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Opinião

O canibalismo sugerido por Jesus

Por Israel Belo de Azevedo

A profissão de Mordecai

Antes de comentar o “canibalismo” sugerido em João 6 (conforme anunciado no artigo anterior), devo considerar o título dado a Mordecai no livro de Ester, onde é referido como alguém que ficava sentado junto à porta do rei.

Seria ele um porteiro? Seria ele alguém que pedia esmolas na entrada do palácio real?
Como pregador e professor de Bíblia, lidei com essas duas passagens.

Começo pela biografia de Mordecai, o tio adotivo de Ester. Todas as versões, inclusive a belíssima “A mensagem”, de Eugene Peterson, dão a mesma informação. No entanto, estar à porta do rei é uma expressão idiomática para dizer que tinha um cargo no serviço público.

Traduzi Ester 2.21 assim na Bíblia Prazer da Palavra em preparo:
“Algum tempo depois, Mordecai, que trabalhava no palácio, foi testemunha de uma conspiração”.

O canibalismo não salva

Quanto a João, fiz, devidamente autorizado, uma edição do Evangelho usando a versão “Melhores Manuscritos” da Imprensa Bíblica Brasileira. Precisei preparar 200 notas de rodapé para que ficasse mais claro para os primeiros leitores.

Eu não desejava que esses leitores pensassem, como os romanos do primeiro século cristão, que Jesus propunha o canibalismo como meio para a salvação. Há uma melhor solução que notas explicativas: é uma versão que fale como as pessoas falam, sem que precisem ser explicadas. Nem todos chamarão Filipe para lhes explicar o que não entendem.

Assim, na Bíblia Prazer da Palavra, João 6.53-58 está:

“Não há outro jeito: se vocês não entenderem o que farei por vocês, ao morrer na cruz, não terão vida. Quem aceitar o sacrifício que farei na cruz terá a vida eterna, porque será ressuscitado por mim no Final dos Tempos. Eu sou a única possibilidade para a salvação. Quem aceita o meu sacrifício se une espiritualmente a mim e eu me uno a ele. O meu Pai vive eternamente. Foi Ele que me enviou. Eu vivo por causa dele. Quem tem comunhão comigo viverá para sempre.
Eu sou o pão que desceu do céu. Eu sou um pão muito diferente daquele que seus antepassados comeram e morreram, porque quem se alimenta do pão vivo, que eu sou, vive para sempre”.
(João 6.53-56 — Bíblia Prazer da Palavra)

A simplicidade da comunicação divina

Para quem estuda a Bíblia e conta com dicionários e comentários, as versões literais (palavra por palavra) são ótimas. Para quem lê a Bíblia (que é a maioria dos que a amam), uma versão dinâmica (ideia por ideia) ou uma paráfrase é a ideal.

Todos temos certeza que o Deus Eterno inspirou as Sagradas Escrituras para se revelar, não para se esconder. As paráfrases tornam simples a comunicação divina. Para se revelar, Ele escolheu basicamente o hebraico, que tem 8.000 palavras, e o grego coiné, que tem 5.000, enquanto a língua portuguesa tem 400.000.

Toda versão da Bíblia tem que ser simples; se não é, ela trai o propósito do Deus Eterno para a sua Palavra.
  • Israel Belo de Azevedo é doutor em filosofia, mestre em teologia, pós-graduado em história e graduado em comunicação. Publicou mais de 100 livros sobre Bíblia, teologia, história e comunicação. Pastor da Igreja Batista Itacuruçá, na cidade do Rio de Janeiro, está empenhado em oferecer ao público brasileiro a versão Bíblia Prazer da Palavra, pensada e preparada em português. Para conhecer mais, acesse: https://bibliaprazerdapalavra.com.br/.

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