Opinião
- 22 de janeiro de 2018
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O choro e a morte são as últimas notícias?
Por Cayo Cesar
As luzes dos fogos e o frenesi da virada de mais um ano a pouco se apagaram e o silêncio nos traz de volta ao cenário dos dias incertos. Na próxima esquina, o “novo” ano nos desafia com velhos temores e antigas dúvidas. No país, em pleno ano eleitoral, não há sinais de que alguma novidade possa surgir no horizonte. O clima também é tenso, imprevisível e desarrazoado no âmbito internacional. Guerras e rumores de guerra. Fome, abuso e violência fazem parte do cotidiano de muitos. O medo, a angústia e a insegurança são sentimentos preponderantes na maioria das pessoas. O brilho dos fogos que tanto nos encanta não é suficiente para dissipar as sombras.
Semelhante cenário de escuridão permeia muitos capítulos da história da humanidade. O mais importante deles aconteceu em uma sexta-feira distante, mais de dois mil anos atrás. O mesmo cheiro de morte, que brota de nossos hospitais abarrotados e das nossas ruas repletas de violência, tomava conta dos discípulos que, mergulhados na consternação que reinava naquele longínquo final de semana após a morte horrenda de Jesus, se dirigiam a Emaús. Como aqueles viajantes, não raras vezes, andamos cabisbaixos, curvados pelo sentimento de que tudo está perdido e de que não resta qualquer resquício de luz no fim do túnel da jornada. Corrupção, dor e sofrimento deixam a impressão de que não há lugar para o bem na história e que o mal é a realidade última. Também no íntimo de nossos corações passamos por vales sombrios que, a seu tempo e modo, podem nos cegar. Hoje, porém, como naquele momento histórico, enganamo-nos quando pensamos que o choro e a morte são as últimas notícias.
A visão da realidade dos fatos se apresenta ao longo do caminho por meio de alguém que encarna a própria luz e que insiste em dizer: não é tempo de desistir, não é o fim! Conforme ele demonstrou na empoeirada estrada de Emaús, nossa saída está em olhar para as Escrituras e, nelas, enxergar a ação poderosa do Deus que nos garante que tudo o que houve, tudo o que há e tudo o que há de vir dirige-se a um surpreendente final que já está determinado, a uma vitória que já foi conquistada, curiosamente na escuridão e na dor da cruz, e que redunda na esperança da vida.
>>> Século I - A Reconstrução <<<
Um olhar mais atento para a dinâmica da narrativa bíblica – da boa criação à queda e, desta, à redenção plena descrita no derradeiro livro canônico – permite enxergar a insistência de Deus que, movido por seu imenso amor e pela certeza de que toda a criação é essencialmente boa, escolhe preservá-la! Foi assim no dilúvio, quando, diante da possibilidade de destruí-la, ele preferiu restaurá-la, mantendo a espécie humana por intermédio de Noé. Já havia sido assim no Éden, quando, diante da escolha feita pelo homem de romper o vínculo com o criador, surge a promessa feita a Eva de que da sua descendência viria o redentor, o qual destruiria a serpente, símbolo do engano.
A oportunidade de restauração é a sinfonia da esperança. Seus harmônicos movimentos podem inundar o coração de paz quando a dúvida e o medo fazem parecer que, ao final, não será possível a vitória do bem sobre o mal.
Na dramática história de Elias, encontramos um profeta deprimido e sua equivocada leitura do noticiário local, ao imaginar que todos haviam abandonado a verdadeira fé e o Senhor quando, na verdade, sete mil não haviam se dobrado perante Baal! Elizeu, por sua vez, ora por seu jovem ajudante Geazi, pedindo a Deus que abrisse os olhos do rapaz para que pudesse ver o invisível, em dimensões humanamente inimagináveis!
A trilha de Emaús é, então, um chamado à esperança. O Cristo que venceu a morte para nos garantir a vida nos assegura que não estamos sozinhos em nossa batalha pela construção de uma realidade mais cheia de luz e graça, pois o bom, o belo e o verdadeiro fazem parte do reino de Deus e Ele é suficientemente capaz de implementá-lo. Na ressurreição de Jesus, o projeto de restauração da humanidade se concretiza. Na sua volta, veremos a sua plenitude. Assim, não há nada perdido. O Senhor da História venceu. O bem já triunfou. Esta é a verdade final. Esta, a derradeira notícia!
• Cayo César Santos, autor de Século I - O Resgate e Século I - A Reconstrução, é casado com Jane e pai de Lucas, Felipe e Rafael. É presbítero da Igreja Presbiteriana do Planalto e membro da diretoria do Centro Cristão de Estudos, em Brasília, DF. É analista e assessor jurídico no Ministério Público Federal.
Leia mais
A roda do tempo
Teologia feita de histórias
Sem luz, sem câmera, mas com muita imaginação
As luzes dos fogos e o frenesi da virada de mais um ano a pouco se apagaram e o silêncio nos traz de volta ao cenário dos dias incertos. Na próxima esquina, o “novo” ano nos desafia com velhos temores e antigas dúvidas. No país, em pleno ano eleitoral, não há sinais de que alguma novidade possa surgir no horizonte. O clima também é tenso, imprevisível e desarrazoado no âmbito internacional. Guerras e rumores de guerra. Fome, abuso e violência fazem parte do cotidiano de muitos. O medo, a angústia e a insegurança são sentimentos preponderantes na maioria das pessoas. O brilho dos fogos que tanto nos encanta não é suficiente para dissipar as sombras.
Semelhante cenário de escuridão permeia muitos capítulos da história da humanidade. O mais importante deles aconteceu em uma sexta-feira distante, mais de dois mil anos atrás. O mesmo cheiro de morte, que brota de nossos hospitais abarrotados e das nossas ruas repletas de violência, tomava conta dos discípulos que, mergulhados na consternação que reinava naquele longínquo final de semana após a morte horrenda de Jesus, se dirigiam a Emaús. Como aqueles viajantes, não raras vezes, andamos cabisbaixos, curvados pelo sentimento de que tudo está perdido e de que não resta qualquer resquício de luz no fim do túnel da jornada. Corrupção, dor e sofrimento deixam a impressão de que não há lugar para o bem na história e que o mal é a realidade última. Também no íntimo de nossos corações passamos por vales sombrios que, a seu tempo e modo, podem nos cegar. Hoje, porém, como naquele momento histórico, enganamo-nos quando pensamos que o choro e a morte são as últimas notícias.
A visão da realidade dos fatos se apresenta ao longo do caminho por meio de alguém que encarna a própria luz e que insiste em dizer: não é tempo de desistir, não é o fim! Conforme ele demonstrou na empoeirada estrada de Emaús, nossa saída está em olhar para as Escrituras e, nelas, enxergar a ação poderosa do Deus que nos garante que tudo o que houve, tudo o que há e tudo o que há de vir dirige-se a um surpreendente final que já está determinado, a uma vitória que já foi conquistada, curiosamente na escuridão e na dor da cruz, e que redunda na esperança da vida.
>>> Século I - A Reconstrução <<<
Um olhar mais atento para a dinâmica da narrativa bíblica – da boa criação à queda e, desta, à redenção plena descrita no derradeiro livro canônico – permite enxergar a insistência de Deus que, movido por seu imenso amor e pela certeza de que toda a criação é essencialmente boa, escolhe preservá-la! Foi assim no dilúvio, quando, diante da possibilidade de destruí-la, ele preferiu restaurá-la, mantendo a espécie humana por intermédio de Noé. Já havia sido assim no Éden, quando, diante da escolha feita pelo homem de romper o vínculo com o criador, surge a promessa feita a Eva de que da sua descendência viria o redentor, o qual destruiria a serpente, símbolo do engano.
A oportunidade de restauração é a sinfonia da esperança. Seus harmônicos movimentos podem inundar o coração de paz quando a dúvida e o medo fazem parecer que, ao final, não será possível a vitória do bem sobre o mal.
Na dramática história de Elias, encontramos um profeta deprimido e sua equivocada leitura do noticiário local, ao imaginar que todos haviam abandonado a verdadeira fé e o Senhor quando, na verdade, sete mil não haviam se dobrado perante Baal! Elizeu, por sua vez, ora por seu jovem ajudante Geazi, pedindo a Deus que abrisse os olhos do rapaz para que pudesse ver o invisível, em dimensões humanamente inimagináveis!
A trilha de Emaús é, então, um chamado à esperança. O Cristo que venceu a morte para nos garantir a vida nos assegura que não estamos sozinhos em nossa batalha pela construção de uma realidade mais cheia de luz e graça, pois o bom, o belo e o verdadeiro fazem parte do reino de Deus e Ele é suficientemente capaz de implementá-lo. Na ressurreição de Jesus, o projeto de restauração da humanidade se concretiza. Na sua volta, veremos a sua plenitude. Assim, não há nada perdido. O Senhor da História venceu. O bem já triunfou. Esta é a verdade final. Esta, a derradeira notícia!
• Cayo César Santos, autor de Século I - O Resgate e Século I - A Reconstrução, é casado com Jane e pai de Lucas, Felipe e Rafael. É presbítero da Igreja Presbiteriana do Planalto e membro da diretoria do Centro Cristão de Estudos, em Brasília, DF. É analista e assessor jurídico no Ministério Público Federal.
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Sem luz, sem câmera, mas com muita imaginação
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