Opinião
- 18 de março de 2009
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O debate sobre religião e ciência -- uma introdução*
John Polkinghorne
Resumo
Ciência e teologia têm coisas a dizer uma à outra, uma vez que ambas se preocupam com a busca da verdade, alcançada por meio da crença fundamentada. Entre os tópicos importantes para tal diálogo estão a teologia natural, a criação, a providência divina e os milagres. Este artigo apresenta um breve panorama do estado atual do diálogo.
Os participantes do debate entre ciência e religião empregam diversas estratégias, dependendo do que procuram -- confronto ou harmonia. Para uma introdução ao assunto, a primeira tarefa é resumir a agenda de discussão.
O parceiro natural para o diálogo com a ciência é a teologia, a disciplina intelectual que descreve a experiência religiosa, da mesma forma como a ciência descreve a investigação humana do universo físico. Tanto a ciência como a teologia reivindicam explorar a natureza da realidade, mas claramente o fazem em níveis diferentes. O objeto de estudo das ciências naturais é o mundo físico e os seres vivos que nele habitam. As ciências tratam seus assuntos objetivamente, por meio de um modo impessoal de encontro, que emprega a ferramenta investigativa da interrogação experimental. A natureza é submetida a testes, baseados em experimentos passíveis de repetição, tantas vezes quantas o pesquisador quiser. Mesmo as ciências históricas como a cosmologia física ou a biologia evolucionária apoiam muito de seu poder explanatório nas descobertas das ciências diretamente experimentais, como a física e a genética. O propósito da ciência é obter uma compreensão precisa de como as coisas acontecem. Sua preocupação é com os processos que ocorrem no mundo.
A preocupação da teologia é com a questão da verdade sobre a natureza de Deus, daquele ao qual é próprio se aproximar com reverência e obediência, o qual não está disponível para ser posto sob teste experimental. Como ocorre em todas as formas de relacionamento, o encontro com a realidade transpessoal do divino tem de ser baseado na confiança, e seu caráter é intrinsecamente individual e único. Experiências religiosas não podem simplesmente ser provocadas pela manipulação humana. Em vez disso, a teologia se baseia nos atos revelatórios de autodesvelamento divino. Em particular, todas as tradições religiosas olham para o passado, para os eventos primordiais nos quais elas tiveram a sua origem, e que desempenham um papel único na constituição de sua compreensão da divindade. Em relação à história cósmica, o objetivo central da teologia é lidar com a questão de por que os eventos ocorreram. Sua preocupação é com temas de significado e propósito. A crença em Deus como Criador traz a implicação de que uma mente e vontade divinas existem por trás do que acontece no universo.
Resumo
Ciência e teologia têm coisas a dizer uma à outra, uma vez que ambas se preocupam com a busca da verdade, alcançada por meio da crença fundamentada. Entre os tópicos importantes para tal diálogo estão a teologia natural, a criação, a providência divina e os milagres. Este artigo apresenta um breve panorama do estado atual do diálogo.
Os participantes do debate entre ciência e religião empregam diversas estratégias, dependendo do que procuram -- confronto ou harmonia. Para uma introdução ao assunto, a primeira tarefa é resumir a agenda de discussão.
O parceiro natural para o diálogo com a ciência é a teologia, a disciplina intelectual que descreve a experiência religiosa, da mesma forma como a ciência descreve a investigação humana do universo físico. Tanto a ciência como a teologia reivindicam explorar a natureza da realidade, mas claramente o fazem em níveis diferentes. O objeto de estudo das ciências naturais é o mundo físico e os seres vivos que nele habitam. As ciências tratam seus assuntos objetivamente, por meio de um modo impessoal de encontro, que emprega a ferramenta investigativa da interrogação experimental. A natureza é submetida a testes, baseados em experimentos passíveis de repetição, tantas vezes quantas o pesquisador quiser. Mesmo as ciências históricas como a cosmologia física ou a biologia evolucionária apoiam muito de seu poder explanatório nas descobertas das ciências diretamente experimentais, como a física e a genética. O propósito da ciência é obter uma compreensão precisa de como as coisas acontecem. Sua preocupação é com os processos que ocorrem no mundo.
A preocupação da teologia é com a questão da verdade sobre a natureza de Deus, daquele ao qual é próprio se aproximar com reverência e obediência, o qual não está disponível para ser posto sob teste experimental. Como ocorre em todas as formas de relacionamento, o encontro com a realidade transpessoal do divino tem de ser baseado na confiança, e seu caráter é intrinsecamente individual e único. Experiências religiosas não podem simplesmente ser provocadas pela manipulação humana. Em vez disso, a teologia se baseia nos atos revelatórios de autodesvelamento divino. Em particular, todas as tradições religiosas olham para o passado, para os eventos primordiais nos quais elas tiveram a sua origem, e que desempenham um papel único na constituição de sua compreensão da divindade. Em relação à história cósmica, o objetivo central da teologia é lidar com a questão de por que os eventos ocorreram. Sua preocupação é com temas de significado e propósito. A crença em Deus como Criador traz a implicação de que uma mente e vontade divinas existem por trás do que acontece no universo.
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