Por Escrito
- 02 de agosto de 2017
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Não existe igreja perfeita. E nem pessoas perfeitas
Por Lissânder Dias
O lugar onde estamos não é apenas um lugar onde moramos. É o espaço onde criamos raízes. Ninguém vive no vácuo, indiferente ao que está ao nosso redor. E quanto mais nos envolvemos com o lugar e com as pessoas, mais impregnados somos com o “cheiro” deste lugar.
“Lugar” aqui pode ser uma cidade, um bairro, mas também uma igreja (por que não?).
Igreja tem sua dimensão espiritual que não podemos mensurar, é verdade. É mistério. Mas ela também é o que vemos, concretamente. Sem esta dimensão visível, dificilmente conseguiremos discernir, perseverar e caminhar o longo caminho que o Cristianismo nos desafia a seguir. Isso porque a fé cristã não é abstrata. Ela nos faz adentrar nos dramas reais, nas escolhas factuais e na prática do amor.
Digo isso para contar minha experiência em uma comunidade de fé: a Igreja Presbiteriana de Viçosa, a IPV, fundada por estudantes universitários com a liderança do Pr. Elben César há 51 anos. Agora que estou longe de Viçosa, posso olhar para a história que vivi lá e enxergar a beleza de tudo isso.
Eu que fui criado em uma igreja minúscula, e sentindo a ausência de uma comunidade firme, vejo a IPV como o lugar em que fui acolhido por Deus e pelas pessoas. Um acolhimento que não gerou dependência doentia; ao contrário, que me ajudou a andar com as próprias pernas, mas não sozinho.
Cheguei em Viçosa em 2001 para estudar no Centro Evangélico de Missões (CEM). Vim da longínqua Belém do Pará. O objetivo era viver dois anos em Viçosa, mas acabei ficando 15 anos. Lá Deus me ensinou a amadurecer – pessoal e profissionalmente. Lá casei e tive meu filho Miguel. Fiz amigos mais chegados que irmãos. Eu não conseguiria tomar tantas decisões importantes se não tivesse tido o privilégio de ouvir a voz de Deus junto com outros em uma igreja local.
No início, quando você chega, tudo parece estranho. Há toda uma cultura própria naquele lugar. Aí você tem que decidir: vou em frente ou vou recuar? Se você olhar apenas superficialmente, vai encontrar muitos erros. Se olhar a partir do seu padrão egoísta, não vai querer voltar no próximo domingo. Mas se você decide que: 1) necessita estar lá; 2) que não é sabichão todo-poderoso; 3) que pode aprender a amar a Deus e ao próximo junto com aquela comunidade... então, você fica (Hb 10.25). Com o tempo, se acostuma e se alegra com a maneira como Deus te fez caminhar. Afinal, como disse John Stott, “a igreja está colocada bem no centro do propósito eterno de Deus”.1
A Igreja Presbiteriana Viçosa
A IPV é uma igreja que reúne gente de várias igrejas diferentes, porque nela a doutrina é importante, mas não se tornou algemas separando as pessoas. É uma igreja onde seus líderes são humildes e não centralizam o poder do Espírito; todos podem aprender juntos.
A IPV é uma igreja jovem e aberta para os desafios que Deus coloca nesta geração. Isso não significa que ela tem todas as respostas, mas está disposta a buscar a orientação do Pai.
Um dos maiores privilégios da IPV é ter a herança espiritual do Pr. Elben, falecido em 2016. Uma pessoa, humilde, cristocêntrica e temente a Deus. Tenho certeza que a liderança não quer abandonar este legado.
Minha experiência com essa igreja local só fortalece meu pensamento: não há igrejas perfeitas, assim como não é há pessoas perfeitas. Mas há graça de Deus, há perdão incondicional, há esperança cristã. E tudo isso você só experimenta quando decide abrir-se para relacionamentos reais em uma comunidade de fé. No começo pode parecer estranho, mas depois você se acostuma. E quem sabe até não ajuda a melhorá-la?
Nota:
1. Stott, John, A Igreja Autêntica, p 18.
Leia mais
As marcas de uma igreja acolhedora
Entre dores e amores: comunhão na comunidade
Carisma e Caráter na igreja
O poder do testemunho
A Igreja Autêntica [John Stott]
O lugar onde estamos não é apenas um lugar onde moramos. É o espaço onde criamos raízes. Ninguém vive no vácuo, indiferente ao que está ao nosso redor. E quanto mais nos envolvemos com o lugar e com as pessoas, mais impregnados somos com o “cheiro” deste lugar.
“Lugar” aqui pode ser uma cidade, um bairro, mas também uma igreja (por que não?).
Igreja tem sua dimensão espiritual que não podemos mensurar, é verdade. É mistério. Mas ela também é o que vemos, concretamente. Sem esta dimensão visível, dificilmente conseguiremos discernir, perseverar e caminhar o longo caminho que o Cristianismo nos desafia a seguir. Isso porque a fé cristã não é abstrata. Ela nos faz adentrar nos dramas reais, nas escolhas factuais e na prática do amor.
Digo isso para contar minha experiência em uma comunidade de fé: a Igreja Presbiteriana de Viçosa, a IPV, fundada por estudantes universitários com a liderança do Pr. Elben César há 51 anos. Agora que estou longe de Viçosa, posso olhar para a história que vivi lá e enxergar a beleza de tudo isso.
Eu que fui criado em uma igreja minúscula, e sentindo a ausência de uma comunidade firme, vejo a IPV como o lugar em que fui acolhido por Deus e pelas pessoas. Um acolhimento que não gerou dependência doentia; ao contrário, que me ajudou a andar com as próprias pernas, mas não sozinho.
Cheguei em Viçosa em 2001 para estudar no Centro Evangélico de Missões (CEM). Vim da longínqua Belém do Pará. O objetivo era viver dois anos em Viçosa, mas acabei ficando 15 anos. Lá Deus me ensinou a amadurecer – pessoal e profissionalmente. Lá casei e tive meu filho Miguel. Fiz amigos mais chegados que irmãos. Eu não conseguiria tomar tantas decisões importantes se não tivesse tido o privilégio de ouvir a voz de Deus junto com outros em uma igreja local.
No início, quando você chega, tudo parece estranho. Há toda uma cultura própria naquele lugar. Aí você tem que decidir: vou em frente ou vou recuar? Se você olhar apenas superficialmente, vai encontrar muitos erros. Se olhar a partir do seu padrão egoísta, não vai querer voltar no próximo domingo. Mas se você decide que: 1) necessita estar lá; 2) que não é sabichão todo-poderoso; 3) que pode aprender a amar a Deus e ao próximo junto com aquela comunidade... então, você fica (Hb 10.25). Com o tempo, se acostuma e se alegra com a maneira como Deus te fez caminhar. Afinal, como disse John Stott, “a igreja está colocada bem no centro do propósito eterno de Deus”.1
A Igreja Presbiteriana Viçosa
A IPV é uma igreja que reúne gente de várias igrejas diferentes, porque nela a doutrina é importante, mas não se tornou algemas separando as pessoas. É uma igreja onde seus líderes são humildes e não centralizam o poder do Espírito; todos podem aprender juntos.
A IPV é uma igreja jovem e aberta para os desafios que Deus coloca nesta geração. Isso não significa que ela tem todas as respostas, mas está disposta a buscar a orientação do Pai.
Um dos maiores privilégios da IPV é ter a herança espiritual do Pr. Elben, falecido em 2016. Uma pessoa, humilde, cristocêntrica e temente a Deus. Tenho certeza que a liderança não quer abandonar este legado.
Minha experiência com essa igreja local só fortalece meu pensamento: não há igrejas perfeitas, assim como não é há pessoas perfeitas. Mas há graça de Deus, há perdão incondicional, há esperança cristã. E tudo isso você só experimenta quando decide abrir-se para relacionamentos reais em uma comunidade de fé. No começo pode parecer estranho, mas depois você se acostuma. E quem sabe até não ajuda a melhorá-la?
Nota:
1. Stott, John, A Igreja Autêntica, p 18.
Leia mais
As marcas de uma igreja acolhedora
Entre dores e amores: comunhão na comunidade
Carisma e Caráter na igreja
O poder do testemunho
A Igreja Autêntica [John Stott]
Lissânder Dias do Amaral é jornalista, blogueiro, poeta e editor de livros. Integra o Conselho Nacional da Interserve Brasil e o Conselho da Unimissional. É autor de “O Cotidiano Extraordinário – a vida em pequenas crônicas” e responsável pelo blog Fatos e Correlatos do Portal Ultimato. É um dos fundadores do Movimento Vocare e ajudou a criar as organizações cristãs de cooperação Rede Mãos Dadas e Rede Evangélica Nacional de Ação Social (RENAS).
- Textos publicados: 126 [ver]
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Site: http://www.fatosecorrelatos.com.br
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