Opinião
- 13 de julho de 2011
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O descanso e as terras livres (Levítico 25), por Milton Schwantes
Os escritos bíblicos enfatizam a ideia de um amplo acesso à terra e de uma vida digna nela. Alguns diriam que essa é uma compreensão apenas do Primeiro Testamento; no Segundo, no Novo Testamento, essa já não seria uma ênfase importante. De fato, embora no Segundo Testamento a terra continue a ter sua função, esta já não é decisiva como no Primeiro Testamento. Com a economia grega, o problema da escravização dos corpos tornou-se o assunto principal da vida. Aliás, em torno dele se trava a Guerra dos Macabeus, no início do segundo século antes de Cristo, e a Guerra Judaica, de 66 a 70 depois de Cristo. A rigor, a questão da escravidão, especificamente, não é, por assim dizer, a terra, mas o corpo. E nesse sentido, sim, o Segundo Testamento, em termos hermenêutico-sociais, não trata de um assunto distinto do Primeiro; trata-o em outro contexto social.
Mas não é possível aqui tratar de questões tão amplas como a que acaba-se de apontar. É preciso justamente restringir. Este texto aborda tão-somente uma passagem bíblica específica: Levítico 25. Por meio dela introduz-se e evoca-se algumas perspectivas interessantes, inclusive a da escravidão, tão relevante uma vez que o contexto é o mundo persa e a passagem às condições da economia grega. Afinal, a temática de Levítico 25 não está muito distante de Neemias 5!
A insistência no descanso aos sábados
O descanso é um assunto central na Bíblia. No decorrer dos séculos, tornou-se típico para a experiência do povo de Deus.
Pode-se dizer que Jesus também “descansou” em um dia específico. Ressuscitou no primeiro dia da semana, que para nós tornou-se o domingo. Ao vencer o poder da morte, Jesus venceu os poderes contrários ao descanso da criação de Deus, das pessoas. O trabalho incessante tende à escravidão. Domingos e sábados são ocasiões para se reativar a memória da liberdade.
Nesse sentido, é muito significativo que o Antigo Testamento tenha interpretado o sábado radicalmente como dia de descanso. O dia do Senhor tornou-se dia especial de descanso e liberdade para pessoas, animais e plantas. A Bíblia não o interpreta como dia de atividades religiosas. Antes, porém, o entende como dia da “preguiça”, sem atividade, nem mesmo religiosa, muito menos sacrificial.
As formulações literárias mais antigas, entre as quais Êxodo (23.12-13), incluem no descanso sabático animais, escravos e filhos de escravas. Os socialmente mais fragilizados também participam do descanso aos sábados, que torna-se um tempo de festa de experiências de igualdade.
Em Êxodo (34.21) há uma interessante atualização da norma sabática. Valida-se a exigência de descanso também para os sábados que caem nos períodos da aradura e da colheita, embora nessas atividades possa haver necessidade de trabalho também no sábado, para terminar algum serviço iniciado.
Mas não é possível aqui tratar de questões tão amplas como a que acaba-se de apontar. É preciso justamente restringir. Este texto aborda tão-somente uma passagem bíblica específica: Levítico 25. Por meio dela introduz-se e evoca-se algumas perspectivas interessantes, inclusive a da escravidão, tão relevante uma vez que o contexto é o mundo persa e a passagem às condições da economia grega. Afinal, a temática de Levítico 25 não está muito distante de Neemias 5!
A insistência no descanso aos sábados
O descanso é um assunto central na Bíblia. No decorrer dos séculos, tornou-se típico para a experiência do povo de Deus.
Pode-se dizer que Jesus também “descansou” em um dia específico. Ressuscitou no primeiro dia da semana, que para nós tornou-se o domingo. Ao vencer o poder da morte, Jesus venceu os poderes contrários ao descanso da criação de Deus, das pessoas. O trabalho incessante tende à escravidão. Domingos e sábados são ocasiões para se reativar a memória da liberdade.
Nesse sentido, é muito significativo que o Antigo Testamento tenha interpretado o sábado radicalmente como dia de descanso. O dia do Senhor tornou-se dia especial de descanso e liberdade para pessoas, animais e plantas. A Bíblia não o interpreta como dia de atividades religiosas. Antes, porém, o entende como dia da “preguiça”, sem atividade, nem mesmo religiosa, muito menos sacrificial.
As formulações literárias mais antigas, entre as quais Êxodo (23.12-13), incluem no descanso sabático animais, escravos e filhos de escravas. Os socialmente mais fragilizados também participam do descanso aos sábados, que torna-se um tempo de festa de experiências de igualdade.
Em Êxodo (34.21) há uma interessante atualização da norma sabática. Valida-se a exigência de descanso também para os sábados que caem nos períodos da aradura e da colheita, embora nessas atividades possa haver necessidade de trabalho também no sábado, para terminar algum serviço iniciado.
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