Opinião
- 17 de setembro de 2014
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O Espírito Santo, esse missionário!
A igreja de Cristo jamais cresceu tanto como em nossos dias. Apesar das heresias, sincretismo e nominalismo presentes em diversas partes do mundo – e no Brasil – é impressionante ver que nações antes resistentes ao evangelho – como a Índia, China e Filipinas – hoje abrigam uma forte igreja nacional e tornam-se exportadores de missionários para o mundo. As atenções em época de crescimento da igreja voltam-se para a própria igreja e para a mensagem que ela prega: o evangelho de Cristo. Gostaria de destacar a pessoa e a missão do Espírito Santo neste processo de edificar a igreja e espalhar o evangelho ao mundo.
Em Lucas 24, Jesus promete nos enviar um consolador – o Espírito Santo – que viria sobre a igreja em Atos 2 de forma mais permanente. Ali a igreja seria revestida de poder. O termo grego utilizado para “consolador” é “parakletos”, que literalmente significa “estar ao lado” ou “acompanhar”. É um termo composto por duas partículas: a preposição “para” (ao lado de) e “kletos” do verbo “kaleo”, que significa “chamar”. O Espírito Santo foi enviado à igreja para acompanhá-la no cumprimento da vontade de Deus. Ele trabalha para tornar a igreja mais parecida com seu Senhor e fazer o nome de Jesus, o Senhor da igreja, conhecido na terra.
Cremos que é o Espírito Santo quem convence o homem do seu pecado. O homem sabe que é pecador, porém, apenas com a intervenção do Espírito ele passa a se sentir perdido e com sede de Deus. Há uma clara e funcional diferença entre sentir-se pecador e perdido. Nem todo homem convicto de seu pecado possui a consciência de que está perdido e, portanto, necessitado de redenção. Se o Espírito Santo não o convencer do pecado e do juízo, nossa exposição da verdade de Cristo não passará de mera apologia humana.
A igreja plantada mais rapidamente em todo o Novo Testamento foi iniciada por Paulo e seus amigos em Tessalônica. Ali, o apóstolo pregava a Palavra aos sábados nas sinagogas e durante a semana na praça. Assim ele fez por três semanas até nascer a igreja local. Em 1 Ts 1.5, Paulo diz que o nosso Evangelho não chegou até eles tão somente em palavra (“logia”, palavra humana) mas sobretudo em poder (“dynamis”, poder de Deus), no Espírito Santo e em plena convicção (“pleroforia”, convicção de que estamos na vontade de Deus).
O Espírito Santo é destacado aqui como um dos três elementos que iniciou a igreja em Tessalônica. Sua função na conversão dos perdidos é conduzir o homem à convicção de que é pecador e necessita de Deus, despertando neste homem a sede pelo Evangelho e atraindo-o a Jesus. Sem a ação do Espírito Santo, a evangelização não passaria de mera comunicação humana, explicações espirituais, palavras lançadas ao vento, sem público, sem conversões, sem transformação. A ação da igreja produz adesão; a ação do Espírito santo produz transformação.
Francis Shaeffer nos diz que podemos convencer o homem de que ele é moralmente imperfeito (portanto, pecador), mas apenas o Espírito Santo pode convencê-lo de que está perdido e precisa de Deus.
Se observarmos os ciclos de avivamentos perceberemos também que a explosão da proclamação da Palavra se torna uma consequência natural da ação do Espírito Santo.
Frutos de avivamentos, homens e mulheres foram usados por Deus para que Jesus se tornasse conhecido nos lugares mais improváveis. A primeira explosão missionária é registrada em Atos 2 quando a igreja, cheia do Espírito Santo, vai para as ruas e proclama a Cristo. Pessoas de 14 diferentes línguas ouvem e entregam suas vidas a Jesus. Ao longo da história, o Espírito Santo também tem despertado a igreja de Cristo a sair de suas paredes e lançar o evangelho longe, aos que ainda pouco ou nada ouviram. A principal marca destes avivamentos não é a euforia humana ou o crescimento da igreja, mas vidas sendo verdadeiramente transformadas pela pregação da Palavra.
Fruto de um avivamento, a partir de 1730, John Wesley pregou durante 50 anos cerca de três sermões por dia, a maior parte ao ar livre, tendo percorrido 175 mil quilômetros a cavalo. Pregou 40 mil sermões ao longo de sua vida.
Fruto de um avivamento, em 1727, a igreja moraviana passou a enviar missionários para todo o mundo conhecido da época e em cem anos chegou a enviar mais de 3.600 missionários para diversos países.
Fruto de um avivamento, em 1784, após ler a biografia do missionário David Brainard, o estudante Wiliam Carey foi chamado por Deus para evangelizar os indianos. Após uma vida de trabalho, conseguiu traduzir a Palavra de Deus para mais de 20 línguas locais, plantou dezenas de igrejas e fundou mais de 100 escolas. Sua influência permanece ainda hoje.
Fruto de um avivamento, em 1806, Adoniram Judson teve uma forte experiência com Deus e se propôs a servir a Cristo, indo depois para a Birmânia, onde foi encarcerado e perseguido durante anos, mas deixou aquele país com 63 igrejas plantadas e mais de 200 líderes locais.
Fruto de um avivamento, em 1882, Moody pregou na Universidade de Cambridge, sete homens se dispuseram ao Senhor para a obra missionária e impactaram o mundo da época. Foram chamados “os sete de Cambridge” e nesse grupo estava Charles Studd (sua biografia publicada no Brasil foi intitulada “O homem que obedecia”). Ele foi para a África, percorreu dezenas de países e pregou o Evangelho a mais de meio milhão de pessoas. Fundou a WEC International (em português, AMEM: A Missão de Evangelização Mundial) que conta hoje com mais de dois mil missionários em 70 países no mundo.
Fruto de um avivamento, em 1855, Deus falou ao coração de um jovem franzino e não muito saudável que se dispusesse ao trabalho transcultural em um país “idólatra e selvagem”. Vários irmãos de sua igreja tentavam dissuadi-lo dizendo: “para que ir tão longe se aqui na América do Norte há tanto o que fazer?”. Ele preferiu ouvir a Deus e foi. Seu nome é Simonton (1833-1867). Ele veio ao nosso país e fundou a Igreja Presbiteriana do Brasil.
Fruto de um avivamento, em 1950, no Wheaton College cerca de 500 jovens foram chamados para a obra missionária ao redor do mundo. E obedeceram. Dentre eles estava Jim Elliot que foi morto tentando alcançar a tribo Auca na Amazônia em 1956. A partir de seu martírio houve um grande avanço missionário em todo o mundo indígena, sobretudo no Equador. Outro que ali também se dispôs para a obra missionária foi o Dr. Russel Shedd que é tremendamente usado por Deus em nosso país até o dia de hoje.
Há uma nítida ligação entre avivamentos históricos – com claras ações do Espírito Santo na santificação e despertamento da igreja para a Palavra e para a missão – e a expansão do Evangelho aos de perto e de longe. À medida que nos enchemos do Espírito, pensamos nas coisas do Alto, amamos a Palavra, desejamos abraçar as causas de Cristo e somos tomados por um desejo ardente de usar nossa vida, dons, talentos, recursos e oportunidades para servir ao Cordeiro Jesus. Avivamentos não são definidos por manifestações sobrenaturais, mas sim por um desejo profundo de entregar a vida – toda a vida – para servir a Cristo. E esta é tão somente uma ação do Espírito Santo.
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Em Lucas 24, Jesus promete nos enviar um consolador – o Espírito Santo – que viria sobre a igreja em Atos 2 de forma mais permanente. Ali a igreja seria revestida de poder. O termo grego utilizado para “consolador” é “parakletos”, que literalmente significa “estar ao lado” ou “acompanhar”. É um termo composto por duas partículas: a preposição “para” (ao lado de) e “kletos” do verbo “kaleo”, que significa “chamar”. O Espírito Santo foi enviado à igreja para acompanhá-la no cumprimento da vontade de Deus. Ele trabalha para tornar a igreja mais parecida com seu Senhor e fazer o nome de Jesus, o Senhor da igreja, conhecido na terra.
Cremos que é o Espírito Santo quem convence o homem do seu pecado. O homem sabe que é pecador, porém, apenas com a intervenção do Espírito ele passa a se sentir perdido e com sede de Deus. Há uma clara e funcional diferença entre sentir-se pecador e perdido. Nem todo homem convicto de seu pecado possui a consciência de que está perdido e, portanto, necessitado de redenção. Se o Espírito Santo não o convencer do pecado e do juízo, nossa exposição da verdade de Cristo não passará de mera apologia humana.
A igreja plantada mais rapidamente em todo o Novo Testamento foi iniciada por Paulo e seus amigos em Tessalônica. Ali, o apóstolo pregava a Palavra aos sábados nas sinagogas e durante a semana na praça. Assim ele fez por três semanas até nascer a igreja local. Em 1 Ts 1.5, Paulo diz que o nosso Evangelho não chegou até eles tão somente em palavra (“logia”, palavra humana) mas sobretudo em poder (“dynamis”, poder de Deus), no Espírito Santo e em plena convicção (“pleroforia”, convicção de que estamos na vontade de Deus).
O Espírito Santo é destacado aqui como um dos três elementos que iniciou a igreja em Tessalônica. Sua função na conversão dos perdidos é conduzir o homem à convicção de que é pecador e necessita de Deus, despertando neste homem a sede pelo Evangelho e atraindo-o a Jesus. Sem a ação do Espírito Santo, a evangelização não passaria de mera comunicação humana, explicações espirituais, palavras lançadas ao vento, sem público, sem conversões, sem transformação. A ação da igreja produz adesão; a ação do Espírito santo produz transformação.
Francis Shaeffer nos diz que podemos convencer o homem de que ele é moralmente imperfeito (portanto, pecador), mas apenas o Espírito Santo pode convencê-lo de que está perdido e precisa de Deus.
Se observarmos os ciclos de avivamentos perceberemos também que a explosão da proclamação da Palavra se torna uma consequência natural da ação do Espírito Santo.
Frutos de avivamentos, homens e mulheres foram usados por Deus para que Jesus se tornasse conhecido nos lugares mais improváveis. A primeira explosão missionária é registrada em Atos 2 quando a igreja, cheia do Espírito Santo, vai para as ruas e proclama a Cristo. Pessoas de 14 diferentes línguas ouvem e entregam suas vidas a Jesus. Ao longo da história, o Espírito Santo também tem despertado a igreja de Cristo a sair de suas paredes e lançar o evangelho longe, aos que ainda pouco ou nada ouviram. A principal marca destes avivamentos não é a euforia humana ou o crescimento da igreja, mas vidas sendo verdadeiramente transformadas pela pregação da Palavra.
Fruto de um avivamento, a partir de 1730, John Wesley pregou durante 50 anos cerca de três sermões por dia, a maior parte ao ar livre, tendo percorrido 175 mil quilômetros a cavalo. Pregou 40 mil sermões ao longo de sua vida.
Fruto de um avivamento, em 1727, a igreja moraviana passou a enviar missionários para todo o mundo conhecido da época e em cem anos chegou a enviar mais de 3.600 missionários para diversos países.
Fruto de um avivamento, em 1784, após ler a biografia do missionário David Brainard, o estudante Wiliam Carey foi chamado por Deus para evangelizar os indianos. Após uma vida de trabalho, conseguiu traduzir a Palavra de Deus para mais de 20 línguas locais, plantou dezenas de igrejas e fundou mais de 100 escolas. Sua influência permanece ainda hoje.
Fruto de um avivamento, em 1806, Adoniram Judson teve uma forte experiência com Deus e se propôs a servir a Cristo, indo depois para a Birmânia, onde foi encarcerado e perseguido durante anos, mas deixou aquele país com 63 igrejas plantadas e mais de 200 líderes locais.
Fruto de um avivamento, em 1882, Moody pregou na Universidade de Cambridge, sete homens se dispuseram ao Senhor para a obra missionária e impactaram o mundo da época. Foram chamados “os sete de Cambridge” e nesse grupo estava Charles Studd (sua biografia publicada no Brasil foi intitulada “O homem que obedecia”). Ele foi para a África, percorreu dezenas de países e pregou o Evangelho a mais de meio milhão de pessoas. Fundou a WEC International (em português, AMEM: A Missão de Evangelização Mundial) que conta hoje com mais de dois mil missionários em 70 países no mundo.
Fruto de um avivamento, em 1855, Deus falou ao coração de um jovem franzino e não muito saudável que se dispusesse ao trabalho transcultural em um país “idólatra e selvagem”. Vários irmãos de sua igreja tentavam dissuadi-lo dizendo: “para que ir tão longe se aqui na América do Norte há tanto o que fazer?”. Ele preferiu ouvir a Deus e foi. Seu nome é Simonton (1833-1867). Ele veio ao nosso país e fundou a Igreja Presbiteriana do Brasil.
Fruto de um avivamento, em 1950, no Wheaton College cerca de 500 jovens foram chamados para a obra missionária ao redor do mundo. E obedeceram. Dentre eles estava Jim Elliot que foi morto tentando alcançar a tribo Auca na Amazônia em 1956. A partir de seu martírio houve um grande avanço missionário em todo o mundo indígena, sobretudo no Equador. Outro que ali também se dispôs para a obra missionária foi o Dr. Russel Shedd que é tremendamente usado por Deus em nosso país até o dia de hoje.
Há uma nítida ligação entre avivamentos históricos – com claras ações do Espírito Santo na santificação e despertamento da igreja para a Palavra e para a missão – e a expansão do Evangelho aos de perto e de longe. À medida que nos enchemos do Espírito, pensamos nas coisas do Alto, amamos a Palavra, desejamos abraçar as causas de Cristo e somos tomados por um desejo ardente de usar nossa vida, dons, talentos, recursos e oportunidades para servir ao Cordeiro Jesus. Avivamentos não são definidos por manifestações sobrenaturais, mas sim por um desejo profundo de entregar a vida – toda a vida – para servir a Cristo. E esta é tão somente uma ação do Espírito Santo.
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A Missão de Interceder
Ronaldo Lidório é teólogo e antropólogo, missionário (APMT e WEC) entre grupos pouco ou não evangelizados. É organizador de Indígenas do Brasil -- avaliando a missão da igreja e A Questão Indígena -- Uma Luta Desigual.
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