Opinião
- 10 de dezembro de 2024
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O céu está cheio de borboletas
O Advento é um tempo cheio de anseio, autoinspeção, expectativa e esperança
Por Marleen Hengelaar-Rookmaaker
Um brilho quente cobre esta pintura da artista georgiana Anna Mgaloblishvili. A luz suave do amanhecer se espalha pela montanha ao fundo e lança seus raios alaranjados sobre a água, a grama e também sobre o rosto e as mãos do homem. A escuridão se dissipa, uma nova manhã nasce. Ela me lembra das palavras em Isaías 9: “O povo que andava em trevas viu uma grande luz”, através das quais, o profeta predisse a vinda da criança que traria paz infinita. Durante o Advento, focamos nossa atenção na vinda de Cristo: então, agora e no futuro. É um tempo cheio de anseio, autoinspeção, expectativa e esperança.
No centro da pintura, vemos um homem com mãos grandes e sensíveis. Nas pontas de seus dedos uma pequena borboleta amarela pousou. Cheio de atenção, ele olha para esse inesperado presente vindo de cima. A artista diz que, durante a criação da pintura, o seguinte poema, repentinamente, lhe veio em mente:
A borboleta amarela voou sobre meu ombro
Quer dizer que você pensou em mim novamente... provavelmente
Mesmo não tendo certeza do porquê, ela sabia que deveria pintar uma borboleta nas mãos do homem. Isso dá a esse trabalho um sabor poético, como se estivéssemos olhando para um pequeno poema em tinta.
Desde a antiguidade, a borboleta tem sido um símbolo da ressureição. Essa criatura frágil cresce enclausurada, trancada no espaço escuro e apertado de seu casulo. Mas, quando está completamente crescida, ela abre suas asas e voa para longe, libertada e em uma forma totalmente nova, no céu aberto, como um sinal efervescente de uma nova vida. Da mesma forma, Jesus entrou no casulo do mundo no Natal e guiou o caminho na Páscoa em transformação para um corpo glorificado.
Os olhos do homem bebem nesse símbolo de vida nova que veio pousar nas pontas de seus dedos, como se quisesse integrar esse momento especial, permanentemente, dentro de sua memória. Afinal, será uma questão de poucos segundos até que a borboleta desapareça de vista novamente. De vez em quando, recebemos vislumbres da presença de Deus. Às vezes, não sabemos se deveríamos confiar em nossos olhos, assim como o autor do poema. Eu quero aprender, entretanto, a ver e apreciar essas piscadelas de cima, assim como o homem de olhar concentrado na pintura.
Mesmo que o sol lance seus raios através da tela, o céu não é serenamente azul, mas repleto de listras ameaçadoras. A borboleta nas mãos do homem não significa, afinal, que não haverá mais dificuldades e tristezas, assim como o nascimento do menino Jesus ainda não significa libertação do nosso presente quebrantamento. Mas, a borboleta e o bebê na manjedoura agem como sinais que podem ajudar a manter acordada a nossa esperança para o retorno de Cristo. Quando olhamos a pintura de perto, vemos diversas borboletas atravessando o ar. Jesus vem a nós em diferentes formas de símbolos inesperados. Vamos manter nossos olhos abertos: o céu está cheio de borboletas.
Publicado originalmente no site Artway. Publicado com permissão.
Traduzido por Ana Laura Morais
REVISTA ULTIMATO – BÍBLIA: REVELAÇÃO E LITERATURA
Ultimato mostra, entre outras coisas, a riqueza das Escrituras quando lidas como literatura, sem diminuir o seu caráter sagrado — a sua inspiração divina.
E reafirmamos o que publicamos em outra edição recente: A Bíblia Ainda Fala — “As Escrituras contêm a narrativa que dá sentido, esclarece e comunica a soberania e sabedoria de Deus. A lealdade ao que está exposto no Livro deve ser a marca dos cristãos”.
É disso que trata a matéria de capa da edição 410 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» A Bíblia Toda o Ano Todo, Johs Stott
» Práticas Devocionais – Exercícios de sobrevivência e plenitude espiritual, Elben Magalhães Lenz César
» Advento: um tempo para renovar a esperança, por Luiz Fernando dos Santos
» Encerrando o ano litúrgico – Jesus vem!, por Ariane Gomes
Por Marleen Hengelaar-Rookmaaker
Um brilho quente cobre esta pintura da artista georgiana Anna Mgaloblishvili. A luz suave do amanhecer se espalha pela montanha ao fundo e lança seus raios alaranjados sobre a água, a grama e também sobre o rosto e as mãos do homem. A escuridão se dissipa, uma nova manhã nasce. Ela me lembra das palavras em Isaías 9: “O povo que andava em trevas viu uma grande luz”, através das quais, o profeta predisse a vinda da criança que traria paz infinita. Durante o Advento, focamos nossa atenção na vinda de Cristo: então, agora e no futuro. É um tempo cheio de anseio, autoinspeção, expectativa e esperança.
No centro da pintura, vemos um homem com mãos grandes e sensíveis. Nas pontas de seus dedos uma pequena borboleta amarela pousou. Cheio de atenção, ele olha para esse inesperado presente vindo de cima. A artista diz que, durante a criação da pintura, o seguinte poema, repentinamente, lhe veio em mente:
A borboleta amarela voou sobre meu ombro
Quer dizer que você pensou em mim novamente... provavelmente
Mesmo não tendo certeza do porquê, ela sabia que deveria pintar uma borboleta nas mãos do homem. Isso dá a esse trabalho um sabor poético, como se estivéssemos olhando para um pequeno poema em tinta.
Desde a antiguidade, a borboleta tem sido um símbolo da ressureição. Essa criatura frágil cresce enclausurada, trancada no espaço escuro e apertado de seu casulo. Mas, quando está completamente crescida, ela abre suas asas e voa para longe, libertada e em uma forma totalmente nova, no céu aberto, como um sinal efervescente de uma nova vida. Da mesma forma, Jesus entrou no casulo do mundo no Natal e guiou o caminho na Páscoa em transformação para um corpo glorificado.
Os olhos do homem bebem nesse símbolo de vida nova que veio pousar nas pontas de seus dedos, como se quisesse integrar esse momento especial, permanentemente, dentro de sua memória. Afinal, será uma questão de poucos segundos até que a borboleta desapareça de vista novamente. De vez em quando, recebemos vislumbres da presença de Deus. Às vezes, não sabemos se deveríamos confiar em nossos olhos, assim como o autor do poema. Eu quero aprender, entretanto, a ver e apreciar essas piscadelas de cima, assim como o homem de olhar concentrado na pintura.
Mesmo que o sol lance seus raios através da tela, o céu não é serenamente azul, mas repleto de listras ameaçadoras. A borboleta nas mãos do homem não significa, afinal, que não haverá mais dificuldades e tristezas, assim como o nascimento do menino Jesus ainda não significa libertação do nosso presente quebrantamento. Mas, a borboleta e o bebê na manjedoura agem como sinais que podem ajudar a manter acordada a nossa esperança para o retorno de Cristo. Quando olhamos a pintura de perto, vemos diversas borboletas atravessando o ar. Jesus vem a nós em diferentes formas de símbolos inesperados. Vamos manter nossos olhos abertos: o céu está cheio de borboletas.
- Marleen Hengelaar-Rookmaaker tem doutorado com laude em musicologia pela Universidade de Amsterdã, nos Países Baixos. Por muitos anos trabalhou como editora, tradutora e escritora. Editou o título The Complete Works de seu pai, o historiador de artes Hans Rookmaaker, e produziu a revista LEV para a L"Abri holandesa. Escreveu vastamente sobre música popular, liturgia e artes visuais. É casada e tem três filhos crescidos.
- Anna Mgaloblishvili é pintora e historiadora da arte georgiana. Ela estudou pintura na faculdade de artes I. Nikoladze e na Academia Estadual de Arte de Tibilisi, onde fez parte de um grupo de estudantes que estabeleceu um estúdio experimental de murais e ícones de igreja. Foi uma das primeiras tentativas de trazer a arte eclesiástica para dentro na universidade desde a queda do domínio soviético na Georgia. Anna participou regularmente em exibições na Georgia e fora do país, e fez a curadoria de diversos projetos de artes. Ela deu aula de pintura na faculdade de artes I. Nikoladze, além de trabalhar como ilustradora em variadas revistas e como pesquisadora científica no Instituto de História da Arte da Georgia G. Chubinashvili. Em 2014, Anna recebeu o seu doutorado em história da arte. Sua tese foi sobre o desenvolvimento de pinturas de igrejas na Georgia no começo do século 20 (1900-1921). Sua pesquisa fez uma análise comparativa entre pinturas de igrejas georgianas e as tradições de outros países ortodoxos (Grécia, Rússia). Atualmente, Anna é professora de história da arte e teoria da arte na Academia Estadual de Arte de Tibilisi e, desde 2008, tem sido uma das supervisoras do projeto de pesquisa sobre a arte religiosa no mundo moderno.
Publicado originalmente no site Artway. Publicado com permissão.
Traduzido por Ana Laura Morais
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É disso que trata a matéria de capa da edição 410 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
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