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Número de igrejas entre povos não alcançados cresce, mas ainda é preciso vencer descompasso entre crescimento populacional e novos convertidos
Por Raquel Villela Alves
Número de igrejas domésticas em povos e lugares não alcançados saltou de 1.219 em 1995 para 6.870.000 no início de 2022, mas no mesmo período a população mundial cresceu muito mais...
O número de igrejas domésticas em povos e lugares não alcançados saltou de 1.219 em 1995 para 6.870.000 no início de 2022 e continua em crescimento exponencial. Isso significa que os novos seguidores de Jesus passaram de cerca de 17 mil para 96 milhões em 27 anos, considerando uma média de 14 membros para cada igreja doméstica. Esse é um dos resultados positivos monitorados pela Rede Ethnê, uma rede global de líderes de missões com a visão de ver “povos unidos para glorificar a Deus entre todos os povos”.
Ao analisar esses números, Kent Parks, da equipe de facilitadores da Rede Ethnê, destacou que “temos uma boa e uma má notícia. A boa é que o número de novos seguidores de Jesus aumentou muito. A má notícia é que estamos perdendo terreno, pois, no mesmo período, a população mundial cresceu muito mais”. Em termos numéricos, as pessoas sem acesso ao evangelho eram 1,1 bilhão em 1985 e chegaram a 2,3 bilhões em 2020, indo de 24% para 30% da população mundial.
Ainda na dimensão da “boa notícia”, tem-se que, em 1980, 60% da humanidade vivia em grupos étnicos sem nenhum movimento em direção a Jesus. Embora a população mundial tenha quase dobrado, apenas 25% da humanidade agora vive entre os Povos de Fronteira, um subconjunto dos PNA (Povos Não Alcançados) totalmente dependente de obreiros, onde não se conhece nenhum seguidor e nenhum movimento para Jesus. Foi uma mudança significativa em 40 anos, de 60% para 25%. Em 1980, a proporção entre povos de fronteira e crentes era de 10:1 e agora é de 2:1.
Vencer o descompasso
Para Parks, a solução para enfrentar o descompasso entre crescimento populacional e novos convertidos passa pela multiplicação, na linha do que é destacado em passagens bíblicas, como da semente em solo fértil, que se multiplica 30, 60 ou 100 vezes mais. É por esse processo que o número de novos crentes tem aumentado nas últimas décadas em centenas de lugares hostis do mundo, onde é difícil levar o Evangelho.
A multiplicação é possível porque a forma de fazer discípulos e de se manter essas igrejas são simples e fáceis de se reproduzir. Segue o modelo dos primeiros apóstolos e consiste na formação de discípulos, que farão novos discípulos e depois se agruparão em igrejas. É sempre na dependência do Espírito Santo, o que propicia também a ocorrência de curas e outros milagres. “São pessoas ordinárias fazendo coisas extraordinárias porque agem debaixo do poder do Espírito Santo”.
Esse movimento é internacionalmente conhecido como CPM, a sigla em inglês para movimento de plantação de igrejas (Church Planting Movement). Como qualquer outro trabalho missionário, o CPM possui planejamento, treinamento, estudos e acompanhamento. Há uma variedade de modelos ou estratégias para iniciar e manter esses movimentos, conforme observa Parks, e são adotados “de acordo com a realidade de cada grupo e local”. Há movimentos que mesclam as várias abordagens e outros avançam de forma autônoma, fora dos modelos propostos para treinamento.
Celebração
Os resultados consistentes desses movimentos nas últimas décadas foram celebrados na Conferência “Multiplicando Discípulos, Multiplicando Igrejas”, de 14 a 17 de novembro na cidade de Bogor, na Indonésia. Participaram um total de 354 líderes de vários países, incluindo o Brasil, que foi representado pela AMTB - Associação de Missões Transculturais Brasileiras.
Em dezembro a Rede Ethnê informou que essa foi a última edição da sua série de reuniões globais, que não eram apenas conferências, mas reuniões de trabalho focadas em PNA. O comunicado diz que “essa decisão foi tomada após cuidadosa consideração e reflexão sobre os objetivos e a visão que Deus nos deu quando a Ethnê foi lançada em 2001. Acreditamos que, ao longo dos anos, por Sua graça, a Ethnê tem cumprido os propósitos que Deus planejou para este estágio da missão global”. Ethnê estava conectada com o Movimento de Lausanne e com a Comissão de Missões da Aliança Evangélica Mundial e considera que atualmente o compromisso com PNA está forte em muitas organizações e redes internacionais.
Dos grupos estratégicos conectados ao movimento de plantação de igrejas, apenas o de oração vai permanecer ativo. Dedicar um tempo significativo para orar sempre foi considerado um fator chave nesses movimentos, incluindo equipe de oração e pessoal na linha de frente. Os discípulos logo percebem a necessidade de orar e multiplicar a oração por si mesmos e pelo movimento do qual fazem parte. Oram para receber direcionamento, avançar ou ajustar abordagens, confiando realmente no Espírito Santo.
Outras informações sobre esses movimentos e relatos de casos reais podem ser encontrados no site 2414now.net, selecionando a opção “Blog” e depois o idioma “português”. Os dados numéricos podem ser encontrados na aba “Recursos”. Uma visão mais sistematizada e completa foi reunida no livro “24:14 - Um Testemunho Para Todos os Povos”, lançado pela AMTB, por meio da Editora Pão Diário. Informações adicionais podem ser solicitadas em intercessao@amtb.org.br.
- Raquel Villela Alves, membro colaboradora da Missão ALEM, coordenadora de tradução na área de comunicação de COMIBAM, coordenadora da Aliança Pró-Tradução da Bíblia e da intercessão missionária na AMTB e representante no Brasil da Rede de Oração Ethne (formada por organizações comprometidas com povos não alcançados).
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Saiba mais:
» O Evangelho: Uma mensagem que transforma a vida, John Stott e Tim Chester
» Evangelização ou Colonização? – O risco de fazer missão sem se importar com o outro, Analzira Nascimento
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