé cristã?
"Embora a história de Lewis revele sinais de que esta era sua primeira obra de ficção em prosa, o texto é bastante encantador e muitos gostam de relê-lo".
– Colin Duriez
Numa resenha para a Time and Tide em 1954, C. S. Lewis escreveu que o livro O Senhor dos Anéis, do professor Tolkien, era "a conquista de um novo território". De forma semelhante, O Regresso do Peregrino, de C. S. Lewis, é, também, a conquista de um território: um território antigo, porém conquistado de uma nova forma.
Para o leitor de Cristianismo Puro e Simples e das Crônicas de Nárnia, talvez, prima facie, o estilo literário de Lewis neste livro lhe pareça distinto. Isso pode se dever ao fato de Lewis haver escolhido escrevê-lo seguindo o estilo de John Bunyan em sua maravilhosa alegoria The Pilgrim"s Progress [O Progresso do Peregrino].
Fazendo jus ao título, o livro de John Bunyan conta a história do progresso do personagem Cristão, que parte da Cidade da Destruição até alcançar a Cidade Celestial. De forma semelhante, Lewis conta a história de um garoto que parte de sua terra, porém, regressa a ela. E como o caminho para o Céu é um caminho de volta para Casa – seja avançando ou regredindo – os dois livros estão num paralelo semelhante. O jornal americano Chicago Tribune observou que as inferências inteligentes do livro "seu suspense, sua caracterização e seu humor grotesco, está numa comparação favorável com seu grande modelo – O Peregrino, de John Bunyan".
A jornada que Lewis traça em O Regresso do Peregrino é uma jornada de volta, mas, também, de partida. Saindo de sua cidade natal, Puritânia, caminhando por estradas dificultosas, caminhos tortuosos e becos sem saída, e em meio a enganos, ilusões e luxúria, o pequeno John busca encontrar uma ilha que lhe despertou um desejo cativante, nostálgico, forte, intenso, doce e doloroso. A jornada de John é movida por esse bendito desejo que lhe capturou todo o ser desde à infância. Ele parte para terras distantes e, após toda desventura, descobre que o que despertava o desejo estava perto, assim, ele regressa e descobre que há algo maior que a ilha para ser buscado: a Fonte de onde toda beleza veio.
Em seu livro Atormentados, o biógrafo Colin Duriez, antes de aprofundar sua análise sobre O Regresso do Peregrino, traça um breve panorama da obra, observando que: "Em sua história [...] C. S. Lewis imaginou ataques do inferno à alma humana num mapa brilhante do mundo do pensamento dos anos 1920 e do início dos anos 1930, [mas] apesar de descrever o período após a Primeira Guerra Mundial, muito do que é retratado no texto aborda ideias da nossa própria época".
Para aqueles de nós cuja asa da imaginação é mais longa, é possível ver em cenas o que Lewis escreveu em palavras.
O Regresso do Peregrino é precioso tanto do ponto de vista fictício, enquanto história em si e por ser o primeiro livro que Lewis escreveu após a sua conversão, quanto não fictício, pelo prefácio à terceira edição que Lewis escreveu em 1943, onde ele discorre de forma teórica sobre o doce desejo que no livro aparece em forma de fantasia. Os editores da Ultimato bem observaram que o livro "mostra por meio da fantasia o que de outra forma exigiria um tratado de filosofia da religião".
Sendo o desejo, ou a alegria, um dos temas centrais do livro – que também é composto de filosofia, teologia e poesia – fui abençoadamente atingido, enquanto lia, pela bendita flecha disparada do terceiro céu que fez despertar em mim o doce e dolorido desejo. Um pouco distraído, pensei que o desejo poderia ser satisfeito pela chegada de livros que eu esperava, ou pela plenitude do amor romântico, mas descobri, junto com Lewis e John, que se “eu encontro em mim mesmo desejos os quais nada neste mundo pode satisfazer. A única explicação lógica é que eu fui feito para outro mundo”.
O biógrafo Alister McGrath observou que, em língua inglesa, O Regresso do Peregrino “é uma das menos lidas obras de Lewis”. Que não seja em língua portuguesa! Pois como o The New York Times escreveu: "Para muitos, [O Regresso do Peregrino] parecerá um vento fresco soprando em regiões áridas".
• Igor Gaspar é bacharelando em psicologia pela Faculdade Maurício de Nassau, autor do livro "O Grupo Literário de C. S. Lewis: Os Inklings", e membro da Igreja CCA em Caruaru/PE.
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