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- 27 de maio de 2021
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“Nós nunca vimos nada assim”, diz pastor evangélico de Ceuta (Espanha) sobre a recente crise migratória na cidade
Por Daniel Hofkamp
Os habitantes de Ceuta (Espanha) estão tentando recuperar um certo grau de normalidade, depois dos dias muito complicados que se seguiram à chegada massiva de imigrantes pela praia do Tarajal, na semana passada.
Milhares de marroquinos já regressaram ao seu país, embora muitos ainda permaneçam na cidade. A principal preocupação agora são cerca de 1 mil menores, que ainda aguardam serem reclamados por suas famílias ou enviados para outras regiões da Espanha, que se comprometeram a acolher cerca de 200 deles.
“Não podíamos acreditar no que estávamos vendo”, disse Javier Santolaria ao portal espanhol Protestante Digital, recordando o que tinha acontecido poucos dias antes.
“Havia milhares de pessoas vagando pelas ruas. A maioria deles se comportou pacificamente, mas houve algumas brigas. Isso modificou completamente a vida da cidade”, acrescenta.
Santolaria, natural de Ceuta, é pastor há 20 anos na igreja evangélica “Casa de Adoração” (Casa de Alabanza), que fica localizada em um bairro da cidade onde a maioria dos moradores é muçulmana.
Cerca de 100 pessoas se reúnem na igreja regularmente, embora a frequência tenha sido afetada pela pandemia de Covid-19. “Nos afetou como a todos, mas continuamos com a missão de ser igreja, cumprindo nossa vocação durante todo esse tempo”, explica Santolaria.
Menores
O pastor diz que eles estão habituados a lidar com as migrações em Ceuta, mas “nunca vimos nada assim. Ainda há pais que não levaram os filhos à escola e as lojas permaneceram fechadas por mais tempo, temendo que pudesse surgir alguma situação difícil”.
Segundo Santolaria, “muitos sabem que se forem localizados e colocados em algum centro, serão deportados para o seu país. É por isso que a maioria deles quer ficar vagando pela cidade, se escondendo, porque tem medo de ser mandado de volta”.
“Às vezes você ainda vê muitas crianças, principalmente pessoas jovens, andando nas ruas. Ainda existe um certo mal-estar, porque não está claro o que vai acontecer com todas essas pessoas que ainda estão por aqui”, diz o pastor.
A administração local forneceu um número de telefone para famílias marroquinas que desejam localizar seus filhos e iniciar o processo de reunificação.
Os evangélicos estão tão surpresos quanto seus vizinhos, mas insistem em “não perder o lado humanitário”. Eles sabem que por trás desse influxo massivo de pessoas há um aspecto político, que não pode ser ignorado, já que alguns menores explicaram que foram enganados.
“Há relatos de que foram colocados em ônibus com a promessa de que iriam fazer uma excursão a Ceuta. Por isso, não queremos perder o lado humanitário e queremos estender a mão e ajudar”, frisa Santolaria.
A missão
A associação “Fundação e Desenvolvimento”, braço social da igreja, está arrecadando itens essenciais como vestuário, calçados e artigos de higiene, “para os distribuir e ajudar o máximo possível aqueles que estão por aqui, não sabemos por quanto tempo ainda”.
Ajudar nessas circunstâncias é um desafio, pois há vizinhos que temem um “efeito chamada”, que poderia levar a novas chegadas. “Isso não nos impede, mas às vezes há medo e mal-estar entre nós também, e não é fácil reagir a uma situação como essa”, destaca Santolaria.
A igreja de Ceuta tem recebido o apoio de algumas organizações e outras igrejas da Espanha para realizar esse trabalho, e ainda estão abertos para receber ajuda.
Uma situação tensa
Esses recentes acontecimentos suscitaram grande preocupação à população de Ceuta. A igreja continua a pedir aos cristãos que orem “para que possamos viver em paz e também para que possamos ajudar”.
Santolaria reconhece que existe uma “tensão política” em torno desta situação, que afetou muitos cidadãos. “Há muita irritação, por isso pedimos oração para que toda a inquietação diminua e possamos ser luz em meio a essas circunstâncias”.
• Daniel Hofkamp Zinna, jornalista, especialista em informação geral, religiosa e cultural em mídias digitais. Faz parte da equipe editorial de Protestante Digital desde 2008 e é seu Diretor desde 2018.
Publicado originalmente no site Evangelical Focus, no dia 25/05/2021. Reproduzido com permissão.
Traduzido por Reinaldo Percinoto Jr.
Os habitantes de Ceuta (Espanha) estão tentando recuperar um certo grau de normalidade, depois dos dias muito complicados que se seguiram à chegada massiva de imigrantes pela praia do Tarajal, na semana passada.
Milhares de marroquinos já regressaram ao seu país, embora muitos ainda permaneçam na cidade. A principal preocupação agora são cerca de 1 mil menores, que ainda aguardam serem reclamados por suas famílias ou enviados para outras regiões da Espanha, que se comprometeram a acolher cerca de 200 deles.
“Não podíamos acreditar no que estávamos vendo”, disse Javier Santolaria ao portal espanhol Protestante Digital, recordando o que tinha acontecido poucos dias antes.
“Havia milhares de pessoas vagando pelas ruas. A maioria deles se comportou pacificamente, mas houve algumas brigas. Isso modificou completamente a vida da cidade”, acrescenta.
Santolaria, natural de Ceuta, é pastor há 20 anos na igreja evangélica “Casa de Adoração” (Casa de Alabanza), que fica localizada em um bairro da cidade onde a maioria dos moradores é muçulmana.
Cerca de 100 pessoas se reúnem na igreja regularmente, embora a frequência tenha sido afetada pela pandemia de Covid-19. “Nos afetou como a todos, mas continuamos com a missão de ser igreja, cumprindo nossa vocação durante todo esse tempo”, explica Santolaria.
Menores
O pastor diz que eles estão habituados a lidar com as migrações em Ceuta, mas “nunca vimos nada assim. Ainda há pais que não levaram os filhos à escola e as lojas permaneceram fechadas por mais tempo, temendo que pudesse surgir alguma situação difícil”.
Segundo Santolaria, “muitos sabem que se forem localizados e colocados em algum centro, serão deportados para o seu país. É por isso que a maioria deles quer ficar vagando pela cidade, se escondendo, porque tem medo de ser mandado de volta”.
“Às vezes você ainda vê muitas crianças, principalmente pessoas jovens, andando nas ruas. Ainda existe um certo mal-estar, porque não está claro o que vai acontecer com todas essas pessoas que ainda estão por aqui”, diz o pastor.
A administração local forneceu um número de telefone para famílias marroquinas que desejam localizar seus filhos e iniciar o processo de reunificação.
Os evangélicos estão tão surpresos quanto seus vizinhos, mas insistem em “não perder o lado humanitário”. Eles sabem que por trás desse influxo massivo de pessoas há um aspecto político, que não pode ser ignorado, já que alguns menores explicaram que foram enganados.
“Há relatos de que foram colocados em ônibus com a promessa de que iriam fazer uma excursão a Ceuta. Por isso, não queremos perder o lado humanitário e queremos estender a mão e ajudar”, frisa Santolaria.
A missão
A associação “Fundação e Desenvolvimento”, braço social da igreja, está arrecadando itens essenciais como vestuário, calçados e artigos de higiene, “para os distribuir e ajudar o máximo possível aqueles que estão por aqui, não sabemos por quanto tempo ainda”.
Ajudar nessas circunstâncias é um desafio, pois há vizinhos que temem um “efeito chamada”, que poderia levar a novas chegadas. “Isso não nos impede, mas às vezes há medo e mal-estar entre nós também, e não é fácil reagir a uma situação como essa”, destaca Santolaria.
A igreja de Ceuta tem recebido o apoio de algumas organizações e outras igrejas da Espanha para realizar esse trabalho, e ainda estão abertos para receber ajuda.
Uma situação tensa
Esses recentes acontecimentos suscitaram grande preocupação à população de Ceuta. A igreja continua a pedir aos cristãos que orem “para que possamos viver em paz e também para que possamos ajudar”.
Santolaria reconhece que existe uma “tensão política” em torno desta situação, que afetou muitos cidadãos. “Há muita irritação, por isso pedimos oração para que toda a inquietação diminua e possamos ser luz em meio a essas circunstâncias”.
• Daniel Hofkamp Zinna, jornalista, especialista em informação geral, religiosa e cultural em mídias digitais. Faz parte da equipe editorial de Protestante Digital desde 2008 e é seu Diretor desde 2018.
Publicado originalmente no site Evangelical Focus, no dia 25/05/2021. Reproduzido com permissão.
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