Opinião
- 16 de dezembro de 2016
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Natal de mais e Natal de menos
Por William Lane
Para os cristãos, o Natal é uma celebração genuína do nascimento do Salvador e Senhor Jesus Cristo. É tempo não só de recordar as promessas do Messias como também o seu cumprimento na pessoa de Jesus em Belém de Judá. Na igreja e nos lares cristãos aproveitamos esse tempo para ler as profecias e o evangelho e para cantar os hinos natalinos.
Mas como qualquer prática e costume religioso, o Natal sofre as influências culturais da época. É verdade que o Natal deixou de ser uma festa exclusivamente cristã ou até mesmo estritamente religiosa. O Natal se secularizou pelo espírito materialista e consumista da sociedade moderna. Mas, curiosamente, não é isso que parece perturbar mais muitos cristãos a respeito do Natal. Muitos cristãos hoje se tornaram sensíveis às associações pagãs de símbolos, costumes e objetos e procuram se desvencilhar de qualquer ligação ou "pacto" com o que não é de Deus.
Vejo duas grandes ameaças que ofuscam a celebração do verdadeiro Natal, as quais sintetizo simplesmente como Natal de mais e Natal de menos.
A primeira é uma ênfase exagerada no Natal, especialmente, em seu modo secularizado de celebrá-lo. É certo que o Natal não é a celebração mais importante do calendário cristão. Pelo menos, não é uma festa bíblica – no sentido que não foi instituída ou praticada pela igreja primitiva. A Bíblia não nos ensina a observar uma festa pelo nascimento do Messias. O Natal de fato só começou a ser celebrado a partir do ano 336 d.C., época em que muitos rituais pagãos estavam sendo absorvidos pelo cristianismo. Exatamente por isso, há aqueles que defendem a rejeição completa do uso dos símbolos do Natal como a árvore, o Papai Noel, a guirlanda, as velas e etc.
A segunda ameaça é justamente por isso: desvencilhar o Natal de toda e qualquer associação não bíblica. Se de um lado, esses símbolos não são símbolos genuinamente bíblicos, por outro lado, seria o caso de abolirmos todos eles? Apesar de não serem bíblicos, muitos desses símbolos têm uma tradição por trás que nos inspira. Vejamos alguns desses:
O Dia do Nascimento
Por que foi escolhido o dia 25 para celebração do Natal? Jesus nasceu nesse dia? O dia é apenas simbólico. Nós não sabemos o dia exato do nascimento de Jesus, nem mesmo o ano exato. Por que então esse dia? Era a data que se celebrava o dia do Sol Invictus, o Sol Vencedor. Os cristãos escolheram justamente esse dia para simbolizar o nascimento daquele que é o Verdadeiro Vencedor e Soberano sobre todas as coisas.
Papai Noel
O Papai Noel não é um símbolo cristão do Natal. Hoje, pelo menos, ele é um símbolo dos shoppings ou do comércio em geral que capitaliza com seu imaginário. Existe com frequência um apelo moral à criança. Criança bem comportada recebe presente! Isto se assemelha à obediência a Deus. Ou seja, Papai Noel virou um Deus. Com isso a figura do Papai Noel é substituída pela essência da mensagem natalina que é o nascimento de Jesus, a "chegada" de Cristo ao mundo. Mas se a figura está distante do significado do Natal, está também distante da origem do Papai Noel.
A origem do Papai Noel está ligada à pessoa de São Nicolau de Mira que viveu na Ásia Menor entre 271 e 341 d.C. Ele foi canonizado pela igreja romana e hoje ocupa a função de protetor das crianças e também dos marinheiros.
A tradição diz que Nicolau quando ainda criança perdeu o pai e herdou grande fortuna. Nicolau, quando cresceu, repartia sua fortuna com quem tinha necessidade. Certa vez, a filha de seu vizinho ia casar-se, mas não poderia oferecer uma festa devido a situação econômica da família. No meio da noite Nicolau jogou pela janela do vizinho uma bolsa cheia de moedas de ouro. Ele fez a mesma coisa depois para as demais filhas, mas na terceira filha o pai descobriu que era Nicolau. A notícia se espalhou. Depois disso, Nicolau ficou conhecido por auxiliar crianças carentes e distribuir seu dinheiro aos pobres.
A partir da Idade Média é que se começa a comemorar o dia 6 de dezembro como dia de São Nicolau. Com o decorrer do tempo usava-se esse dia para distribuir presentes para crianças bem comportadas e castigo às malfeitoras.
Hoje essa figura está longe de representar aquele homem que generosamente ajudou os outros. O Papai Noel é a figura do comércio que ganha da exploração do Natal.
Não devemos nos entregar à crença e magia do Papai Noel de hoje, mas podemos aprender de sua origem a ter um espírito generoso. Acima de tudo, não devemos nos esquecer que Natal representa o nascimento de Jesus, que não deu seus bens aos pobres, mas se entregou a si mesmo por todos nós. Cristo, sim, é aquele que dá a vida por todos nós.
Como diz o cântico cristão, “Eu sei o sentido do natal, pois na história tem o seu lugar, ele veio para nos salvar, tudo ele é pra mim.”
Árvore de Natal
Desde o século XVI o pinheiro tem sido usado nas festas de Natal, mas sua origem é bem mais antiga e está associada à atividade de um cristão dos primeiros séculos, conhecido por São Vilfrido. Ele pregava o evangelho aos pagãos da Europa Central que acreditavam que um espírito residia nos velhos carvalhos da floresta. São Vilfrido não conseguia persuadir as pessoas a abandonarem aquela crença; até que um dia ele resolveu derrubar um velho carvalho. Enquanto ele derrubava, um forte raio veio a destruir o carvalho partindo em quatro partes. Um pinheirinho novo que estava ao lado do carvalho ficou, milagrosamente, intacto. São Vilfrido entendeu que isso foi a providência de Deus em preservar sua vida e mostrar que Deus era superior aos espíritos adorados através dos carvalhos.
Diante dessa experiência, São Vilfrido fez do pinheirinho o símbolo do menino Jesus. Pois, o pinheiro, mesmo no mais rigoroso inverno se mantém verde. Isso, entendia ele, simbolizava a imortalidade. O pinheiro, então, está associado à vida sem fim, vida esta que só Jesus pode oferecer àqueles que creem.
O primeiro Natal (o nascimento de Jesus), na verdade, também foi marcado por um sinal. Os magos do oriente viram a estrela brilhando e vieram a Jerusalém procurar saber onde estava o Messias. A estrela não era o Messias e, sim, apontava para o Messias. Não foram os escribas da lei, os religiosos, ou os profetas que anunciaram a chegada de Jesus. Foram magos, isto é, astrólogos pagãos do oriente que entendiam dos sinais das estrelas que anunciaram o nascimento de Jesus.
Natal consiste, de fato, em vermos um sinal e segui-lo em busca do Messias. Mas se as origens de alguns desses símbolos nos impedem de celebrar o Natal de forma genuína, o materialismo e consumismo modernos são igualmente destruidores do sentido do Natal. Ainda que na sociedade de consumo perde-se de vista o verdadeiro significado do Natal, é preciso que, justamente, a igreja de Cristo proclame ousadamente o significado dessa data e muitas vezes o fará através de símbolos e sinais.
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Advento: Ele vem!
Natal: o diálogo reinaugurado
Por onde começar e como celebrar o Natal?
Foto: Gareth Harper / Unsplash.com
Para os cristãos, o Natal é uma celebração genuína do nascimento do Salvador e Senhor Jesus Cristo. É tempo não só de recordar as promessas do Messias como também o seu cumprimento na pessoa de Jesus em Belém de Judá. Na igreja e nos lares cristãos aproveitamos esse tempo para ler as profecias e o evangelho e para cantar os hinos natalinos.
Mas como qualquer prática e costume religioso, o Natal sofre as influências culturais da época. É verdade que o Natal deixou de ser uma festa exclusivamente cristã ou até mesmo estritamente religiosa. O Natal se secularizou pelo espírito materialista e consumista da sociedade moderna. Mas, curiosamente, não é isso que parece perturbar mais muitos cristãos a respeito do Natal. Muitos cristãos hoje se tornaram sensíveis às associações pagãs de símbolos, costumes e objetos e procuram se desvencilhar de qualquer ligação ou "pacto" com o que não é de Deus.
Vejo duas grandes ameaças que ofuscam a celebração do verdadeiro Natal, as quais sintetizo simplesmente como Natal de mais e Natal de menos.
A primeira é uma ênfase exagerada no Natal, especialmente, em seu modo secularizado de celebrá-lo. É certo que o Natal não é a celebração mais importante do calendário cristão. Pelo menos, não é uma festa bíblica – no sentido que não foi instituída ou praticada pela igreja primitiva. A Bíblia não nos ensina a observar uma festa pelo nascimento do Messias. O Natal de fato só começou a ser celebrado a partir do ano 336 d.C., época em que muitos rituais pagãos estavam sendo absorvidos pelo cristianismo. Exatamente por isso, há aqueles que defendem a rejeição completa do uso dos símbolos do Natal como a árvore, o Papai Noel, a guirlanda, as velas e etc.
A segunda ameaça é justamente por isso: desvencilhar o Natal de toda e qualquer associação não bíblica. Se de um lado, esses símbolos não são símbolos genuinamente bíblicos, por outro lado, seria o caso de abolirmos todos eles? Apesar de não serem bíblicos, muitos desses símbolos têm uma tradição por trás que nos inspira. Vejamos alguns desses:
O Dia do Nascimento
Por que foi escolhido o dia 25 para celebração do Natal? Jesus nasceu nesse dia? O dia é apenas simbólico. Nós não sabemos o dia exato do nascimento de Jesus, nem mesmo o ano exato. Por que então esse dia? Era a data que se celebrava o dia do Sol Invictus, o Sol Vencedor. Os cristãos escolheram justamente esse dia para simbolizar o nascimento daquele que é o Verdadeiro Vencedor e Soberano sobre todas as coisas.
Papai Noel
O Papai Noel não é um símbolo cristão do Natal. Hoje, pelo menos, ele é um símbolo dos shoppings ou do comércio em geral que capitaliza com seu imaginário. Existe com frequência um apelo moral à criança. Criança bem comportada recebe presente! Isto se assemelha à obediência a Deus. Ou seja, Papai Noel virou um Deus. Com isso a figura do Papai Noel é substituída pela essência da mensagem natalina que é o nascimento de Jesus, a "chegada" de Cristo ao mundo. Mas se a figura está distante do significado do Natal, está também distante da origem do Papai Noel.
A origem do Papai Noel está ligada à pessoa de São Nicolau de Mira que viveu na Ásia Menor entre 271 e 341 d.C. Ele foi canonizado pela igreja romana e hoje ocupa a função de protetor das crianças e também dos marinheiros.
A tradição diz que Nicolau quando ainda criança perdeu o pai e herdou grande fortuna. Nicolau, quando cresceu, repartia sua fortuna com quem tinha necessidade. Certa vez, a filha de seu vizinho ia casar-se, mas não poderia oferecer uma festa devido a situação econômica da família. No meio da noite Nicolau jogou pela janela do vizinho uma bolsa cheia de moedas de ouro. Ele fez a mesma coisa depois para as demais filhas, mas na terceira filha o pai descobriu que era Nicolau. A notícia se espalhou. Depois disso, Nicolau ficou conhecido por auxiliar crianças carentes e distribuir seu dinheiro aos pobres.
A partir da Idade Média é que se começa a comemorar o dia 6 de dezembro como dia de São Nicolau. Com o decorrer do tempo usava-se esse dia para distribuir presentes para crianças bem comportadas e castigo às malfeitoras.
Hoje essa figura está longe de representar aquele homem que generosamente ajudou os outros. O Papai Noel é a figura do comércio que ganha da exploração do Natal.
Não devemos nos entregar à crença e magia do Papai Noel de hoje, mas podemos aprender de sua origem a ter um espírito generoso. Acima de tudo, não devemos nos esquecer que Natal representa o nascimento de Jesus, que não deu seus bens aos pobres, mas se entregou a si mesmo por todos nós. Cristo, sim, é aquele que dá a vida por todos nós.
Como diz o cântico cristão, “Eu sei o sentido do natal, pois na história tem o seu lugar, ele veio para nos salvar, tudo ele é pra mim.”
Árvore de Natal
Desde o século XVI o pinheiro tem sido usado nas festas de Natal, mas sua origem é bem mais antiga e está associada à atividade de um cristão dos primeiros séculos, conhecido por São Vilfrido. Ele pregava o evangelho aos pagãos da Europa Central que acreditavam que um espírito residia nos velhos carvalhos da floresta. São Vilfrido não conseguia persuadir as pessoas a abandonarem aquela crença; até que um dia ele resolveu derrubar um velho carvalho. Enquanto ele derrubava, um forte raio veio a destruir o carvalho partindo em quatro partes. Um pinheirinho novo que estava ao lado do carvalho ficou, milagrosamente, intacto. São Vilfrido entendeu que isso foi a providência de Deus em preservar sua vida e mostrar que Deus era superior aos espíritos adorados através dos carvalhos.
Diante dessa experiência, São Vilfrido fez do pinheirinho o símbolo do menino Jesus. Pois, o pinheiro, mesmo no mais rigoroso inverno se mantém verde. Isso, entendia ele, simbolizava a imortalidade. O pinheiro, então, está associado à vida sem fim, vida esta que só Jesus pode oferecer àqueles que creem.
O primeiro Natal (o nascimento de Jesus), na verdade, também foi marcado por um sinal. Os magos do oriente viram a estrela brilhando e vieram a Jerusalém procurar saber onde estava o Messias. A estrela não era o Messias e, sim, apontava para o Messias. Não foram os escribas da lei, os religiosos, ou os profetas que anunciaram a chegada de Jesus. Foram magos, isto é, astrólogos pagãos do oriente que entendiam dos sinais das estrelas que anunciaram o nascimento de Jesus.
Natal consiste, de fato, em vermos um sinal e segui-lo em busca do Messias. Mas se as origens de alguns desses símbolos nos impedem de celebrar o Natal de forma genuína, o materialismo e consumismo modernos são igualmente destruidores do sentido do Natal. Ainda que na sociedade de consumo perde-se de vista o verdadeiro significado do Natal, é preciso que, justamente, a igreja de Cristo proclame ousadamente o significado dessa data e muitas vezes o fará através de símbolos e sinais.
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Natal pelo Brasil
Advento: Ele vem!
Natal: o diálogo reinaugurado
Por onde começar e como celebrar o Natal?
Foto: Gareth Harper / Unsplash.com
Pastor presbiteriano e doutor em Antigo Testamento, é professor e capelão no Seminário Presbiteriano do Sul, e tradutor de obras teológicas. É autor do livro O propósito bíblico da missão.
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