Opinião
- 07 de agosto de 2015
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O marido de Maria e pai de Jesus
No relato bíblico do Advento, Maria tem um papel preponderante. Não consideramos a história a partir da perspectiva do pai. José tem pouca importância, aparece em segundo plano.
Lemos profecias no Antigo Testamento sobre a virgem que conceberá e dará a luz a um filho e o chamará Emanuel. No Novo Testamento, um anjo fala com ela e no “Magnificat” ela canta como foi honrada por Deus e que todas as gerações a considerarão bem-aventurada.
Diante de uma Maria tão íntima de Deus, celebrada por todos, como fica José? Qual o papel dele nessa história? Qual sua importância nessa família? Não há menção da vida de José, exceto no nascimento de Jesus e quando este, aos doze anos, vai ao Templo.
José não viu seu filho adulto, sua morte e sua ressurreição, e provavelmente morreu quando Jesus tinha entre 12 e 30 anos de idade. Não há registro no Novo Testamento de uma só palavra que José teria dito. Ele não foi predito no Antigo Testamento e até as ordens de Deus foram dadas por anjos ou através de sonhos. José deve ter se perguntado: qual a minha contribuição? Como poderei servi-lo?
José teve o privilégio único de ser pai (no sentido da paternidade humana) de Jesus Cristo. Pouco pode fazer um pai no nascimento de um filho. Apoiar, cortar o cordão, observar de fora, a cena é toda da mãe. Mas, nos momentos que se seguem, nos anos da infância e da adolescência, a presença, os gestos, as atitudes, as palavras do marido e do pai são fundamentais para a estruturação, a proteção e a integridade física e emocional da família.
Sabemos que a ausência da figura paterna gera transtornos e famílias disfuncionais. Não foi assim na família de José, ele estava presente. Ele foi um dos instrumentos de Deus na formação de Jesus Cristo. Sabemos que Jesus aprendeu diretamente do Espírito e das Escrituras, mas certamente também aprendeu do exemplo do seu pai José.
O que poderia ter oferecido José a Jesus senão uma paternidade amorosa, presente, protetora, dando o exemplo de amar e servir a Deus com sua própria vida?
O noivado naquela época era mais importante do que hoje. Acordo público entre duas famílias. Aspecto familiar, legal que selava de maneira definitiva o compromisso entre dois jovens. José descobre que Maria está grávida sem que ele a houvesse tocado. Estava grávida “de outro”! Isso configurava adultério e a dureza da lei mandava apedrejar.
José, sem saber do anúncio dos anjos, da concepção virginal pelo Espírito Santo, sem ainda ter conversado com Maria, no seu coração terno e bondoso, não queria vingança, mas decide proteger a reputação e a vida daquela a quem ama. Quantos de nós faríamos o mesmo?
José poderia crer que Maria se relacionou com outro na véspera de seu casamento, mas no lugar de vingar a possível traição, no lugar de se refugiar em sua ferida exigindo a reparação, ele resolve deixá-la secretamente, abre mão de sua prerrogativa de noivo, não acusa nem se vinga. José é uma expressão da graça de Deus. Esta atitude certamente influenciaria Jesus nos próximos anos: a atitude de um pai que, ao invés de agressividade e vingança, buscava maneiras de fazer o bem e abençoar as pessoas que amava, mesmo quando ferido por elas.
Como somos na qualidade de maridos e pais? Muitas esposas e filhos vivem no temor de fazer algo errado, algo que possa despertar a violência e o desprezo de seus maridos e pais. Com medo de errar, tornam-se previsíveis, sem criatividade, não arriscam, são reprimidos, enterrando seu potencial. Homens que lidam com o erro da mulher e dos filhos na ótica da bronca e da cara feia.
Certamente Jesus aprendeu com o coração bondoso, abençoador e protetor de José
Tão logo José soube do plano de Deus, ele se casou com Maria, preservando-a de qualquer acusação e assumindo publicamente o filho como dele. Ele adotou Jesus. Ele protegeu Maria na viagem da Galileia para Belém. Noventa quilômetros, subida íngreme com a mulher grávida de nove meses.
Ele protegeu Maria e Jesus da insanidade homicida de Herodes, exilando-se com os dois no Egito. Proteção e provisão numa longa viagem e na instalação em uma terra estranha. José os levou de volta a Nazaré, sãos e salvos. Ele proveu um lar e, com seu ofício de carpinteiro, sustentou a sua família, inclusive os outros filhos que teve com Maria.
Uma das tragédias de nosso tempo é a da ausência paterna. Muitos filhos crescem órfãos de pais vivos, criados basicamente pela mãe. Pouco contato prolongado, significativo e afetivo entre pais e filhos. José ofereceu presença, proteção, provisão e afeto à sua família. Esse foi seu chamado e vocação como homem.
José foi provedor e protetor de sua família e certamente foi fundamental na formação do menino, do adolescente e do jovem Jesus Cristo
José estava sempre pronto a obedecer, mesmo diante de ordens que lhe pareceram estranhas: casar com a noiva grávida de outro; fugir às pressas para o Egito com sua família e depois de instalado voltar para sua casa em Nazaré. Ele não argumentou, não discutiu, não hesitou, não adiou, não racionalizou. Ele fez o que o Senhor o mandou fazer.
Como pais, desejamos tanto que nossos filhos sejam bons cristãos, honestos, obedientes, respeitadores, generosos, aplicados e não queremos que gastem seus dias conectados às redes sociais ou videogames; não queremos que andem com más companhias. Mas será que damos o exemplo? O maior dano que podemos fazer as próximas gerações é o de falar, ensinar e exigir comportamentos e atitudes que nós mesmos não vivemos.
Deus escolhe José, um homem obediente, para ser o pai terreno de Cristo, para criar aquele menino que um dia obedeceria a ordem de dar a sua própria vida na cruz. Jesus certamente aprendeu a obediência por meio do exemplo de seu pai adotivo, José.
Se os magos tinham incenso, ouro e mirra para oferecer a Jesus, se Maria tinha seu útero, o seu seio e sua dedicação, José tinha o exemplo de sua vida
Ele amou Maria, sua esposa, com um amor perdoador, gracioso, generoso e abençoador num momento adverso e doloroso. Ele assumiu as responsabilidades de prover, proteger, amar e estar presente com sua família, apesar das circunstâncias perigosas e instáveis. Ele era um homem obediente a Deus, obedecia de imediato e de coração, sem argumentar ou hesitar. Estas qualidades ele ofereceu à sua família e elas foram fundamentais na formação de Jesus. José não foi uma figura proeminente nas Escrituras, mas sua vida discreta e íntegra foi essencial para que a história do Evangelho fosse escrita.
O impacto de José sobre a sua família, na vida de Jesus e na história não é pelo que ele falou, sua linguagem, persuasão, pregação, liderança religiosa, prestígio, poder, mas pelo que viveu. Lemos nos Evangelhos que, já conhecido e com certa notoriedade, Jesus volta a Nazaré sua cidade natal e o povo pergunta: “Não é este o filho do carpinteiro?”. Apesar de não crerem em Cristo, eles reconheceram que Jesus era filho do quieto e discreto carpinteiro da aldeia.
Jesus Cristo tem seus títulos messiânicos como Filho de Deus, o Filho do Homem e Filho de Davi. Mas é também lembrado na sua identidade como o “Filho do Carpinteiro”.
• Osmar Ludovico da Silva foi pastor durante trinta anos e hoje dedica-se a dirigir grupos de formação espiritual. Seu livro "Meditatio" inspirou a criação do Jardim de Oração, nos fundos da Editora Ultimato.
Ilustração: Bíblia para Crianças - Editora Sinodal, 2002.
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Sabemos que a ausência da figura paterna gera transtornos e famílias disfuncionais. Não foi assim na família de José, ele estava presente. Ele foi um dos instrumentos de Deus na formação de Jesus Cristo. Sabemos que Jesus aprendeu diretamente do Espírito e das Escrituras, mas certamente também aprendeu do exemplo do seu pai José.
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José, sem saber do anúncio dos anjos, da concepção virginal pelo Espírito Santo, sem ainda ter conversado com Maria, no seu coração terno e bondoso, não queria vingança, mas decide proteger a reputação e a vida daquela a quem ama. Quantos de nós faríamos o mesmo?
José poderia crer que Maria se relacionou com outro na véspera de seu casamento, mas no lugar de vingar a possível traição, no lugar de se refugiar em sua ferida exigindo a reparação, ele resolve deixá-la secretamente, abre mão de sua prerrogativa de noivo, não acusa nem se vinga. José é uma expressão da graça de Deus. Esta atitude certamente influenciaria Jesus nos próximos anos: a atitude de um pai que, ao invés de agressividade e vingança, buscava maneiras de fazer o bem e abençoar as pessoas que amava, mesmo quando ferido por elas.
Como somos na qualidade de maridos e pais? Muitas esposas e filhos vivem no temor de fazer algo errado, algo que possa despertar a violência e o desprezo de seus maridos e pais. Com medo de errar, tornam-se previsíveis, sem criatividade, não arriscam, são reprimidos, enterrando seu potencial. Homens que lidam com o erro da mulher e dos filhos na ótica da bronca e da cara feia.
Certamente Jesus aprendeu com o coração bondoso, abençoador e protetor de José
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Ele protegeu Maria e Jesus da insanidade homicida de Herodes, exilando-se com os dois no Egito. Proteção e provisão numa longa viagem e na instalação em uma terra estranha. José os levou de volta a Nazaré, sãos e salvos. Ele proveu um lar e, com seu ofício de carpinteiro, sustentou a sua família, inclusive os outros filhos que teve com Maria.
Uma das tragédias de nosso tempo é a da ausência paterna. Muitos filhos crescem órfãos de pais vivos, criados basicamente pela mãe. Pouco contato prolongado, significativo e afetivo entre pais e filhos. José ofereceu presença, proteção, provisão e afeto à sua família. Esse foi seu chamado e vocação como homem.
José foi provedor e protetor de sua família e certamente foi fundamental na formação do menino, do adolescente e do jovem Jesus Cristo
José estava sempre pronto a obedecer, mesmo diante de ordens que lhe pareceram estranhas: casar com a noiva grávida de outro; fugir às pressas para o Egito com sua família e depois de instalado voltar para sua casa em Nazaré. Ele não argumentou, não discutiu, não hesitou, não adiou, não racionalizou. Ele fez o que o Senhor o mandou fazer.
Como pais, desejamos tanto que nossos filhos sejam bons cristãos, honestos, obedientes, respeitadores, generosos, aplicados e não queremos que gastem seus dias conectados às redes sociais ou videogames; não queremos que andem com más companhias. Mas será que damos o exemplo? O maior dano que podemos fazer as próximas gerações é o de falar, ensinar e exigir comportamentos e atitudes que nós mesmos não vivemos.
Deus escolhe José, um homem obediente, para ser o pai terreno de Cristo, para criar aquele menino que um dia obedeceria a ordem de dar a sua própria vida na cruz. Jesus certamente aprendeu a obediência por meio do exemplo de seu pai adotivo, José.
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Ele amou Maria, sua esposa, com um amor perdoador, gracioso, generoso e abençoador num momento adverso e doloroso. Ele assumiu as responsabilidades de prover, proteger, amar e estar presente com sua família, apesar das circunstâncias perigosas e instáveis. Ele era um homem obediente a Deus, obedecia de imediato e de coração, sem argumentar ou hesitar. Estas qualidades ele ofereceu à sua família e elas foram fundamentais na formação de Jesus. José não foi uma figura proeminente nas Escrituras, mas sua vida discreta e íntegra foi essencial para que a história do Evangelho fosse escrita.
O impacto de José sobre a sua família, na vida de Jesus e na história não é pelo que ele falou, sua linguagem, persuasão, pregação, liderança religiosa, prestígio, poder, mas pelo que viveu. Lemos nos Evangelhos que, já conhecido e com certa notoriedade, Jesus volta a Nazaré sua cidade natal e o povo pergunta: “Não é este o filho do carpinteiro?”. Apesar de não crerem em Cristo, eles reconheceram que Jesus era filho do quieto e discreto carpinteiro da aldeia.
Jesus Cristo tem seus títulos messiânicos como Filho de Deus, o Filho do Homem e Filho de Davi. Mas é também lembrado na sua identidade como o “Filho do Carpinteiro”.
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