Opinião
- 08 de maio de 2009
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Modelos para relacionar ciência e religião*
Denis R. Alexander
Em ciência, modelos rivais frequentemente são foco de intenso debate. O termo “modelo” tem vários sentidos em ciência, mas em geral se refere a uma ideia chave capaz de incorporar satisfatoriamente certo grupo de dados. No começo dos anos 1950, por exemplo, diversos modelos rivais tentaram descrever a estrutura do DNA, a molécula que codifica os genes, mas no final Watson e Crick puseram fim à discussão: o modelo da dupla hélice de fato proveu a melhor forma de descrever a estrutura do DNA.1
Seria possível um modelo único capaz de esclarecer, de um modo semelhante, o relacionamento entre a ciência e a religião? Parece bem improvável. Para começar, ambas são empreendimentos altamente complexos. Além do mais, ambas existem em constante fluxo. Diferentemente da estrutura imutável do DNA, descrita por um modelo único e bem estabelecido descoberto recentemente, não há um relacionamento entre a ciência e a religião aguardando para ser descoberto. Assim, há boas razões para crer que a abordagem mais segura ao investigar ciência e religião seria simplesmente descrever a complexidade dessa relação.2
Mas a vida é curta e modelos têm certa utilidade conceitual para mapear os meios de relacionar diferentes saberes, servindo ao menos como ferramentas introdutórias ao que é agora uma vasta literatura. Ademais, defensores barulhentos continuam a sustentar que um único modelo seria suficiente para cobrir o relacionamento de ciência e religião. Assim este artigo tem dois fins principais: o primeiro é apresentar quatro dos modelos mais importantes, de modo a permitir a visualização das interações entre ciência e fé, e o segundo é criticar a noção de que qualquer um destes modelos isoladamente seja suficiente, embora destacando um modelo em particular que tem se provado o mais frutífero. Tratamentos completos do tema estão disponíveis, apresentando coleções de modelos mais nuançadas.3
Definindo ciência e religião
Falar a respeito das interações entre dois corpos de conhecimento já supõe a sua distinção. Tal suposição teria parecido algo sem sentido para os eruditos medievais, para os quais teologia e filosofia natural existiam fundidas em um corpo abrangente de conhecimento. Hoje, no entanto, ao menos no mundo de fala inglesa, o termo “ciência” é comumente usado para se referir à “moderna ciência experimental”, um empreendimento claramente distinto da teologia, sendo as linhas de demarcação há muito reconhecidas pela estrutura universitária. Para os propósitos deste artigo, podemos definir ciência como “um esforço intelectual para explicar o funcionamento do mundo físico, informado por investigações empíricas e conduzido por uma comunidade treinada em certas técnicas especializadas”.
Em ciência, modelos rivais frequentemente são foco de intenso debate. O termo “modelo” tem vários sentidos em ciência, mas em geral se refere a uma ideia chave capaz de incorporar satisfatoriamente certo grupo de dados. No começo dos anos 1950, por exemplo, diversos modelos rivais tentaram descrever a estrutura do DNA, a molécula que codifica os genes, mas no final Watson e Crick puseram fim à discussão: o modelo da dupla hélice de fato proveu a melhor forma de descrever a estrutura do DNA.1
Seria possível um modelo único capaz de esclarecer, de um modo semelhante, o relacionamento entre a ciência e a religião? Parece bem improvável. Para começar, ambas são empreendimentos altamente complexos. Além do mais, ambas existem em constante fluxo. Diferentemente da estrutura imutável do DNA, descrita por um modelo único e bem estabelecido descoberto recentemente, não há um relacionamento entre a ciência e a religião aguardando para ser descoberto. Assim, há boas razões para crer que a abordagem mais segura ao investigar ciência e religião seria simplesmente descrever a complexidade dessa relação.2
Mas a vida é curta e modelos têm certa utilidade conceitual para mapear os meios de relacionar diferentes saberes, servindo ao menos como ferramentas introdutórias ao que é agora uma vasta literatura. Ademais, defensores barulhentos continuam a sustentar que um único modelo seria suficiente para cobrir o relacionamento de ciência e religião. Assim este artigo tem dois fins principais: o primeiro é apresentar quatro dos modelos mais importantes, de modo a permitir a visualização das interações entre ciência e fé, e o segundo é criticar a noção de que qualquer um destes modelos isoladamente seja suficiente, embora destacando um modelo em particular que tem se provado o mais frutífero. Tratamentos completos do tema estão disponíveis, apresentando coleções de modelos mais nuançadas.3
Definindo ciência e religião
Falar a respeito das interações entre dois corpos de conhecimento já supõe a sua distinção. Tal suposição teria parecido algo sem sentido para os eruditos medievais, para os quais teologia e filosofia natural existiam fundidas em um corpo abrangente de conhecimento. Hoje, no entanto, ao menos no mundo de fala inglesa, o termo “ciência” é comumente usado para se referir à “moderna ciência experimental”, um empreendimento claramente distinto da teologia, sendo as linhas de demarcação há muito reconhecidas pela estrutura universitária. Para os propósitos deste artigo, podemos definir ciência como “um esforço intelectual para explicar o funcionamento do mundo físico, informado por investigações empíricas e conduzido por uma comunidade treinada em certas técnicas especializadas”.
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