Opinião
- 11 de maio de 2023
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O francês que revolucionou a historiografia protestante brasileira
Por Marcone Bezerra Carvalho
Um livro bem conhecido dos historiadores é A Escola dos Annales (1929-1989): A Revolução Francesa da Historiografia, de Peter Burke. Com sua proposta interdisciplinar, crítica e com aspirações de globalidade, os Annales foram, de fato, um movimento divisor de águas no campo da história. Até aí, nenhuma novidade. O que nem todos sabem, contudo, é que um integrante da primeira geração dos Annales ensinou na Universidade de São Paulo e escreveu uma obra que se tornou a mais influente sobre o protestantismo nacional. O francês Émile Léonard mudou os rumos da historiografia evangélica com seu O Protestantismo Brasileiro, texto clássico e ainda não superado, passadas sete décadas desde sua elaboração.
Émile Léonard no Brasil
Quando desembarcou na cidade de São Paulo, em maio de 1948, Léonard era um completo desconhecido entre os brasileiros. Mas não era assim em sua pátria. Por lá, já era respeitado como medievalista e especialista em história do protestantismo francês. Sobre este último tópico, havia publicado, além de artigos, os livros Uma vila de obstinados, Os protestantes de Aubais..., Problemas e experiências do protestantismo francês e História eclesiástica dos reformados franceses no século XVIII. Pelas revistas e editoras que publicaram suas pesquisas e pela correspondência trocada com Marc Bloch, Lucien Febvre e Fernand Braudel, fica evidente que Léonard estava inserido no mais alto círculo da produção historiográfica francesa.
Sua vinda ao Brasil se deveu à indicação de Febvre, para substituir Braudel como professor de História da Civilização Moderna e Contemporânea na USP. Naquele mesmo ano, Léonard assumiu o posto de docente da École Prátique des Hautes Études, da Sorbonne. Até o fim de 1950, ele alternaria um semestre em São Paulo e outro em Paris.
Por que, sendo medievalista, veio ensinar história contemporânea? Léonard nutria grande desejo de conhecer as igrejas evangélicas daqui. Sabendo disso, seu amigo Febvre, impossibilitado de aceitar o convite para suceder a Braudel, indicou-o em seu lugar. O interesse de Léonard pelo Brasil era movido pela vontade de estudar o florescente protestantismo local, dado que, na Europa daqueles dias, era corrente a ideia de que o movimento iniciado por Lutero, Calvino e cia. não podia vingar em sociedades latinas.
Léonard visitou igrejas e seminários de diferentes denominações e dialogou com pastores e fieis. Em algumas ocasiões ocupou o púlpito e falou aos presbiterianos de São Paulo e Santos e também aos membros da Igreja Evangélica Brasileira, no Rio de Janeiro.
A fim de entender mais a fundo as características das igrejas, além dos livros que tomou emprestados de alguns pastores, muito se beneficiou das informações dadas por Isaac N. Salum, Júlio A. Ferreira, Boanerges Ribeiro e Armando P. de Oliveira. Quanto à cultura e literatura brasileiras, contou com a ajuda de seu compatriota Roger Bastide. Sobre os membros da Congregação Cristã no Brasil, as anotações que Antonio Candido de Mello e Souza fez em pesquisa de campo foram fundamentais. Aliás, Léonard ficou com o caderno do professor.
A produção leonardiana sobre o protestantismo brasileiro
Trabalhador feroz, Léonard não perdia tempo. O fato de a família ter ficado na França contribuiu para dedicar-se exclusivamente à docência e à pesquisa. Artigos seus apareceram nos jornais O Estado de São Paulo, O Presbiteriano Conservador e Cooperador Cristão ainda em 1948.
No primeiro semestre de 1949 veio a lume, em seu país, L"Église presbytérienne du Brésil et ses expériences ecclésiastiques (O presbiterianismo brasileiro e suas experiências eclesiásticas, Editora Monergismo, 2014). Como calvinista que era, o presbiterianismo foi naturalmente seu primeiro objeto de estudo. Ademais, uma circunstância mostrou-se propícia para isso: na USP havia professores e estudantes ligados a essa tradição. Esse era o caso de Otoniel Mota, Lívio Teixeira, Theodoro H. Maurer Jr., Isaac N. Salum, Linneu de C. Schützer e Odilon N. de Matos.
A ampliação da referida obra resultou numa sequência de oito artigos que apareceram na Revista de História da USP em 1951 e 1952. O título da série era O Protestantismo Brasileiro. Estudo de Eclesiologia e História Social. Esse escrito teve, até sua publicação em livro, um percurso curioso. Em carta a Salum, datada de 20 de abril de 1961, o autor diz: “Fiquei um pouco triste que este livro tenha sido publicado na Revista”. Sua intenção era que tivesse sido impresso pela Casa Editora Presbiteriana e ele “não entendia porque o Sr. Pastor Boanerges Ribeiro não pôde ou não quis realizar o projeto com o Sr. Simões de Paula” [diretor da Revista]. Por volta de 1959, Linneu Schützer lhe escreveu sugerindo retomar o projeto de publicação “com algum outro editor que encontrasse; mas o caso ficou em silêncio, sem dúvida por culpa minha”. Esta frase sugere que Léonard não contestou a proposta. Felizmente, ele respondeu a de Salum e autorizou a publicação. Sobre os direitos, disse: “Se eu receber, isto me permitiria publicar uma edição francesa desta obra, onde eu coloquei muito de meu coração”. Ele faleceu antes de ver o livro, que foi lançado em 1963 pela ASTE e reeditado em 1981 e 2002. A obra é a primeira análise acadêmica do movimento evangélico nacional.
Se O Protestantismo Brasileiro versa sobre as denominações tradicionais, L’illuminisme dans un protestantisme de constitution récente (Brésil) diz respeito ao movimento pentecostal. O título requer esclarecimentos. Léonard usa o termo iluminismo como sinônimo de iluminação, luz divina. Quanto à expressão protestantismo de constituição recente, esse era o caso brasileiro em comparação ao francês, ou seja, nosso protestantismo era novo, recente, em relação ao da França, que naquele momento beirava seu quarto centenário. Essa obra se concentra nas denominações Congregação Cristã no Brasil, Assembleia de Deus e, especialmente, Igreja Evangélica Brasileira, que é a mais antiga manifestação iluminista em nosso país (1879). O livro é o primeiro estudo acadêmico do pentecostalismo brasileiro. Lançado em 1952, somente em 1988 O iluminismo num protestantismo de constituição recente foi publicado por aqui, sendo reeditado em 2015 pela Editora Monergismo.
Além desses textos, todos redigidos entre 1948 e 1952, nos anos seguintes Léonard publicou artigos sobre o Brasil em revistas e obras coletivas na França. Todos esses foram reunidos na coletânea Protestantismo e História: Brasil e França na visão de Émile Léonard (Editora Mackenzie, 2013).
A historiografia protestante depois de Léonard
O livro que realmente abriu novos caminhos e se tornou indispensável para os que pesquisam a evolução do movimento evangélico é O Protestantismo Brasileiro. A fecundidade dessa obra é impressionante. Diversas razões ajudam a entender o impacto que causou na reflexão sobre o assunto em nossas latitudes.
Antes de Léonard, a historiografia do protestantismo nacional tinha um perfil marcadamente eclesiástico, focado nas questões denominacionais. Exemplos disso são as obras de Asa Crabtree e Antônio de M. Neves (batistas), Themudo Lessa e Domingos Ribeiro (presbiterianos) e as de James Kennedy e Paul E. Buyers (metodistas). São textos de natureza descritiva, que exaltam os pioneiros. Todos estes autores tinham preparo (formal ou autodidata) em teologia e eram membros dos grupos sobre os quais escreveram. Essa não era a situação do estudioso francês.
Outra diferença é o repertório teórico e a abordagem de Léonard. Historiador profissional, em O Protestantismo Brasileiro vemos a ampliação do conceito de fontes históricas, a interpretação do religioso em seu contexto social e o enfoque da história-problema, em contraste com o da história factual. Em outras palavras: uma história analítica, crítica, questionadora, sem interesse de apontar lições extraídas do esforço de missionários e personagens nacionais.
Como é caraterístico de qualquer texto clássico, o livro é importante não apenas pelo seu conteúdo, mas também por aquilo que sugere, pelos caminhos que mostra. Algumas ideias ou vias abertas por Léonard foram exploradas em trabalhos acadêmicos (ou de nível acadêmico) por Waldo César, Beatriz M. de Souza, Carl J. Hahn, David G. Vieira, Cândido P. de Camargo, Boanerges Ribeiro, Rubem Alves e Antonio G. Mendonça – para citar os mais conhecidos. Além de ensejar novas pesquisas, o livro passou a ser um ponto de referência para autores que não estudaram o protestantismo, mas que precisaram ler sobre o mesmo. Esse é o caso, dentre outros, de Gilberto Freyre, José Honório Rodrigues e Roger Bastide. Em resumo, o texto tem sido de utilidade para evangélicos e não evangélicos.
Essas razões nos permitem dimensionar o quão renovador esse livro foi para a historiografia protestante em nosso país. Talvez seja por isso que, mesmo não tendo sido o primeiro autor a usar a expressão protestantismo brasileiro, foi o que lhe deu projeção e a alçou à categoria de campo de estudos na academia nacional.
Ao responder a consulta sobre a publicação de seu texto, Léonard declarou: “Isto acabou com um silêncio que pesava sobre mim. Ajude-me a não cair novamente nele. O Brasil tem sido tão acolhedor para mim, e eu aprendi tanta coisa que me é doloroso parecer ingrato”. À sua manifestação de gratidão, dizemos: nós que lhe agradecemos, professor.
Legenda das imagens
1. Léonard, o professor Cruz Costa e Lucien Febvre em Itanhaém (litoral de São Paulo). Setembro de 1949.
Saiba mais:
» A Caminhada Cristã na História – A Bíblia, a igreja e a sociedade ontem e hoje, Alderi Souza de Matos
» Mochila nas Costas e Diário na Mão – A fascinante história de Ashbel Green Simonton, Elben Magalhães Lenz César
» Para Que Serve a Teologia? – Sabedoria, Significado e Beleza, Alister McGrath
» A contribuição protestante à educação superior
Um livro bem conhecido dos historiadores é A Escola dos Annales (1929-1989): A Revolução Francesa da Historiografia, de Peter Burke. Com sua proposta interdisciplinar, crítica e com aspirações de globalidade, os Annales foram, de fato, um movimento divisor de águas no campo da história. Até aí, nenhuma novidade. O que nem todos sabem, contudo, é que um integrante da primeira geração dos Annales ensinou na Universidade de São Paulo e escreveu uma obra que se tornou a mais influente sobre o protestantismo nacional. O francês Émile Léonard mudou os rumos da historiografia evangélica com seu O Protestantismo Brasileiro, texto clássico e ainda não superado, passadas sete décadas desde sua elaboração.
Émile Léonard no Brasil
Quando desembarcou na cidade de São Paulo, em maio de 1948, Léonard era um completo desconhecido entre os brasileiros. Mas não era assim em sua pátria. Por lá, já era respeitado como medievalista e especialista em história do protestantismo francês. Sobre este último tópico, havia publicado, além de artigos, os livros Uma vila de obstinados, Os protestantes de Aubais..., Problemas e experiências do protestantismo francês e História eclesiástica dos reformados franceses no século XVIII. Pelas revistas e editoras que publicaram suas pesquisas e pela correspondência trocada com Marc Bloch, Lucien Febvre e Fernand Braudel, fica evidente que Léonard estava inserido no mais alto círculo da produção historiográfica francesa.
Sua vinda ao Brasil se deveu à indicação de Febvre, para substituir Braudel como professor de História da Civilização Moderna e Contemporânea na USP. Naquele mesmo ano, Léonard assumiu o posto de docente da École Prátique des Hautes Études, da Sorbonne. Até o fim de 1950, ele alternaria um semestre em São Paulo e outro em Paris.
Por que, sendo medievalista, veio ensinar história contemporânea? Léonard nutria grande desejo de conhecer as igrejas evangélicas daqui. Sabendo disso, seu amigo Febvre, impossibilitado de aceitar o convite para suceder a Braudel, indicou-o em seu lugar. O interesse de Léonard pelo Brasil era movido pela vontade de estudar o florescente protestantismo local, dado que, na Europa daqueles dias, era corrente a ideia de que o movimento iniciado por Lutero, Calvino e cia. não podia vingar em sociedades latinas.
Léonard visitou igrejas e seminários de diferentes denominações e dialogou com pastores e fieis. Em algumas ocasiões ocupou o púlpito e falou aos presbiterianos de São Paulo e Santos e também aos membros da Igreja Evangélica Brasileira, no Rio de Janeiro.
A fim de entender mais a fundo as características das igrejas, além dos livros que tomou emprestados de alguns pastores, muito se beneficiou das informações dadas por Isaac N. Salum, Júlio A. Ferreira, Boanerges Ribeiro e Armando P. de Oliveira. Quanto à cultura e literatura brasileiras, contou com a ajuda de seu compatriota Roger Bastide. Sobre os membros da Congregação Cristã no Brasil, as anotações que Antonio Candido de Mello e Souza fez em pesquisa de campo foram fundamentais. Aliás, Léonard ficou com o caderno do professor.
A produção leonardiana sobre o protestantismo brasileiro
Trabalhador feroz, Léonard não perdia tempo. O fato de a família ter ficado na França contribuiu para dedicar-se exclusivamente à docência e à pesquisa. Artigos seus apareceram nos jornais O Estado de São Paulo, O Presbiteriano Conservador e Cooperador Cristão ainda em 1948.
No primeiro semestre de 1949 veio a lume, em seu país, L"Église presbytérienne du Brésil et ses expériences ecclésiastiques (O presbiterianismo brasileiro e suas experiências eclesiásticas, Editora Monergismo, 2014). Como calvinista que era, o presbiterianismo foi naturalmente seu primeiro objeto de estudo. Ademais, uma circunstância mostrou-se propícia para isso: na USP havia professores e estudantes ligados a essa tradição. Esse era o caso de Otoniel Mota, Lívio Teixeira, Theodoro H. Maurer Jr., Isaac N. Salum, Linneu de C. Schützer e Odilon N. de Matos.
A ampliação da referida obra resultou numa sequência de oito artigos que apareceram na Revista de História da USP em 1951 e 1952. O título da série era O Protestantismo Brasileiro. Estudo de Eclesiologia e História Social. Esse escrito teve, até sua publicação em livro, um percurso curioso. Em carta a Salum, datada de 20 de abril de 1961, o autor diz: “Fiquei um pouco triste que este livro tenha sido publicado na Revista”. Sua intenção era que tivesse sido impresso pela Casa Editora Presbiteriana e ele “não entendia porque o Sr. Pastor Boanerges Ribeiro não pôde ou não quis realizar o projeto com o Sr. Simões de Paula” [diretor da Revista]. Por volta de 1959, Linneu Schützer lhe escreveu sugerindo retomar o projeto de publicação “com algum outro editor que encontrasse; mas o caso ficou em silêncio, sem dúvida por culpa minha”. Esta frase sugere que Léonard não contestou a proposta. Felizmente, ele respondeu a de Salum e autorizou a publicação. Sobre os direitos, disse: “Se eu receber, isto me permitiria publicar uma edição francesa desta obra, onde eu coloquei muito de meu coração”. Ele faleceu antes de ver o livro, que foi lançado em 1963 pela ASTE e reeditado em 1981 e 2002. A obra é a primeira análise acadêmica do movimento evangélico nacional.
Se O Protestantismo Brasileiro versa sobre as denominações tradicionais, L’illuminisme dans un protestantisme de constitution récente (Brésil) diz respeito ao movimento pentecostal. O título requer esclarecimentos. Léonard usa o termo iluminismo como sinônimo de iluminação, luz divina. Quanto à expressão protestantismo de constituição recente, esse era o caso brasileiro em comparação ao francês, ou seja, nosso protestantismo era novo, recente, em relação ao da França, que naquele momento beirava seu quarto centenário. Essa obra se concentra nas denominações Congregação Cristã no Brasil, Assembleia de Deus e, especialmente, Igreja Evangélica Brasileira, que é a mais antiga manifestação iluminista em nosso país (1879). O livro é o primeiro estudo acadêmico do pentecostalismo brasileiro. Lançado em 1952, somente em 1988 O iluminismo num protestantismo de constituição recente foi publicado por aqui, sendo reeditado em 2015 pela Editora Monergismo.
Além desses textos, todos redigidos entre 1948 e 1952, nos anos seguintes Léonard publicou artigos sobre o Brasil em revistas e obras coletivas na França. Todos esses foram reunidos na coletânea Protestantismo e História: Brasil e França na visão de Émile Léonard (Editora Mackenzie, 2013).
A historiografia protestante depois de Léonard
O livro que realmente abriu novos caminhos e se tornou indispensável para os que pesquisam a evolução do movimento evangélico é O Protestantismo Brasileiro. A fecundidade dessa obra é impressionante. Diversas razões ajudam a entender o impacto que causou na reflexão sobre o assunto em nossas latitudes.
Antes de Léonard, a historiografia do protestantismo nacional tinha um perfil marcadamente eclesiástico, focado nas questões denominacionais. Exemplos disso são as obras de Asa Crabtree e Antônio de M. Neves (batistas), Themudo Lessa e Domingos Ribeiro (presbiterianos) e as de James Kennedy e Paul E. Buyers (metodistas). São textos de natureza descritiva, que exaltam os pioneiros. Todos estes autores tinham preparo (formal ou autodidata) em teologia e eram membros dos grupos sobre os quais escreveram. Essa não era a situação do estudioso francês.
Outra diferença é o repertório teórico e a abordagem de Léonard. Historiador profissional, em O Protestantismo Brasileiro vemos a ampliação do conceito de fontes históricas, a interpretação do religioso em seu contexto social e o enfoque da história-problema, em contraste com o da história factual. Em outras palavras: uma história analítica, crítica, questionadora, sem interesse de apontar lições extraídas do esforço de missionários e personagens nacionais.
Como é caraterístico de qualquer texto clássico, o livro é importante não apenas pelo seu conteúdo, mas também por aquilo que sugere, pelos caminhos que mostra. Algumas ideias ou vias abertas por Léonard foram exploradas em trabalhos acadêmicos (ou de nível acadêmico) por Waldo César, Beatriz M. de Souza, Carl J. Hahn, David G. Vieira, Cândido P. de Camargo, Boanerges Ribeiro, Rubem Alves e Antonio G. Mendonça – para citar os mais conhecidos. Além de ensejar novas pesquisas, o livro passou a ser um ponto de referência para autores que não estudaram o protestantismo, mas que precisaram ler sobre o mesmo. Esse é o caso, dentre outros, de Gilberto Freyre, José Honório Rodrigues e Roger Bastide. Em resumo, o texto tem sido de utilidade para evangélicos e não evangélicos.
Essas razões nos permitem dimensionar o quão renovador esse livro foi para a historiografia protestante em nosso país. Talvez seja por isso que, mesmo não tendo sido o primeiro autor a usar a expressão protestantismo brasileiro, foi o que lhe deu projeção e a alçou à categoria de campo de estudos na academia nacional.
Ao responder a consulta sobre a publicação de seu texto, Léonard declarou: “Isto acabou com um silêncio que pesava sobre mim. Ajude-me a não cair novamente nele. O Brasil tem sido tão acolhedor para mim, e eu aprendi tanta coisa que me é doloroso parecer ingrato”. À sua manifestação de gratidão, dizemos: nós que lhe agradecemos, professor.
Legenda das imagens
1. Léonard, o professor Cruz Costa e Lucien Febvre em Itanhaém (litoral de São Paulo). Setembro de 1949.
2. Léonard com uma família protestante brasileira. Ano 1948.
3. Léonard e o Rev. Guilherme Kerr em Campinas, SP. Ano 1948.
4. Rev. Filipe Landes, Rev. Jorge Goulart, Léonard e Rev. Guilherme Kerr. Ano 1948, Seminário de Campinas.
5. Entrega do título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Livre de Amsterdã, 1955, Universidade Livre de Amsterdã.
- Marcone Bezerra Carvalho é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil e professor visitante do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper. Publicou Protestantismo e história, Combates pela história religiosa e Doutrina segundo a Piedade.
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