Opinião
- 13 de agosto de 2014
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O evangelista Johann Sebastian Bach
João Sebastião Ribeiro é um dos meus mestres e mentores. Todos os temos. Precisamos tê-los. Não há ninguém que chegue lá (excelência, grandeza, genialidade, relevância, arte, espiritualidade, legado) sem aprender a olhar o horizonte dos sonhos e da realidade por sobre os ombros de algum gigante. É como eu digo na minha canção “Discipulado”1:
Todo mundo imitou todo mundo
Um por um se inspirou em alguém
Do mais simples ao mais profundo
Não há um que não olhe ninguém
Do mais raso ao que vai mais fundo
Todo artista é aprendiz de alguém
Mas vamos lá. Quem foi “João Sebastião Ribeiro”? Algum sanfoneiro pernambucano, aluno de Luiz Gonzaga ou colega de Dominguinhos? Trata-se de algum artista de cantorias de viola, repentista ou xilogravurista, como o esplêndido J. Borges? “O nome soa por demais nordestino!”, você poderia supor, caro leitor. Mas não, o tal personagem dessa modesta, mas provocativa coluna2, é o grande compositor Johann Sebastian Bach, numa tradução meio livre, meio fanfarrona, do seu nome germânico de batismo.
Bach é demais! Não sei se aprecio mais sua obra ou sua vida. Dúvida cruel. Roberto Minczuk, o estupendo regente da Orquestra Sinfônica Brasileira, com passagem pela OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), considerado uma dos maiores maestros da atualidade - que , assim como eu, iniciou-se na música tocando nos cultos da Assembleia de Deus dos pais - opina sobre o maior gênio da música com muita propriedade:
Bach, cristão fervoroso, luterano piedoso, começava as suas obras com “J. J.”, “Jesus, ajuda!”3. Ou seja, com a oração mais fundamental, mais precária4. É a expressão mais fundante da oração. É o clamor mais simples da alma que se reconhece carente. Não é algo nobre e virtuoso num artista? Reconhecer que sem o dom/amparo do Criador não podemos criar coisa alguma! Nenhuma beleza! Nenhuma arte! Nada! Sting, o músico inglês tão consagrado por sua mistura felicíssima de pop, jazz, folk inglês, “world music” e música erudita, afirma que um dos exercícios que o mantém musicalmente alerta e em forma é estudar diariamente obras de Bach no violoncelo. Algo que me lembra declarações de mentoria de dois artistas grandiosos que nos deixaram recentemente, empobrecendo a literatura brasileira: João Ubaldo Ribeiro (“Johann Ubaldo Bach”?) e Ariano Suassuna. O primeiro, com Shakespeare, que o escritor lia, quase devocionalmente, todos os dias, antes da labuta da escrita diária. E o segundo com a Bíblia Sagrada, “a maior e melhor de todas a obras da Literatura”.
Ouço Bach enquanto escrevo esse texto. Acho que é um trecho dos Concertos de Brandenburgo. Companhia muito estimulante, tanto espiritual quanto criativamente. E volto à Minsczuk, edificante:
De Beethoven a Stravinsky, de Mozart a Debussy, de Brahms a Mahler, sem exceção, os grandes da Música (assim, com inicial maiúscula) reconhecem que Johann Sebastian Bach é o maior de todos. “Bach: um gênio esmagador. Se Beethoven é um milagre da humanidade, Bach é um milagre de Deus!”, bradou Claude Debussy, o maravilhoso compositor francês do século XIX (1862-1928). Para mim, o meu querido “João Sebastião” é um grande pregador da Beleza e da Verdade. Veja o que disse Friedrich Nietzsche (1844-1900), para quem a vida sem música era o maior dos erros; ele, um dos críticos e inimigos mais ferrenhos do Cristianismo:
“Esta semana, ouvi três vezes a ‘Paixão Segundo São Mateus’ do divino Bach e a cada vez com o mesmo sentimento de infinita admiração. Quem desaprendeu totalmente a cristandade tem a chance de ouvi-la como a um Evangelho”.
Johann Sebastian Bach, o evangelista. ‘João Sebastião Ribeiro”, meu mentor.
Notas:
1. A propósito, inspirada no pensamento de Dallas Willard, filósofo e pastor batista por quem nutro grande admiração, a respeito da ideia de “mentoria”.
2. Escrevo aqui à moda de João Ubaldo Ribeiro nas já saudosas colunas dominicais no “O Globo”. Sim, eu o imito. Ele merece emulação.
3. E no fim de cada nova partitura, o compositor escrevia "Soli Deo Gloria" (A Deus toda a glória")!
4. “Prece” vem do latim “precarius”.
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Todo mundo imitou todo mundo
Um por um se inspirou em alguém
Do mais simples ao mais profundo
Não há um que não olhe ninguém
Do mais raso ao que vai mais fundo
Todo artista é aprendiz de alguém
Mas vamos lá. Quem foi “João Sebastião Ribeiro”? Algum sanfoneiro pernambucano, aluno de Luiz Gonzaga ou colega de Dominguinhos? Trata-se de algum artista de cantorias de viola, repentista ou xilogravurista, como o esplêndido J. Borges? “O nome soa por demais nordestino!”, você poderia supor, caro leitor. Mas não, o tal personagem dessa modesta, mas provocativa coluna2, é o grande compositor Johann Sebastian Bach, numa tradução meio livre, meio fanfarrona, do seu nome germânico de batismo.
Bach é demais! Não sei se aprecio mais sua obra ou sua vida. Dúvida cruel. Roberto Minczuk, o estupendo regente da Orquestra Sinfônica Brasileira, com passagem pela OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), considerado uma dos maiores maestros da atualidade - que , assim como eu, iniciou-se na música tocando nos cultos da Assembleia de Deus dos pais - opina sobre o maior gênio da música com muita propriedade:
“Bach representa a perfeição como músico e compositor. Sua genialidade somente pode ser comparada à de Shakespeare, Newton ou Einstein. Ao ouvir sua obra, percebemos o quanto somos pequenos diante de sua música, manifestação clara da glória de Deus”.
Bach, cristão fervoroso, luterano piedoso, começava as suas obras com “J. J.”, “Jesus, ajuda!”3. Ou seja, com a oração mais fundamental, mais precária4. É a expressão mais fundante da oração. É o clamor mais simples da alma que se reconhece carente. Não é algo nobre e virtuoso num artista? Reconhecer que sem o dom/amparo do Criador não podemos criar coisa alguma! Nenhuma beleza! Nenhuma arte! Nada! Sting, o músico inglês tão consagrado por sua mistura felicíssima de pop, jazz, folk inglês, “world music” e música erudita, afirma que um dos exercícios que o mantém musicalmente alerta e em forma é estudar diariamente obras de Bach no violoncelo. Algo que me lembra declarações de mentoria de dois artistas grandiosos que nos deixaram recentemente, empobrecendo a literatura brasileira: João Ubaldo Ribeiro (“Johann Ubaldo Bach”?) e Ariano Suassuna. O primeiro, com Shakespeare, que o escritor lia, quase devocionalmente, todos os dias, antes da labuta da escrita diária. E o segundo com a Bíblia Sagrada, “a maior e melhor de todas a obras da Literatura”.
Ouço Bach enquanto escrevo esse texto. Acho que é um trecho dos Concertos de Brandenburgo. Companhia muito estimulante, tanto espiritual quanto criativamente. E volto à Minsczuk, edificante:
“A cada final de semana, para cada culto, ele tinha de compor uma nova cantata. Apesar de toda a sofisticação de suas obras, elas faziam parte do cotidiano das pessoas. Por vezes, Bach usava hinos conhecidos como temas e em nenhum momento pensava na posteridade ou se gabava de suas habilidades. Ele era servo da música e, principalmente, um servo de Deus por meio da música”.
De Beethoven a Stravinsky, de Mozart a Debussy, de Brahms a Mahler, sem exceção, os grandes da Música (assim, com inicial maiúscula) reconhecem que Johann Sebastian Bach é o maior de todos. “Bach: um gênio esmagador. Se Beethoven é um milagre da humanidade, Bach é um milagre de Deus!”, bradou Claude Debussy, o maravilhoso compositor francês do século XIX (1862-1928). Para mim, o meu querido “João Sebastião” é um grande pregador da Beleza e da Verdade. Veja o que disse Friedrich Nietzsche (1844-1900), para quem a vida sem música era o maior dos erros; ele, um dos críticos e inimigos mais ferrenhos do Cristianismo:
“Esta semana, ouvi três vezes a ‘Paixão Segundo São Mateus’ do divino Bach e a cada vez com o mesmo sentimento de infinita admiração. Quem desaprendeu totalmente a cristandade tem a chance de ouvi-la como a um Evangelho”.
Johann Sebastian Bach, o evangelista. ‘João Sebastião Ribeiro”, meu mentor.
Notas:
1. A propósito, inspirada no pensamento de Dallas Willard, filósofo e pastor batista por quem nutro grande admiração, a respeito da ideia de “mentoria”.
2. Escrevo aqui à moda de João Ubaldo Ribeiro nas já saudosas colunas dominicais no “O Globo”. Sim, eu o imito. Ele merece emulação.
3. E no fim de cada nova partitura, o compositor escrevia "Soli Deo Gloria" (A Deus toda a glória")!
4. “Prece” vem do latim “precarius”.
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Gerson Borges, casado com Rosana Márcia e pai de Bernardo e Pablo, pastoreia a Comunidade de Jesus no ABCD Paulista. É autor de Ser Evangélico sem Deixar de Ser Brasileiro, cantor, compositor e escritor, licenciado em letras e graduando em psicologia.
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