Opinião
- 22 de dezembro de 2021
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Neste Natal, fique comigo
Porque apesar da noite escura, ainda em meio às trevas e ao desespero, Deus veio até nós, ele está conosco
Por Ricardo Wesley Borges
O filme A Estrada, baseado no livro homônimo de Cormac McCarthy, não é fácil de assistir. Pessoalmente, aprecio esse gênero pós-apocalíptico, tanto do filme como do excelente livro, mas admito que ainda não consegui convencer minha esposa e filhas a que o assistam junto comigo. Talvez culpa de meus indevidos spoilers, devo confessar. Quanto ao livro, sua beleza poética e sua simplicidade me levam a encorajar sua leitura. Sem revelar algo mais sobre a trama, posso dizer que justamente ao abordar o desespero, a escuridão e a desesperança, o livro e o filme são uma poderosa mensagem de esperança.
Com a história do Natal, acontece algo parecido. Cristo vem até nós precisamente porque estávamos antes desenganados nesse mundo, sem esperança, perdidos na escuridão. Talvez por isso faça tanto sentido uma expressão que se repete nas aparições dos anjos na época do nascimento de Jesus. Nas ocasiões em que anjos apareceram trazendo uma mensagem para José, outra para Maria e também para os pastores, em cada uma dessas aparições eles disseram: “não tenham medo!”. Também foram essas palavras que Zacarias, o pai do primo de Jesus, escutou à mesma época, “não tenha medo”. O medo é natural, algo muito humano, mas justamente exacerbado quando estamos mais vulneráveis, sem conseguir ver uma porta de saída, escape ou refúgio diante de grandes ameaças.
No Natal, somos lembrados que quando os desafios abrumadores nos abalam, nos levam a temer pela vida e pelo futuro, o Senhor anuncia que ele está presente, que ele veio até nós, o Deus Emmanuel, Deus junto com a gente, que ele não nos deixa sós. Em nossa igreja, costumamos começar a celebrar o Natal desde o início de dezembro, primeiro com as crianças, depois com amigos e familiares, assim vamos nos preparando nas semanas prévias à data, anunciando, recordando, compartilhando essa mensagem profunda da luz que veio em meio à escuridão para nos recuperar a esperança. Nesse ano, nosso amigo dirigente do louvor (obrigado, Tiago da Costa) nos levou a refletir sobre a letra de uma canção clássica, de clara inspiração bíblica, “Stand by Me” (“Permaneça comigo”), de Ben E. King. Um trecho dela diz o seguinte:
Quando a noite tiver chegado
E a terra estiver escura
E a lua for a única luz que veremos
Não, eu não terei medo. Oh, eu não terei medo
Desde que você fique. Fique comigo
Os anjos entregaram essa mensagem que Deus sabia que precisávamos ouvir, “não tenham medo”. E o medo finda porque, apesar da noite escura, ainda em meio às trevas e ao desespero, ele veio até nós, ele está com a gente. Alguns escolhidos para ouvir essa mensagem especial de esperança foram pastores no campo. Pessoas comuns, os simples e pequeninos, como em outros momentos, são os que recebem o anúncio de uma boa notícia, que ao final alcançará a todas as pessoas, em todos os lugares, o evangelho da paz e da salvação, da vida plena, por causa daquele que veio, para ficar com a gente, e assim não precisamos ter medo.
As histórias de gênero pós-apocalíptico, como A Estrada, podem produzir em nós o efeito de lembrarmos que ainda há esperança, apesar de tanta maldade no mundo. Com o Natal é assim. Não é uma época para brincar de Poliana e imaginar que o mal não existe. Sim, ele é real, e seus efeitos são cruéis no mundo, por onde quer que olhemos, nas vidas de muitas pessoas e em nossas próprias jornadas pessoais. Karen Swallow Prior, refletindo sobre o livro de McCarthy, nos recorda que a esperança verdadeira reconhece as lutas, as dificuldades, e por isso ela é uma esperança inerentemente cuidadosa e humilde. Apesar de tudo, de toda a maldade, mesmo quando a noite chegar e a terra estiver escura, para além da luz do luar, veremos a luz de Cristo. Ele nasceu, ele chegou, ele está ao nosso lado, por isso vale perseverar, porque nele a bondade vence todo o mal, a escuridão se dissipa, a vida invade a morte, vida para mim e para todos, como bem ouviram os pastores. Ele veio, ele permanece a nosso lado, feliz Natal!
• Ricardo Wesley M. Borges, casado com Ruth, pai de Ana Júlia e Carolina, serve como Secretário para o Engajamento com as Escrituras na IFES (Comunidade Internacional de Estudantes Evangélicos) e integra o corpo pastoral da Igreja Metodista Livre da Saúde, em São Paulo.
Leia mais:
>> O Natal segundo João
>> A mensagem cristã é de carne e osso
Por Ricardo Wesley Borges
O filme A Estrada, baseado no livro homônimo de Cormac McCarthy, não é fácil de assistir. Pessoalmente, aprecio esse gênero pós-apocalíptico, tanto do filme como do excelente livro, mas admito que ainda não consegui convencer minha esposa e filhas a que o assistam junto comigo. Talvez culpa de meus indevidos spoilers, devo confessar. Quanto ao livro, sua beleza poética e sua simplicidade me levam a encorajar sua leitura. Sem revelar algo mais sobre a trama, posso dizer que justamente ao abordar o desespero, a escuridão e a desesperança, o livro e o filme são uma poderosa mensagem de esperança.
Com a história do Natal, acontece algo parecido. Cristo vem até nós precisamente porque estávamos antes desenganados nesse mundo, sem esperança, perdidos na escuridão. Talvez por isso faça tanto sentido uma expressão que se repete nas aparições dos anjos na época do nascimento de Jesus. Nas ocasiões em que anjos apareceram trazendo uma mensagem para José, outra para Maria e também para os pastores, em cada uma dessas aparições eles disseram: “não tenham medo!”. Também foram essas palavras que Zacarias, o pai do primo de Jesus, escutou à mesma época, “não tenha medo”. O medo é natural, algo muito humano, mas justamente exacerbado quando estamos mais vulneráveis, sem conseguir ver uma porta de saída, escape ou refúgio diante de grandes ameaças.
No Natal, somos lembrados que quando os desafios abrumadores nos abalam, nos levam a temer pela vida e pelo futuro, o Senhor anuncia que ele está presente, que ele veio até nós, o Deus Emmanuel, Deus junto com a gente, que ele não nos deixa sós. Em nossa igreja, costumamos começar a celebrar o Natal desde o início de dezembro, primeiro com as crianças, depois com amigos e familiares, assim vamos nos preparando nas semanas prévias à data, anunciando, recordando, compartilhando essa mensagem profunda da luz que veio em meio à escuridão para nos recuperar a esperança. Nesse ano, nosso amigo dirigente do louvor (obrigado, Tiago da Costa) nos levou a refletir sobre a letra de uma canção clássica, de clara inspiração bíblica, “Stand by Me” (“Permaneça comigo”), de Ben E. King. Um trecho dela diz o seguinte:
Quando a noite tiver chegado
E a terra estiver escura
E a lua for a única luz que veremos
Não, eu não terei medo. Oh, eu não terei medo
Desde que você fique. Fique comigo
Os anjos entregaram essa mensagem que Deus sabia que precisávamos ouvir, “não tenham medo”. E o medo finda porque, apesar da noite escura, ainda em meio às trevas e ao desespero, ele veio até nós, ele está com a gente. Alguns escolhidos para ouvir essa mensagem especial de esperança foram pastores no campo. Pessoas comuns, os simples e pequeninos, como em outros momentos, são os que recebem o anúncio de uma boa notícia, que ao final alcançará a todas as pessoas, em todos os lugares, o evangelho da paz e da salvação, da vida plena, por causa daquele que veio, para ficar com a gente, e assim não precisamos ter medo.
As histórias de gênero pós-apocalíptico, como A Estrada, podem produzir em nós o efeito de lembrarmos que ainda há esperança, apesar de tanta maldade no mundo. Com o Natal é assim. Não é uma época para brincar de Poliana e imaginar que o mal não existe. Sim, ele é real, e seus efeitos são cruéis no mundo, por onde quer que olhemos, nas vidas de muitas pessoas e em nossas próprias jornadas pessoais. Karen Swallow Prior, refletindo sobre o livro de McCarthy, nos recorda que a esperança verdadeira reconhece as lutas, as dificuldades, e por isso ela é uma esperança inerentemente cuidadosa e humilde. Apesar de tudo, de toda a maldade, mesmo quando a noite chegar e a terra estiver escura, para além da luz do luar, veremos a luz de Cristo. Ele nasceu, ele chegou, ele está ao nosso lado, por isso vale perseverar, porque nele a bondade vence todo o mal, a escuridão se dissipa, a vida invade a morte, vida para mim e para todos, como bem ouviram os pastores. Ele veio, ele permanece a nosso lado, feliz Natal!
• Ricardo Wesley M. Borges, casado com Ruth, pai de Ana Júlia e Carolina, serve como Secretário para o Engajamento com as Escrituras na IFES (Comunidade Internacional de Estudantes Evangélicos) e integra o corpo pastoral da Igreja Metodista Livre da Saúde, em São Paulo.
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